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Filme mostra as duas faces de Hebe, vivida por Andr�a Beltr�o

Em 'Hebe - A estrela do Brasil', que estreia nesta quinta (26), o diretor Mauricio Farias procura fazer o retrato de uma mulher que era ao mesmo tempo conservadora e avan�ada, num Brasil em transi��o para a democracia


postado em 26/09/2019 04:00 / atualizado em 25/09/2019 21:16

Andréa Beltrão interpreta a apresentadora no longa, cuja trama inclui sua atuação profissional e seus conflitos familiares (foto: Warner/Divulgação)
Andr�a Beltr�o interpreta a apresentadora no longa, cuja trama inclui sua atua��o profissional e seus conflitos familiares (foto: Warner/Divulga��o)
Que governo novo � esse? E a democracia? Mas a censura n�o acabou?” O questionamento � de Hebe Camargo, numas das primeiras cenas de Hebe – A estrela do Brasil, filme que retrata um momento importante da trajet�ria da apresentadora e que estreia nesta quinta-feira (26) nos cinemas.
 
Qualquer semelhan�a com a realidade atual � mera coincid�ncia, mas n�o deixa de surpreender o diretor do longa, Maur�cio Farias (O coronel e o lobisomem, A grande fam�lia).

“Quando li o roteiro, h� uns dois anos, j� percebi que havia algumas quest�es que eram muito atuais. E,  agora, com o filme pronto, me impressionou mais ainda esse paralelo. Como o Brasil foi ficando mais conservador, polarizado. Hebe era uma mulher transparente, que defendia as minorias e enfrentava dificuldades com isso. Era uma mulher do di�logo, da liberdade de express�o, que falava, mas tamb�m sabia ouvir. Algo que est� faltando muito nos dias de hoje”, afirma.

A roteirista Carolina Kotscho – que foi procurada pelo produtor Lucas Pacheco, amigo da fam�lia da homenageada para levar adiante o projeto – tamb�m comenta como foi curioso e, ao mesmo tempo, “perturbador” notar essas semelhan�as com o Brasil de 2019.
 
"Quando comecei a escrever, a gente vivia um outro momento. Movimentos como o #MeToo (contra o ass�dio), reconhecimento do casamento gay. Em um ano e meio, o contexto mudou completamente. Quando assisti ao primeiro corte, fiquei at� emocionada. Era como se n�o tivesse escrito aquilo. O filme ganhou outro sentido, outra dimens�o”, diz.

O grande trunfo da produ��o � a escolha da protagonista, Andr�a Beltr�o. Como a cr�tica tem observado, apesar de n�o ser parecida fisicamente com Hebe Camargo, ela conseguiu captar o jeito e a energia da artista,  que teria completado 90 anos em 8 de mar�o passado. Carolina conta que, desde que assistiu ao document�rio Jogo de cena (2007), de Eduardo Coutinho, ficou impressionada com a performance de Andr�a. “E com a Hebe ela conseguiu chegar num lugar do drama, com muita densidade. Ela enche a tela. Andr�a se dedicou com afinco; fez muita pesquisa, estudou, e o resultado � esse trabalho lindo que est� emocionando muita gente”, diz.
 

"Quando li o roteiro, h� uns dois anos, j� percebi que havia algumas quest�es que eram muito atuais. E, agora, com o filme pronto, me impressionou mais ainda esse paralelo. Como o Brasil foi ficando mais conservador, polarizado. Hebe era uma mulher transparente, que defendia as minorias e enfrentava dificuldades com isso. Era uma mulher do di�logo, da liberdade de express�o, que falava, mas tamb�m sabia ouvir. Algo que est� faltando muito nos dias de hoje"

Maur�cio Farias, diretor

 
A roteirista n�o se esquece de quando as duas foram pela primeira vez at� a casa da apresentadora, em S�o Paulo, para conhecer o acervo dela. A fam�lia disponibilizou boa parte do figurino e das joias de Hebe para serem usados no filme.
 
“O primeiro vestido que coloquei na Andr�a coube perfeitamente. Os sapatos tamb�m entraram no p� dela como Cinderela. Foi at� emocionante. Era como se 'algu�m' estivesse nos autorizando”, recorda a roteirista.
 
Maur�cio Farias, casado com a atriz desde 1994, tamb�m � s� elogios ao trabalho dela. Ele revela que tinha certo receio de fazer uma cinebiografia de algu�m que est� no imagin�rio de tanta gente h� d�cadas. “Num primeiro momento, o espectador espera encontrar aquele �dolo, mas isso � uma coisa imposs�vel. � um desafio corresponder � expectativa do p�blico. A gente poderia ter uma atriz muito parecida e n�o ser nada bom. � preciso outra coisa – ter alma, verdade, acreditar que o biografado est� ali de alguma maneira.”
 
Produção usou roupas e joias que pertenciam a Hebe e foram cedidas pela família (foto: Warner/Divulgação)
Produ��o usou roupas e joias que pertenciam a Hebe e foram cedidas pela fam�lia (foto: Warner/Divulga��o)
 
O longa-metragem se passa no fim dos anos 1980. Nessa �poca, perto dos 60 anos, Hebe j� acumulava quatro d�cadas de carreira e esbanjava fama, dinheiro e influ�ncia. Na transi��o democr�tica, o Brasil, por sua vez, ainda exibia tra�os ditatoriais, como a censura.
 
