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Estado de Minas LITERATURA

Aos 83, Silviano Santiago passa a mem�ria a limpo em quatro livros

Enquanto escritor mineiro se debru�a sobre seu passado, Companhia das Letras edita 35 de seus ensaios cl�ssicos sobre literatura, em volume organizado por �talo Moriconi


postado em 29/09/2019 04:00 / atualizado em 27/09/2019 18:29

O escritor Silviano Santiago
O escritor Silviano Santiago

Parte relevante dos ensaios do romancista, contista, cronista e professor Silviano Santiago, de 83 anos, est� reunida em livro organizado pelo cr�tico Italo Moriconi, que traz textos escritos pelo intelectual mineiro ao longo de 60 anos. V�rios deles foram publicados em revistas e jornais. Outros fizeram parte de livros esgotados. H� tamb�m ensaios recentes encomendados para revistas e cat�logos.

Silviano Santiago diz que o projeto foi uma forma de passar a vida a limpo. “Dei carta branca para que o Italo escolhesse o que ele considera mais interessante ou atual. Ele foi meu aluno na PUC do Rio,  orientei sua tese de doutorado sobre a p�s-modernidade. � um profissional que conhece o meu trabalho e tem experi�ncia profunda em antologias”, ressalta.

35 ensaios de Silviano Santiago � dividido em quatro se��es tem�ticas – “Geopol�ticas da cultura”; “Literatura brasileira & outras: cr�tica e hist�ria”; “Cr�tica do presente”; e “O livro sobre modernismo” –, que evidenciam o perfil multifacetado do mineiro.

 

Na introdu��o do livro, Moriconi explica que a sele��o se pautou pelo crit�rio do que parecia mais significativo para uma antologia. “N�o necessariamente 'o melhor', at� porque tudo que Silviano escreveu sobre literatura brasileira � 'do melhor'. Em tudo que Silviano escreve sobre literatura, h� o gr�o da ideia original, a agudeza da provoca��o pertinente. Dif�cil fazer justi�a ao Silviano cr�tico e estudioso especificamente de literatura brasileira numa antologia cuja meta � apresentar o perfil diversificado de toda uma trajet�ria de pensamento. O recorte ter� que ser dr�stico, quase que um aperitivo, embora substancial como refei��o completa”, afirma.


Silviano Santiago conta que, ao longo de sua diversificada trajet�ria, optou por uma linha mais segura, da� a dedica��o a tantos ensaios. “Nunca escrevi uma tese sobre um grande autor, porque isso demanda 15, 20 anos. Optei pelo ensa�smo at� porque tamb�m tenho uma vasta obra de fic��o. Ao mesmo tempo em que os ensaios t�m seu valor, tamb�m t�m seus problemas.”
 

''A tese � objetiva, direta, enquanto o ensaio � opinativo. E serve pra isso. Voc� ensaia alguma coisa, uma ideia, a repercuss�o dela e at� mesmo uma certa fal�ncia dessa ideia''

Silviano Santiago, escritor e ensa�sta


 
De acordo com ele, o ensaio lhe possibilita trabalhar mais as ideias do que obras. “Se voc� pegar o Machado de Assis, por exemplo, o mais importante, para mim, n�o � a vis�o global dele, mas o que acho de mais relevante na ret�rica da verossimilhan�a, que n�o tem nada a ver com a ret�rica da verdade. Isso, ali�s, est� no texto Ret�rica da verossimilhan�a: Dom Casmurro”, comenta.

Ele cita tamb�m sua an�lise sobre Caetano Veloso. “Em vez das letras, preferi estudar a quest�o do corpo que ele traz para a m�sica popular brasileira, que � diferente da do Chico Buarque, por exemplo. Me interessa a capacidade que o Caetano e o Ney (Matogrosso) t�m de trabalhar os corpos segundo padr�es de comportamento que escapam da tradi��o dos espet�culos”, comenta o autor dos livros Stella Manhattan, Uma literatura nos tr�picos, Mil rosas roubadas e Heran�as e Machado, que lhe rendeu o Pr�mio Jabuti de melhor romance em 2017.

