
H� mais de 60 anos, zumbis andam feito son�mbulos pelas telas dos cinemas assombrando cin�filos. A morta-viva, de Jacques Tourneur, e A ilha dos mortos, de Mark Robson, ambos produzidos pelo lend�rio Val Lewton nos anos 1940, inauguraram o que virou uma tend�ncia. Veio depois, nos anos 1960, George Romero com seu foco pol�tico – os zumbis negros, o racismo – em A noite dos mortos-vivos.
Terror apenas sugerido, ou sanguinolento, gore, os zumbis quase sempre foram vistos como personagens de drama, mas isso foi somente at� Ruben Fleischer. H� 10 anos, exatamente, com Zumbil�ndia, ele deu novo foco �s hist�rias do g�nero. Na Terra p�s-apocal�ptica devastada por um v�rus, sobraram poucas pessoas. Quatro, interpretadas por Woody Harrelson, Jesse Eisenberg, Emma Stone e Abigail Breslin, viram ca�adoras de mortos-vivos para sobreviver.
A novidade estava no humor e malgrado a participa��o de Bill Murray como ele mesmo, o melhor era a performance escrachada de Harrelson. Na d�cada decorrida desde ent�o, surgiram Guerra mundial Z, de Marc Foster, com Brad Pitt, e o fen�meno Walking dead, que estourou na TV em 2010.
Face ao realismo – e �s possibilidades metaf�ricas – desses filmes, o que pode o cinema? Ruben Fleischer que o diga. Ele radicaliza a par�dia e faz um filme de mortos-vivos para zombar de tudo e todos. Zumbil�ndia – Atire duas vezes � o popcorn movie perfeito. Pipoca, refrigerante e m�os � obra – o divertimento � matar zumbis! Mas como matar os que j� est�o mortos?
Zumbis, como demonstrou Dan O’Bannon no �timo A volta dos mortos-vivos, alimentam-se de c�rebros. Brains, brains! � a met�fora de um tipo de cinema que (s�) quer divertir. Em termos, Zumbil�ndia 2 faz alguns coment�rios bem interessantes sobre o estado do mundo.
LOIRA
A ideia � o deboche. Agrega-se ao grupo o prot�tipo da loira burra, o que gera, claro, coment�rios machistas do tipo “esta est� a salvo; se os zumbis querem comer c�rebros, ela n�o corre perigo”. Na trama, o quinteto est� na estrada, mas antes h� uma parada na Casa Branca, ou no que sobrou dela. Aprontam nos corredores, sentam-se na cadeira do presidente, no Sal�o Oval – a loira burra, claro, n�o sabe o que �.
A estrada, de novo, rumo a Graceland, a m�tica mans�o do rei Elvis Presley. A essa altura, n�s, o p�blico, j� descobrimos que surgiu uma nova categoria indestrut�vel de zumbis. Como derrot�-los?
Aparecem novos personagens, interpretados por Luke Wilson e Rosario Dawson. H� piadas para todos os gostos – sexo, religi�o, g�nero, drogas. No limite, o grupo busca ref�gio numa comunidade hippie, onde sexo grupal n�o � permitido e armas s�o banidas. Com os mortos-vivos na esquina, perd�o, do outro lado do port�o, o jeito � ser (mais) inteligente. Armas n�o resolvem nada; intelig�ncia, sim.
Neste mundo em que, cada vez mais, cultiva-se a estupidez (mental), � quase imposs�vel n�o rir com os ca�adores de zumbis de Ruben Fleischer. Entre um filme e outro, Emma Stone ganhou o Oscar. Tranquilo, ela n�o se leva a s�rio.