(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Tempos sombrios s�o o tema de pe�a com D�bora Bloch que chega a BH

'Antes que a definitiva noite se espalhe em latino-am�rica' tem textos de seis autores, a quem o diretor Felipe Hirsch pediu que escrevessem sobre o tema


postado em 24/10/2019 04:00 / atualizado em 23/10/2019 18:32

Os atores Guilherme Weber e Débora Bloch em cena do espetáculo, que estreou no Rio de Janeiro e começa por BH sua circulação pelo país (foto: Flávia Canavarro/Divulgação)
Os atores Guilherme Weber e D�bora Bloch em cena do espet�culo, que estreou no Rio de Janeiro e come�a por BH sua circula��o pelo pa�s (foto: Fl�via Canavarro/Divulga��o)
“O importante n�o � realizar, � fazer pulsar”, afirma o diretor Felipe Hirsch. Sem tal pulsa��o, nada feito. Em meio aos �ltimos ajustes da �pera Orph�e, de Philip Glass, que estreia nesta sexta-feira (25), no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Hirsch afirma que, caso a �pera n�o pulse no ensaio geral, “amanh� ela ser� outra coisa”.

Antes que a definitiva noite se espalhe em latino-am�rica, espet�culo dirigido por Hirsch que chega a Belo Horizonte neste fim de semana – com sess�es s�bado (26) e domingo (27), no Sesc Palladium –, foi totalmente modificada num per�odo bastante curto. A pe�a estreou no in�cio do ano, no Rio de Janeiro – a capital mineira � a primeira cidade a receber a montagem, ap�s sua temporada carioca.

Encabe�ada pelos atores D�bora Bloch e Guilherme Weber, a pe�a come�ou a ser planejada durante o per�odo eleitoral de 2018. “A montagem foi obrigada a mudar de rumo, especialmente por causa dos ataques confusos e arbitr�rios que os artistas sofreram naquele momento. N�s passamos a ser vistos como inimigos por parte do pa�s”, comenta Weber.

Hirsch, que em trabalhos recentes vem atuando ao lado de criadores latino-americanos, desistiu de uma adapta��o baseada em obra do quadrinista Andr� Dahmer. “Estreamos este espet�culo (no Rio de Janeiro) 10 dias depois da posse do novo presidente. Durante todo o processo (de confec��o da montagem) eu sabia que n�o poderia ficar atr�s, ignorar as coisas na rua. Precisava de uma obra que, de alguma maneira, refletisse o estado de esp�rito do que acontecia no Brasil”, afirma o diretor.
 

''H� uma diferen�a grande entre fazer panfleto e arte pol�tica. N�o h� necessidade de ser panflet�rio, juvenil, neste tipo de abordagem. A quest�o pol�tica � sempre levantada, �s vezes mais obviamente; �s vezes, n�o. Claro que, em momentos como este que temos vivido, tudo fica mais claro, �s vezes exageradamente. Mas s� depois de um tempo come�amos a perceber a amplitude do que quisemos dizer"

Felipe Hirsch, diretor


 
Para construir Antes que a definitiva noite se espalhe em latino-am�rica (o t�tulo foi tirado de verso de Capinam para a can��o Soy loco por ti Am�rica, parceria com Gilberto Gil) ele fez uma convocat�ria. Pediu a escritores latino-americanos que mandassem textos in�ditos sobre o tema. Desta maneira, construiu o espet�culo a partir de seis hist�rias escritas pelos brasileiros Dahmer e Nuno Ramos, os chilenos Guillermo Calder�n e Manuela Infante e os argentinos Pablo Katchadjian e Rafael Spregelburd.

COLCH�ES
Em um cen�rio �nico formado por uma s�rie de colch�es usados, o elenco desfia as seis hist�rias curtas. Al�m de Weber e Bloch, a montagem traz Jefferson Schroeder, Renata Gaspar, Blackyva e Nely Coelho interpretando as hist�rias curtas de diferentes g�neros – f�bula, conta��o de hist�rias, autofic��o – que s�o “uma sucess�o de fragmentos, estilha�os”, segundo Weber.

Calder�n, por exemplo, escreveu um texto que trata do assassinato de Caetano Veloso durante um regime totalitarista. Infante criou um coro grego para falar de uma menina gay assassinada no interior do Chile. “O cen�rio de colch�es traz uma met�fora muito forte, pois mostra n�o s� a instabilidade que eles promovem para os atores, j� que t�m gramaturas diferentes, como tamb�m carregam algo muito �ntimo. Os colch�es foram recolhidos de hot�is, hospitais, orfanatos – lugares de amor, mas tamb�m de t�dio e desesperan�a”, acrescenta Weber.

