
Para isso, Eleanor passa a ter aulas de �tica com o professor Chidi (William Jackson Harper), e � aproveitando esse contexto, com forte dose de com�dia, que a s�rie de Michael Schur aborda diversos fil�sofos que trabalham com a quest�o da �tica, em meio a diversos problemas que Eleanor e seus amigos precisam resolver.
No Brasil, a Netflix disponibiliza semanalmente os epis�dios da quarta e �ltima temporada da atra��o. Para a professora Silvana de Souza Ramos, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ci�ncias Humanas da Universidade de S�o Paulo (USP), a s�rie consegue abordar bem as quest�es em torno da �tica, sem cometer erros. Para ela, o contexto do p�s-morte � interessante, pois gera “uma situa��o experimental, permitindo simplificar as teorias”. E completa: “N�o d� para dizer que tem um erro, tem uma simplifica��o.”
A produ��o apresenta os pensadores Thomas Hobbes, Nicolau Maquiavel, Plat�o e Arist�teles, e consegue inserir nos epis�dios correntes de pensamento como utilitarismo, contratualismo e niilismo. A professora elogia o tom c�mico: “O humor � bem utilizado, pois �s vezes pode ser complicado tratar de quest�es muito pesadas ligadas � �tica”. Ramos d� como exemplo o epis�dio Crise existencial, em que Michael (Ted Danson), arquiteto respons�vel por um dos “bairros” do Lugar Bom, passa por um conflito ao refletir sobre a vida eterna e as consequ�ncias de suas a��es.
“A com�dia � um recurso interessante para falar de algo muito dif�cil – morte, perda, luto – e a s�rie aborda quest�es existenciais de forma divertida. Torna leve o que � muito complicado”, observa a professora. De acordo com ela, no geral, o humor � �s vezes utilizado de forma agressiva e trata quest�es dif�ceis de forma violenta, o que n�o ocorre em The good place.
Silvana Ramos enaltece a humaniza��o de Chidi, que d� aulas de filosofia a Eleanor. Se em teoria h� a vis�o de que o professor, por ter todo o conhecimento, seria um l�der nesse aspecto, “na trama vai se revelando que ele n�o conseguiu colocar nada do que aprendeu em pr�tica. Tinha todos os crit�rios �ticos e n�o tomou nenhuma decis�o. Isso ridiculariza o detentor do saber, o que � interessante”, conclui. (Ag�ncia Estado)