
Fernanda Gomes*
– Voc� matou pessoas – diz Luther Swann.
– N�o tenho escolha! Tenho o direito de viver. Voc� nunca vai entender, Luther, sou uma esp�cie nova, t� entendendo? Mas isso tem um pre�o: ou me alimento, ou morro – reage Michael.
– Isso � um monte de besteira, Michael. Um monte de baboseira, e voc� sabe. No fundo, voc� sabe que o que est� acontecendo � errado, que o que voc� est� fazendo � errado – avisa Luther.
Esse di�logo de Perversos como eu, quarto epis�dio da s�rie Apocalipse V (Netflix), traz outra vis�o sobre a lenda dos vampiros e a rela��o deles com os seres humanos. A pergunta crucial �: uma pessoa pode ser culpada por exercer seu instinto b�sico de sobreviv�ncia?.
Ian Somerhalder, o cruel Damon Salvatore da s�rie The vampires diaries (2009/2017), � um dos protagonistas da nova produ��o. Desta vez, est� do outro lado: � o cientista Luther Swann, dedicado pai de fam�lia e totalmente diferente do vampiro Damon.
Depois de perdas pessoais, Luther se dedica a descobrir a cura para os afetados por um v�rus “vampiresco”. Enquanto isso, tenta criar o filho, lida com imposi��es do governo e quer ajudar o vampiro Michael Fayne (Adrian Holmes), seu melhor amigo.
Michael � um dos primeiros afetados pelo v�rus que, acredita, torna seres como ele mais poderosos, e n�o meros mortos- vivos. Por�m, h� um pre�o: a necessidade de se alimentar de sangue. No decorrer dos epis�dios, os infectados passam a ver em Michael o l�der que os guiar� na conquista de um lugar no mundo, onde poder�o se alimentar e viver com liberdade.
Os dois amigos – o vampiro Michael e o humano Luther – se envolvem em uma s�rie de embates, pessoais e ideol�gicos.
Inspirada no livro hom�nimo do americano Jonathan Maberry, a s�rie se baseia no mito dos vampiros, mas com outro enfoque. Destaca menos a monstruosidade de criaturas que se alimentam de sangue e mais o fato de que elas s�o capazes de sentir. Aqui, os vampiros querem ser aceitos e v�o a extremos em busca disso.
Apocalipse V traz clich�s – os melhores amigos em lados opostos na luta pela sobreviv�ncia; a a��o duvidosa das autoridades; o cientista que adverte sobre o perigo das a��es do homem e � ignorado. Por�m, n�o � s� isso. A trama inteligente oferece uma vis�o, digamos, mais realista do universo sobrenatural. Com boas atua��es, enredo cativante e belos efeitos especiais, a s�rie tem potencial para se tornar uma das melhores “produ��es vampirescas” do ano.
* Estagi�ria sob supervis�o da editora-assistente �ngela Faria