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Estado de Minas

Pal�cio das Artes recebe exposi��o de pioneiro da fotografia em Minas

Mostra 'Chichico Alkmin, fot�grafo' ser� aberta neste s�bado (9), com 251 imagens feitas pelo fot�grafo mineiro a partir dos anos 1920 e que comp�em um retrato do pa�s em sua �poca


postado em 06/11/2019 04:00 / atualizado em 05/11/2019 20:23

Além das imagens em exibição, serão ouvidas na mostra músicas que marcaram o período em que as fotos foram feitas
Al�m das imagens em exibi��o, ser�o ouvidas na mostra m�sicas que marcaram o per�odo em que as fotos foram feitas


“A �poca atual � de nostalgia, e os fot�grafos fomentam, ativamente, a nostalgia. Tirar uma foto � participar da mortalidade, da vulnerabilidade e da mutabilidade de outra pessoa”, escreveu Susan Sontag na c�lebre colet�nea de ensaios Sobre fotografia (1977).
 
“A fotografia antiga tem o poder da suspens�o. Os personagens est�o envoltos em uma esp�cie de perfei��o, nascida do distanciamento hist�rico. E o fato � que � quase um mist�rio o quanto o Chichico Alkmim (1886-1978) conseguiu extrair de humanidade de seus personagens, sobretudo trabalhadores. Ele fotografou o Brasil que fez o Brasil”, afirma o poeta e professor de literatura Eucana� Ferraz.

Nascido em Bocai�va e radicado em Diamantina a partir de 1910, Chichico Alkmim � um dos pioneiros da fotografia em Minas Gerais. Por quase duas d�cadas, foi o �nico fot�grafo na cidade, conhecida como porta de entrada do Vale do Jequitinhonha. Em seu est�dio e tamb�m fora dele, registrou batizados, casamentos, vistas de cidade, funerais e festas populares. Estima-se que tenha fotografado at� 1955. Desde 2015, seu acervo, de 5 mil negativos em vidro, est� em comodato com o Instituto Moreira Salles.

Consultor de literatura do IMS, Eucana� assina a curadoria da exposi��o Chichico Alkmim, fot�grafo. J� exibida, nos dois �ltimos anos, nas unidades do Instituto Moreira Salles no Rio de Janeiro, em S�o Paulo e em Po�os de Caldas, a mostra chega a Belo Horizonte nesta semana. No s�bado (9), a exposi��o ser� aberta ao p�blico na Grande Galeria do Pal�cio das Artes.

A cole��o que ser� exibida re�ne 251 imagens. “Garanto que elas s�o as melhores do acervo, pois olhei cuidadosamente todos os 5 mil negativos. A maior parte deles ningu�m conhecia, pois o Chichico n�o era um fot�grafo que visasse � exposi��o. A fotografia era seu ganha-p�o. Foi assim que ele viveu, criou os (seis) filhos, que ficou conhecido na sociedade”, comenta Eucana�.

O primeiro est�dio do fot�grafo foi criado em 1913. Seu instrumento de trabalho era uma m�quina de fole 13X18. O material fotogr�fico – inclusive os fr�geis negativos de vidro – vinha do Rio de Janeiro e de S�o Paulo em lombo de burro e, a partir de 1914, de trem. Na d�cada de 1930, eles passaram a ser adquiridos em Diamantina, na loja Foto Werneck.

No conjunto exposto, h� divis�es tem�ticas. Boa parte do material vem das fotos do ateli�. “H� todo um trabalho de composi��o dos personagens, de luz, de pose. As imagens mostram o que era a vestimenta, o mundo da joalheria, j� que estamos falando de garimpo, ouro e diamante”, comenta. Uma outra parte � de imagens externas. “� como se ele levasse seu ateli� para o lado de fora, tanto que ele consegue uma harmonia espacial”, acrescenta.

Os negativos da obra do fotógrafo foram adquiridos pelo Instituto Moreira Salles, que organiza a exposição
Os negativos da obra do fot�grafo foram adquiridos pelo Instituto Moreira Salles, que organiza a exposi��o


CONSTRU��O 

N�o havia distin��o entre os fotografados. Frequentaram seu est�dio n�o somente membros da burguesia local, como tamb�m trabalhadores. “Tem a mulher branca da sociedade, o dono do garimpo, como tamb�m a mulher e o homem negros. Ao percorrer todas as classes sociais, do mais rico ao mais pobre, ele revelou um Brasil em constru��o”, acrescenta Eucana�.

