Maria Helena Andr�s e fot�grafos movimentam a agenda de artes visuais

A partir deste s�bado (5), Belo Horizonte recebe uma s�rie de exposi��es art�sticas que abarcam diferentes express�es criativas. No Teatro da Cidade, a homenagem � para a obra de Maria Helena Andr�s, que, aos 97 anos, n�o para de criar. A C�meraSete – Casa de Fotografia de Minas Gerais apresenta a mostra Vento Sul, com composi��es fotogr�ficas de representantes do Sul do Brasil. Dentro do circuito 10Contempor�neo, Ci�a Castello exp�e na Lemos de S� Galeria e o trabalho de Patricia Gouv�a ocupa a galeria Murilo Castro.

Maria Helena Andr�s – Colagens e serigrafias re�ne parte da produ��o recente da artista, que come�ou sua carreira em 1940, �poca em que frequentou o Instituto de Arte de Alberto da Veiga Guignard, na capital mineira.

 

Ela atua nos caminhos das artes visuais, da educa��o, da literatura e discursa ainda sobre o interc�mbio cultural entre Brasil e �ndia. Com curadoria de Pedro Paulo Cava, a mostra exibe uma s�rie de cinco colagens e 13 serigrafias, frutos da produ��o mais atual, realizada a partir de 2017.

 

A exposi��o ficar� em cartaz at� o pr�ximo dia 26. Com as colagens, a artista remete � pintura de sua fase construtivista, essencialmente na d�cada de 1950, e as serigrafias s�o releituras das colagens, em reprodu��es criadas pelo ateli� Papel Assinado, de Pedro Paulo Mendes, de S�o Paulo. S�o preponderantes a vitalidade da cor e o ritmo das formas.

 

“Agora, cada cor � recortada e colada na folha de papel. N�o existe mais a pintura, mas a cor constru�da sobre o papel”, diz Maria Helena. Sua performance art�stica toma novos contornos, muito devido ao esfor�o f�sico que alguns trabalhos demandam, o que agora se apresenta como uma dificuldade para ela. 

 

“A partir da virada do mil�nio, senti uma necessidade de mudan�a. Trabalho mais concentrada e sem ficar em p�. Cheguei a uma forma art�stica mais adequada �s circunst�ncias da vida naquele momento. Agora,  retorno ao construtivismo sens�vel. � como uma volta �s origens, ainda que a exposi��o n�o seja uma retrospectiva. Para mim, a arte � important�ssima n�o s� como profiss�o, mas como uma extens�o da arte de viver”, diz Maria Helena. Para a abertura, neste s�bado (5), das 11h �s 13h, est� prevista a apresenta��o do document�rio Maria Helena Andr�s, arte e transcend�ncia, dirigido por Evandro Lemos da Cunha. 

A mostra Vento Sul � realizada pelo projeto Foto em Pauta, uma extens�o do Festival de Fotografia de Tiradentes. At� janeiro de 2020, a C�meraSete sedia a mostra, que � resultado de um processo de curadoria feito em percurso por cidades do Sul do Brasil. Entre iniciantes e profissionais, s�o 31 artistas de Porto Alegre, Curitiba e Florian�polis, que, em seu conjunto de imagens, perpassam tr�s eixos centrais. 

O primeiro institui uma rela��o com a pintura; o segundo fala sobre intimidade, com o autorretrato e retratos de familiares e amigos; e o terceiro se volta � natureza e paisagens, rurais e urbanas, quando mais se percebe o regionalismo.

 

“Neste ano, foram convidados para a curadoria do projeto os fot�grafos mineiros Jo�o Castilho e Pedro David. Eles percorreram algumas regi�es e chegaram a um total de 100 portf�lios, com foco na fotografia autoral. A mostra explora discursos da fotografia e processos de cria��o fotogr�fica, como o anal�gico, o digital, o artesanal, al�m de interven��es e v�deos”, diz Uiara Azevedo, gerente de Artes Visuais da Funda��o Cl�vis Salgado, que � parceira na realiza��o do Foto em Pauta. 

Dentro da agenda do 5º Circuito de Arte 10Contempor�neo est� a exposi��o de Ci�a Castello, sua primeira individual. Em Talante, a artista, que h� 20 anos � produtora de elenco, apresenta uma diversifica��o de seu trabalho. H� algum tempo, a fotografia se tornou um outro fazer art�stico. A exposi��o ganha a Lemos de S� Galeria de Arte, at� 26 de outubro.

