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Estado de Minas

'1917', apontado como favorito ao Oscar, estreia nesta quinta (23) no Brasil

Longa de Sam Mendes sobre miss�o de soldados na Primeira Guerra Mundial divide com o sul-coreano 'Parasita' as apostas para a estatueta de melhor filme


postado em 22/01/2020 04:00 / atualizado em 21/01/2020 19:04

Inspirado nas memórias de seu avô, diretor do longa criou história sobre dupla de soldados encarregada de cruzar o campo inimigo no filme (foto: UNIVERSAL/DIVULGAÇÃO)
Inspirado nas mem�rias de seu av�, diretor do longa criou hist�ria sobre dupla de soldados encarregada de cruzar o campo inimigo no filme (foto: UNIVERSAL/DIVULGA��O)
Ratos. Eles vivem com e como eles, emparedados nas imundas e superlotadas trincheiras dos campos de batalha. O cineasta brit�nico Sam Mendes (Beleza americana, 007 – Opera��o Skyfall e 007 contra Spectre) criou uma imensa ratoeira por onde transitam os jovens soldados Schofield (George MacKay) e Blake (Dean-Charles Chapman).
 
Os dois t�m consci�ncia de que qualquer passo em falso poder� resultar em morte. N�o s� na deles pr�prios, mas na de 1,6 mil brit�nicos que est�o na linha de frente contra a Alemanha na Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

1917, que estreia nesta quinta-feira (23) no Brasil, � um imenso labirinto imag�tico que enche os olhos. Desde que venceu dois dos principais pr�mios do Globo de Ouro no in�cio deste m�s – melhor filme em drama e melhor diretor –, a produ��o deu in�cio a uma escalada na atual temporada de pr�mios que poder� culminar com o Oscar, no pr�ximo dia 9 de fevereiro.
O longa concorre � estatueta em 10 categorias. No s�bado passado (18), 1917 venceu o maior pr�mio do Sindicato dos Produtores de Hollywood (PGA), que, em 30 anos, coincidiu 21 vezes com a escolha de melhor filme no Oscar.

Mendes, que tem uma estatueta da Academia de Hollywood como melhor diretor (por Beleza americana, tamb�m eleito o melhor longa em 2000), j� afirmou mais de uma vez que 1917 foi sua “melhor experi�ncia da vida profissional”. � um projeto bastante pessoal. Seu roteiro foi inspirado nas hist�rias que o av� do cineasta Alfred H. Mendes contou do front.

Aos 19 anos e medindo apenas 1,62m, Alfred Mendes – conhecido como Alfy, o mais velho de seis irm�os de uma fam�lia portuguesa –, foi escolhido como mensageiro. A n�voa que cobria a chamada Terra de Ningu�m – territ�rio n�o reivindicado entre as trincheiras dos Aliados e dos inimigos, que nenhum dos lados atravessava por medo de ser atacado – ficava a cerca de 1,68m de altura. Sendo assim, uma pessoa de baixa estatura poderia transportar mensagens com menos risco.

Deliberadamente, o diretor escolheu dois atores pouco conhecidos – Dean-Charles Chapman era n�o mais do que um garoto quando fez Tommen na s�rie Game of thrones. � seu personagem, Blake, que recebe a miss�o de um superior – Schofield, por azar estava com ele na hora. 
 
Os personagens s�o ficcionais. Os dois t�m poucas horas para fazer o imposs�vel: atravessar o territ�rio inimigo e avisar a um grupo de 1,6 mil soldados que eles devem recuar e n�o atacar o inimigo alem�o. A Alemanha teria feito uma armadilha – caso entrem na linha de combate, os brit�nicos ser�o destro�ados.

PARTICIPA��ES 

Nos pap�is de superiores est�o grandes rostos do cinema brit�nico, em participa��es que duram poucos minutos. Colin Firth � o general Erinmore, que entrega a miss�o a Blake com uma certa dose de manipula��o – avisa que o irm�o do jovem, o tenente Joseph Blake (Richard Madden, tamb�m revelado em GoT), est� no grupo que poder� morrer caso n�o receba a mensagem. Benedict Cumberbatch � o coronel MacKenzie, que deve receber a mensagem. No meio do caminho, ainda h� o capit�o Smith (participa��o de Mark Strong).

Como realiza��o cinematogr�fica, 1917 � deveras ambicioso. Em suas duas horas de dura��o, o filme acompanha os jovens soldados de forma cont�nua, sem cortes. Este imenso plano-sequ�ncia � ilus�rio.
 
“Ele n�o foi filmado com uma tomada s�, mas com uma s�rie de tomadas longas sem cortes que puderam ser ligadas de uma forma natural que d� a impress�o de ser uma tomada cont�nua”, explicou o diretor. Para realizar o feito – algo semelhante foi concretizado por Alejandro Gonz�lez I��rritu no vencedor do Oscar Birdman (2014) e, de forma pioneira, por Alfred Hitchcock em Festim diab�lico (1948) –, o diretor fez um intenso planejamento, que levou meses, em que as cenas eram coreografadas.

