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Estado de Minas LITERATURA

A jovem poeta Bruna Kalil Othero desafia o legado dos modernistas

Nesta quinta-feira (31), escritora mineira lan�a o livro 'Oswald pede a Tarsila que lave suas cuecas'. Projeto d� especial aten��o � imagem, com fotos, v�deo e performance


postado em 31/10/2019 04:00 / atualizado em 30/10/2019 19:35

A escritora Bruna Kalil Othero(foto: Maria Thereza Pinel/divulgação)
A escritora Bruna Kalil Othero (foto: Maria Thereza Pinel/divulga��o)
Em dezembro de 2018, a escritora mineira Bruna Kalil Othero, de 24 anos, recebeu a not�cia de que estava entre os 25 vencedores do pr�mio 100 Anos da Semana de Arte Moderna, realizado pelo Minist�rio da Cultura. Concorria com o livro de poemas Oswald pede a Tarsila que lave suas cuecas. Menos de um m�s depois, o MinC foi extinto.

“Acho que foi o �ltimo pr�mio do minist�rio (pelo qual ela levou R$ 40 mil). O centen�rio da Semana de Arte Moderna ser� daqui a tr�s anos, mas tive a impress�o de que resolveram agilizar, j� pensando em como ficariam as pol�ticas p�blicas. Uma das coisas importantes a serem ditas � que artista n�o vive de vento, precisa de apoio das institui��es”, comenta Bruna, que lan�a nesta quinta (31) seu livro premiado (agora editado pela Livramento), na galeria Mama Cadela.

Oswald pede a Tarsila... � o terceiro volume de poemas de Bruna, mestranda da Faculdade de Letras da UFMG. Outro t�tulo dela tamb�m ser� lan�ado hoje: Carne, sua primeira incurs�o em prosa. O livro-objeto, com apenas 50 exemplares, nasceu do projeto de conclus�o de curso de letras de Octavio Cardozzo. Dentro da caixa, que se assemelha a uma embalagem de lasanha congelada, h� um marmitex. A “quentinha” traz textos de Bruna em formato cart�o. Em vez de contos, ela prefere cham�-los de fic��es.

“N�o s�o contos no sentido tradicional, s�o mais experimenta��es muito radicais em prosa”, comenta. A partir da tem�tica carne – “que tem muitos significados, da carne humana, do bicho” –, a autora versa sobre poder e viol�ncia. O grupo Mulheres M�ticas far� performance durante o lan�amento.

“Acredito na literatura como encontro entre v�rias artes, n�o � s� no papel e no livro”, comenta Bruna, que fez um ensaio fotogr�fico para divulgar o lan�amento. Em uma das imagens, ela aparece nua, segurando o celular, fazendo as vezes do Abaporu, o ic�nico quadro de Tarsila do Amaral. “Como escritora contempor�nea, tenho de usar v�rios suportes, seja em imagem, v�deo e performance. Uma foto tamb�m � literatura.”

Ao comentar sua imers�o no universo dos modernistas, Bruna admite que teve de “n�o ter respeito” por monstros sagrados. Virou do avesso Drummond, M�rio de Andrade, Manuel Bandeira, Pagu, Oswald e Tarsila, autores que sempre admirou. “A gente fica com medo de mexer nos pante�es da literatura. Mas se eu quiser realmente fazer uma po�tica de ruptura, provocar questionamentos, preciso for�ar um certo limite. Todos os autores, personagens do livro, nem sempre aparecem em forma de homenagem.”

Ao mesmo tempo em que envereda na literatura, Bruna atua como pesquisadora. Seu objeto de mestrado � a pornografia em Hilda Hilst. “A linguagem do cru, muito rasgada, me interessa. A prosa dela � muito doida, n�o tem personagem direito, a linearidade � confusa. Acho isso mais interessante na literatura contempor�nea do que um livro certinho”, conclui.


Lan�amento dos livros Carne (R$ 65) e Oswald pede a Tarsila que lave suas cuecas (R$ 35), com performance do grupo  Mulheres M�ticas. 
Nesta quinta-feira (31), �s 19h, na Galeria Mama Cadela, Rua Pouso Alegre, 2.048, Santa Tereza. Entrada franca.



O matriarcado de pindorama

queimamos suti�s
manchamos quadros de sangue
menstrual
fomos �s ruas gritar
no v�cuo

tarsila do amaral quando pintou-se a si
de manto vermelho
n�o pensava que
anos depois
viraria propaganda da botic�rio.


. Poema de Bruna Khalil Otero





 


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