 

“Com a fotografia, busco algo pr�ximo da pintura. Quando comecei e fotografar, tamb�m tinha a vontade de pintar, mas com a pintura n�o conseguia representar meu olhar. Com a fotografia encontrei a express�o da minha arte, meu olhar para o mundo”, conta Ci�a. O t�tulo da mostra, um sin�nimo para ‘escolha’, � uma refer�ncia a fazer as coisas conforme o pr�prio desejo. “As fotos n�o t�m um foco t�o objetivo, t�o realista. S�o uma tentativa de desvendar uma nova imagem dentro da imagem apresentada”, explica a artista de 48 anos, nascida no Cear�. 

Ci�a j� viveu no Rio de Janeiro, em S�o Paulo e hoje reside em Casa Branca, condom�nio na regi�o de Brumadinho. Muito de sua obra, conta ela, parte da experi�ncia nos lugares por onde passou. Entre frestas, reflexos, dobras, texturas, tons, sombras e contrastes, suas imagens unem Amsterd�, Paris, Lisboa, Havana, Rio de Janeiro e Inhotim. “Minha arte � uma forma de existir em um momento dif�cil de existir”, diz Ci�a.

 

Na lista do circuito est� ainda a exposi��o solo da artista visual Patricia Gouv�a, na Galeria Murilo Castro, que vai at� 16 de novembro. Sobrevida � o resultado de uma pesquisa que ela desenvolve desde 2017, quando participou de uma resid�ncia art�stica na Amaz�nia, chamada Labverde. “Minha obra � focada na interse��o arte, natureza e ci�ncia. Fala sobre a resili�ncia da natureza, como resiste em meio a um processo crescente de destrui��o, os modos que encontra para tentar renascer”, descreve Patricia.

Em sua opini�o, a arte tem o papel de abrir a reflex�o sobre o tempo em que vivemos. “� um despertar para o problema ambiental. Parece algo longe, mas a vida nas cidades est� atrelada � quest�o da preserva��o”, afirma. Patricia exp�e uma s�rie com cria��es em fotografia, v�deo, objetos e textos, resultado de um trabalho in progress.

Al�m do laborat�rio na Amaz�nia, quando a artista carioca esteve na Reserva Adolpho Ducke, do Instituto Nacional de Pesquisas Amaz�nicas (Inpa), e no Parque Nacional de Anavilhanas, a exposi��o agrega novas obras concebidas em viv�ncias em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e em Fort Lauderdale, nos Estados Unidos, em 2018, e em passagens pelo Deserto do Atacama (Chile), pelo Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (Goi�s) e por Brumadinho, ap�s a trag�dia ambiental ocorrida pelo rompimento da barragem da mina C�rrego do Feij�o, neste ano.

Patricia adicionou imagens redescobertas de seu acervo, como as que foram registradas em 2007 em Siem Reap, no Camboja. “At� quando insistiremos num olhar antag�nico em rela��o �s nossas coberturas verdes? At� quando vidas n�o valer�o nada? Essa � uma indaga��o sobre a coisifica��o crescente da natureza”, diz.

No Teatro da Cidade (Rua da Bahia, 1.341, Centro), de segunda a sexta, das 14h �s 19h. At� 26/10. Mais informa��es: (31) 3273-1050. Entrada franca.

Na C�meraSete – Casa de Fotografia de Minas Gerais (Avenida Afonso Pena, 737, Centro). De ter�a a s�bado, das 9h �s 21h, e domingos, das 16h �s 21h. At� 11 de janeiro de 2020. Mais informa��es: (31) 3236-7400. Entrada franca.

Obras de Ci�a Castello. Na Lemos de S� Galeria de Arte (Rua Germano Chati, 171, Mangabeiras). Abertura neste s�bado, das 11h �s 17h. Visita��o de segunda a sexta, das 10h �s 18h; s�bado, das 11h �s 14h. Mais informa��es: (31) 3261-3993. Entrada franca.

Obras de Patricia Gouv�a. Na Galeria Murilo Castro (Rua Benvinda de Carvalho, 60, Santo Ant�nio). De segunda a sexta, das 10h �s 19h; s�bados, das 10h �s 14h. At� 16/11. Mais informa��es: (31) 3287-0110. Entrada franca.