Ao lado do diretor de fotografia Roger Deakins (tamb�m indicado ao Ocar) e utilizando c�meras de 360 graus, Mendes rodou no Sudoeste da Inglaterra. Foram cavados cerca de 760 metros de trincheiras, para tornar o cen�rio o mais realista poss�vel.
 
� uma imers�o em que o espectador se sente como parte da miss�o de Schofield e Blake, acompanhando, ora com tens�o, ora com ang�stia, a miss�o dos jovens. H� momentos acachapantes, quando, por exemplo, a luz do sol aparece (o filme quase todo foi rodado com o tempo nublado, algo necess�rio, pois muito sol poderia trazer sombras que seriam um problema para manter a continuidade na hora da montagem). A luz solar vai trazer ainda mais urg�ncia � trama, pois ela marca o in�cio de um novo dia e o fim do per�odo em que a mensagem deve ser entregue.

A visualidade de 1917 merece ser acompanhada na sala do cinema – e Mendes, em seu discurso no Globo de Ouro, pediu ao p�blico para assistir ao longa dessa maneira. Numa edi��o em que se acirra a discuss�o entre est�dios de cinema versus streaming, o pr�mio de melhor filme para 1917 seria uma grande vit�ria. Mas de uma batalha, n�o da guerra.


Diretor proibiu os atores de ver cl�ssicos de guerra

(foto: Universal/Divulgação)
(foto: Universal/Divulga��o)

Dean-Charles Chapman tornou-se conhecido como Tommen na s�rie Game of thrones. George MacKay foi um dos filhos de Viggo Mortensen em Capit�o Fant�stico. Ambos fazem agora Blake e Will em 1917, o �pico de guerra de Sam Mendes.

“Quando fizemos a audi��o, sab�amos apenas que era um filme de guerra, mas n�o as particularidades da produ��o, que seria filmado num �nico plano cont�nuo. E s� depois descobrimos que seria um projeto muito pessoal de Sam. N�o era s� mais um filme, era 'o' filme”, disse Chapman.
 
Game of thrones j� era pr�digo em cenas de combates, as cr�nicas do gelo e do fogo, mas aqui n�o existem fant�sticos drag�es lan�ando suas chamas. “Oh, n�o. O que temos � o horror da trincheira, recriado com todos os detalhes, e quando voc� est� correndo no campo de batalha, com fuma�a, explos�es e estilha�os, e a cena se estende, e voc� n�o ouve nunca o 'corta!', a coisa fica muito real e assustadora”, afirma MacKay.
 
Come�a com um soldado descansando � sombra de uma �rvore. O repouso do guerreiro. � chamado para uma miss�o – em dupla com um companheiro. Ter�o de atravessar a guerra para levar uma mensagem l� do outro lado. O caminho � permeado de perigo.
 
“� um filme sobre o tempo”, define MacKay, “e o fato de ter sido filmado num plano s� refor�a essa sensa��o, esse sentimento. No cinema, a gente sempre trabalha com tempo e espa�o para criar alguma coisa, talvez uma ilus�o, mas nunca com essa intensidade”, refor�a Chapman.

LEITURA 

“Tivemos uma extensa prepara��o e ela envolveu muita leitura, muita conversa, mas Sam nos proibia de ver cl�ssicos de guerra, porque queria criar sua vis�o, e n�o queria que nos contamin�ssemos com a vis�o de outros diretores”, contam. Sobre a prepara��o, n�o apenas a quest�o emocional, mas tamb�m a f�sica foram exigentes, conforme conta Chapman.
 
(foto: Universal/Divulgação)
(foto: Universal/Divulga��o)
“Foi realmente uma longa prepara��o. Seis meses antes que come��ssemos a filmar. Cada cena, mesmo a mais simples, envolve sempre uma coreografia entre os atores e a c�mera, e sempre em externas, seja um campo aberto, uma correnteza de rio, uma floresta ou as ru�nas provocadas pelo bombardeio. A primeira semana foi inesquec�vel. A gente caminhava durante horas no meio do nada, apenas George, Sam e eu, com as c�pias do roteiro na m�o, dizendo as frases e ouvindo do diretor o que ele pretendia fazer, e esperava que fiz�ssemos.”
 
E MacKay acrescenta: “Em todo filme, a dimens�o do cen�rio e a coloca��o da c�mera s�o importantes, mas nesse, mais que nunca. Devido � coreografia, n�s e a c�mera, sempre em movimento, mesmo em cenas de puro di�logo, repet�amos 100 vezes para que o tempo e o espa�o fossem perfeitamente definidos e mensurados. Nada poderia dar errado, porque sen�o todo o esfor�o estaria perdido”.

Foram v�rios planos-sequ�ncia compondo esse movimento cont�nuo. “Poder�amos falar sobre a quest�o da c�mera, mas o importante � tentar passar o que foram esses seis meses para a gente. Est�vamos ali, no meio do nada, e a� come�aram a cavar as trincheiras, a produzir o lama�al, passamos a ensaiar com uniformes, com as armas, vieram os figurantes, as explos�es e, finalmente, a c�mera. E, de repente, 'a��o!', est�vamos no meio do que parecia uma guerra de verdade.” (Estad�o Conte�do)


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