A loira aceita correr o risco de perder suas conquistas em troca do direito de ser ela mesma na frente das c�meras. No tudo ou nada, Hebe defende os homossexuais, os aposentados, as mulheres e ataca os pol�ticos e suas regalias. Leva para o seu famoso sof� temas considerados tabus na �poca, como a Aids.

E enfrentou resist�ncia por conta disso. Os dramas pessoais, como sua rela��o conflituosa com o segundo marido, L�lio Ravagnani, interpretado de forma brilhante por Marco Ricca, e com o filho �nico Marcelo (Caio Horowicz) est�o presentes na trama.

"Quando comecei a escrever, a gente vivia um outro momento. Movimentos como o #MeToo (contra o ass�dio), reconhecimento do casamento gay. Em um ano e meio, o contexto mudou completamente. Quando assisti ao primeiro corte, fiquei at� emocionada. Era como se n�o tivesse escrito aquilo. O filme ganhou outro sentido, outra dimens�o"

Carolina Kotscho, roteirista

Carolina Kotscho conta que sua principal base de pesquisa foi o acervo gigantesco de uma f� de Hebe Camargo que colecionou tudo o que podia ao longo dos 70 anos da carreira da apresentadora. “Ela guardou tudo. S�o mais de 30 �lbuns com mais de 3 mil recortes. Um material riqu�ssimo. Era como se a Hebe estivesse falando comigo. Foi um mergulho profundo”, diz.

Hebe – A estrela do Brasil � a quarta cinebiografia da roteirista, que assinou tamb�m as hist�rias de Zez� di Camargo e Luciano (2 filhos de Francisco), Paulo Coelho (N�o pare na pista) e de Elizabeth Bishop e Lota de Macedo Soares (Flores raras).
 
Para Carolina, o grande prazer que tem nesses projetos � entender a ess�ncia da personagem e fazer um bordado da dramaturgia. “As frases que est�o ali s�o todas dela. Mas tem uma constru��o dramat�rgica. Um ou outro momento a gente desloca, d� um bordado. Mas n�o tem nada inventado”, afirma.

O filme ainda conta com Danton Mello (Cl�udio Pessuti, sobrinho e empres�rio da apresentadora), Gabriel Braga Nunes (D�cio Capuano, o primeiro marido), Danilo Grangheia (Walter Clark), Ot�vio Augusto (Chacrinha), Claudia Missura (Nair Bello), Karine Teles (Lolita Rodrigues) e Daniel Boaventura (Silvio Santos).

Projeto se desdobra em s�rie e document�rio

Al�m do filme, o projeto, feito em parceria com a Hebe Forever, plataforma que gerencia a��es relativas � imagem, ao acervo e � carreira da apresentadora, administrada por Cl�udio Pessutti, engloba uma miniss�rie, que estreia em janeiro de 2020 na Globo, e tamb�m um document�rio, que deve ser conclu�do at� o fim do ano.

Carolina Kotscho, respons�vel pelo roteiro dos tr�s produtos, diz que � um privil�gio poder contar essa hist�ria de maneiras diferentes. “O filme traz aquela explos�o, um momento de ruptura na vida pessoal, profissional e tamb�m uma ruptura no pr�prio pa�s. J� a s�rie traz tamb�m essa Hebe dos anos 1980, mas � mais abrangente – vai da adolesc�ncia at� o fim da vida. � um fluxo de consci�ncia, da mem�ria. A biografia de uma pessoa famosa n�o pode ser um power point. Tem uma outra constru��o, uma outra reflex�o”, diz.

A miniss�rie – com 10 epis�dios – conta com praticamente o mesmo elenco do filme, mas traz outros atores, como Valentina Herszage, que interpretar� a protagonista dos 15 aos 25 anos, al�m de Camila Morgado (Rita Lee), Fabiana Gugli (Mar�lia Gabriela) e Heitor Goldflus (J� Soares). A produ��o vai n�o s� trazer Hebe Camargo na Rede Globo – a apresentadora costumava dizer que jamais se imaginaria l�, porque seu estilo n�o combinava com a emissora carioca – como tamb�m microfones e equipamentos exibindo as logos de concorrentes, como o SBT e a Bandeirantes.

“O filme e a miniss�rie s�o distintos. Tem cena de um que n�o est� no outro e vice-versa. E a Carol conseguiu fazer os dois textos de maneira brilhante”, afirma Maur�cio Farias, que, pela primeira vez, vai fazer a dire��o art�stica de uma novela. No segundo semestre de 2020, ele estreia � frente da trama das 21h de L�cia Manzo, ainda sem nome. J� o document�rio sobre Hebe conta com mais de 40 entrevistas, com pessoas como a a f� que colecionou o acervo sobre a apresentadora e at� Roberto Carlos. Devido ao vasto material, � poss�vel que se torne tamb�m uma s�rie documental.







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