Um dos criadores mais celebrados de sua gera��o, Hirsch, que durante 20 anos capitaneou a Sutil Companhia de Teatro, desde o fim do grupo � um dos nomes � frente do coletivo Ultral�ricos. A primeira montagem desta forma��o foi Puzzle (2013). Desde ent�o, ele encenou A trag�dia e a com�dia latino-americana (2016), Selvageria (2017), Fim (2019). Entre esses espet�culos, ainda houve Democracia (2018), que ele dirigiu no Chile. Entre os nomes que integram o coletivo est�o Daniela Thomas e Felipe Tassara (que assinam a dire��o art�stica de Antes que a definitiva noite...) e Beto Bruel (desenho de luz), artistas que sempre trabalharam com Hirsch.

Nascida em Curitiba, a Sutil, que em sua hist�ria montou cerca de 30 espet�culos, se dividiu em releituras de cl�ssicos (Goethe, Shakespeare, Eugene O'Neill) e textos de novos dramaturgos (Nicky Silver, Shelagh Stephenson e Paula Vogel). Havia uma pegada pop, algo que se tornou um fen�meno com A vida � cheia de som e f�ria (2000), adapta��o de Alta fidelidade (1994), o romance best-seller do brit�nico Nick Hornby.

Ainda que continue trabalhando com v�rios artistas da �poca da Sutil – Weber, cofundador da antiga companhia, � seu parceiro mais constante – Hirsch vem assinando, em �pocas mais recentes, montagens de cunho pol�tico.

ARTE POL�TICA
“H� uma diferen�a grande entre fazer panfleto e arte pol�tica. N�o h� necessidade de ser panflet�rio, juvenil, neste tipo de abordagem. A quest�o pol�tica � sempre levantada, �s vezes mais obviamente; �s vezes, n�o. Claro que, em momentos como este que temos vivido, tudo fica mais claro, �s vezes exageradamente. Mas s� depois de um tempo come�amos a perceber a amplitude do que quisemos dizer”, afirma Hirsch.

Para Weber, depois do fim da Sutil Companhia, Hirsch entrou no grande tema que � a Am�rica Latina “e suas particularidades, com feridas que v�m das ditaduras recentes, da escravid�o, das heran�as do per�odo colonial”.
 

"O cen�rio de colch�es traz uma met�fora muito forte, pois mostra n�o s� a instabilidade que eles promovem para os atores, j� que t�m gramaturas diferentes, como tamb�m carregam algo muito �ntimo. Os colch�es foram recolhidos de hot�is, hospitais, orfanatos %u2013 lugares de amor, mas tamb�m de t�dio e desesperan�a"

Guilherme Weber, ator

 
Aos 47 anos, Hirsch � um dos mais prestigiosos e prol�ficos encenadores de sua gera��o. Trabalha sem parar. Neste ano, al�m de dois espet�culos e da �pera Orph�e, dirigiu o celebrado musical Lazarus, criado por David Bowie. Neste domingo (27), chega ao fim a temporada paulistana de Lazarus – n�o h� previs�o, por ora, de apresenta��es em outras cidades.

“O teatro � a minha casa, onde tenho meu porto seguro. Na verdade, um projeto come�a com uma ideia. Algumas vezes � melhor fazer um filme, uma obra na Bienal. Gosto de me alimentar de todas as �reas. E, de fato, o pr�prio teatro � alimentado por todas as �reas”, comenta Hirsch, que tem tamb�m incurs�es no cinema.

Seu longa mais recente � Severina (2017), que mostra a rela��o de um livreiro e uma mo�a que rouba livros. O filme expressa a liga��o de Hirsch com a Am�rica Latina. A hist�ria foi criada por um guatemalteco (Rodrigo Rey Rosa), rodada no Uruguai e protagonizada por atores argentinos (Javier Drolas e Carla Quevedo).

O pr�ximo projeto tamb�m dever� manter esse tom. Hirsch est� escrevendo um argumento com Guillermo Calder�n – autor de roteiros de O clube (2015) e Neruda (2016), ambos do chileno Pablo Larra�n. “N�o temos nada definido, mas o que sabemos � que ser� um projeto de baixo or�amento, no m�ximo US$ 400 mil. Quero fazer filmes mais baratos e mais constantes, n�o um projeto a cada cinco anos”, diz.
 
Antes que a definitiva noite se espalhe em Latino-am�rica
Dire��o: Felipe Hirsch. Com D�bora Bloch, Guilherme Weber, Jefferson Schroeder, Renata Gaspar, Blackyva e Nely Coelho. Neste s�bado (26), �s 21h, e domingo (27), �s 19h, no Sesc Palladium – Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro, (31) 3270-8100. Ingressos: Plateia 1 – R$ 80, R$ 40 (meia) e R$ 32 (comerci�rios Sesc); Plateia 2 – R$ 70, R$ 35 (meia) e R$ 28 (comerci�rios Sesc); Plateia 3 – R$ 50, R$ 25 (meia) e R$ 20 (comerci�rios SESC). � venda no local e pelo site Ingresso R�pido.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)