“A tese � objetiva, direta, enquanto o ensaio � opinativo. E serve pra isso. Voc� ensaia alguma coisa, uma ideia, a repercuss�o dela e at� mesmo uma certa fal�ncia dessa ideia”, resume Silviano.

OITICICA

Publicado na edi��o do Estado de Minas de 23 de mar�o de 1980, F� no veneno, o ensaio H�lio Oiticica em Manhattan foi uma homenagem do autor ao amigo. “Esse texto saiu no jornal no dia seguinte � morte dele. Mostra a nossa conviv�ncia em Nova York, mas tamb�m meu interesse na figura de seu av�, Jos� Oiticica, fil�logo de renome mundial que conciliou a gram�tica com a anarquia”, explica.

Para Silviano, seu interesse na obra ensa�stica est� no fato de ser poss�vel enxerg�-la melhor com o passar dos anos, al�m de constatar como determinada quest�o era tratada naquele contexto e como pode ser abordada atualmente.

“Alguns assuntos e temas ainda est�o presentes. Voc� v� o pr�prio texto Repress�o e censura no campo das artes na d�cada de 70. Claro que n�o � a mesma coisa, mas h� alguma semelhan�a com o que estamos vivendo. O ensaio anda t�o devagar quanto a pr�pria hist�ria do Brasil”, acredita.

Silviano compara o ensaio cr�tico ao a�o oxid�vel, sens�vel � a��o corrosiva. “O ensaio � assim. Oxida com o tempo. Trabalha com certos elementos que podem ficar enferrujados, mas, ao mesmo tempo, essa ferrugem � important�ssima. Faz parte de sua ess�ncia.”

O livro 35 ensaios de Silviano Santiago ser� lan�ando na pr�xima quinta-feira (3/10), em S�o Paulo, e na Feira do Livro de Porto Alegre, em novembro. De acordo com Italo Moriconi, “cada etapa na evolu��o do labor ensa�stico de Silviano Santiago � um posicionar-se frente aos grandes debates e dilemas que marcaram as humanidades nas �ltimas d�cadas”.

O menino sem passado

Italo Moriconi diz que ofereceu 'um aperitivo' da obra do mineiro(foto: divulgação )
Italo Moriconi diz que ofereceu 'um aperitivo' da obra do mineiro (foto: divulga��o )
Enquanto v� sua obra ensa�stica “passada a limpo”, Silviano Santiago se debru�a sobre o pr�prio passado no projeto liter�rio que desenvolve h� dois anos, que ter� quatro volumes. Cada um deles foi batizado com o nome de uma cidade onde ele viveu.

O primeiro � Formiga, sua terra natal, onde morou de 1938 a 1948. “A primeira vers�o est� praticamente pronta e tem umas 300 p�ginas. Fui colocando tudo de que fui me lembrando. Quando a gente coloca a nossa hist�ria no papel, descobre que a mem�ria tem muito buraco, mas os buracos tamb�m s�o importantes”, diz.

O segundo volume se chamar� Belo Horizonte; o terceiro, Rio de Janeiro; e o quarto, Paris. O t�tulo da empreitada foi “emprestado” de um poema de Murilo Mendes, O menino sem passado.

“Ainda n�o sei quando ele ser� lan�ado ou finalizado. Pode at� que ser seja p�stumo (risos). S� posso te assegurar: mesmo com 83 anos e com os buracos da mem�ria, ela est� muito boa, de maneira geral, e eu me lembro de muita coisa. Material para fazer esse trabalho eu tenho”, conclui.
 
 
35 ENSAIOS DE SILVIANO SANTIAGO
Sele��o e introdu��o: Italo Moriconi
Companhia das Letras
640 p�ginas
R$ 94,90


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