H� uma se��o dedicada a fotos documentais, sobretudo para t�tulo eleitoral. H� grandes grupos humanos – de 30 a 150 pessoas, fossem estudantes, religiosos, bandas. E ainda uma pequena amostragem dos chamados anjinhos, como s�o chamadas as imagens de crian�as mortas, “uma tradi��o da fotografia mundial, n�o s� a mineira”, lembra-se o curador.

De maneira geral, Chichico fotografou an�nimos. “Ele guardava os negativos, mas n�o os identificava, ent�o a maior parte das data��es apresentadas na exposi��o s�o aproximadas. Conseguimos isso em raz�o de v�rias coisas, como vestu�rio, penteado, maquiagem. Uma coisa que marca (o per�odo) � a apar�ncia do est�dio, pois sei quando � o primeiro e quando � o definitivo”, acrescenta Eucana�. Tamb�m ser�o expostos cinco discos 78rpm, com as obras de compositores da �poca do Imp�rio, como Ernesto Nazareth, at� can��es do maranhense Catullo da Paix�o Cearense.

O trabalho de Chichico como retratista come�ou a ganhar luz h� 20 anos, quando suas fotos foram apresentadas na mostra Minas memorial e contempor�nea, realizada no Museu da Imagem e do Som de S�o Paulo. Em 2005, � lan�ado o livro O olhar eterno de Chichico Alkmim, organizado por Flander de Sousa e Ver�nica Alkmim Fran�a, neta do fot�grafo. Houve ainda duas exposi��es em BH, com um material menor do que o que chega agora: em 2008, na galeria da Escola Guignard, e em 2013, no Memorial Minas Gerais Vale.

Atuando em Diamantina em estúdio e ao ar livre, Chichico Alkmim é um dos pioneiros da fotografia no país(foto: Fotos: CHICHICO ALKMIM/DIVULGAÇÃO)
Atuando em Diamantina em est�dio e ao ar livre, Chichico Alkmim � um dos pioneiros da fotografia no pa�s (foto: Fotos: CHICHICO ALKMIM/DIVULGA��O)

ACORDO EM DISCUSS�O

Termina em janeiro de 2020 o acordo entre o Instituto Moreira Salles e o governo do estado de Minas Gerais para a cess�o do edif�cio da Avenida Afonso Pena, 737, que atualmente sedia o C�mera Sete – Casa da Fotografia de Minas Gerais. Presidente da Funda��o Cl�vis Salgado, que administra o espa�o cultural, Eliane Parreiras j� iniciou uma conversa com o IMS para a renova��o do contrato.

Entre 1997 e 2009, o IMS funcionou em BH no edif�cio hist�rico na Pra�a Sete. Quando a dire��o do instituto decidiu fech�-lo, a ent�o Secretaria de Estado de Cultura entrou em campo e prop�s o modelo de cess�o, v�lido por 10 anos. Reinaugurado em janeiro de 2010 como Centro de Arte Contempor�nea e Fotografia, h� alguns anos se tornou o C�mera Sete, dedicado exclusivamente � fotografia.

Assim que assumiu a FCS neste ano, Eliane buscou retomar a parceria com o IMS. “Ela passa tanto pela discuss�o da renova��o do contrato, e j� h� uma inten��o das partes em faz�-lo, como tamb�m pela correaliza��o de exposi��es”, diz ela. A vinda da mostra de Chichico Alkmim � um primeiro fruto desta reaproxima��o entre as duas institui��es. “J� estamos discutindo o que poder�amos fazer para 2020, inclusive para marcar os 50 anos da FCS. Discutimos ainda a possibilidade de fazer a��es na �rea de literatura”, afirma Eliane.

''A fotografia antiga tem o poder da suspens�o. Os personagens est�o envoltos em uma esp�cie de perfei��o, nascida do distanciamento hist�rico. E o fato � que � quase um mist�rio o quanto o Chichico Alkmim (1886-1978) conseguiu extrair de humanidade de seus personagens, sobretudo trabalhadores. Ele fotografou o Brasil que fez o Brasil''

Eucana� Ferraz, poeta e curador da exposi��o Chichico Alkmim, fot�grafo



Chichico Alkmim, fot�grafo
Exposi��o na Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard, no Pal�cio das Artes – Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3236-7400. Abertura para o p�blico no s�bado (9). Visita��o de ter�a a s�bado, das 9h30 �s 21h; domingos, das 17h �s 21h. At� 23 de fevereiro. Entrada franca.


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