
Aberto na �ltima quinta-feira (23), o Festival de Sundance iniciou seus trabalhos sem a tradicional coletiva de imprensa com seu fundador, o ator Robert Redford. O festival optou por enviar um kit de imprensa para os jornalistas, com um breve comunicado de Redford e falas gravadas de seus diretores-executivos.
O tom foi de questionamento aos modelos de distribui��o que se imp�em com o crescimento das plataformas de streaming, bem como o refor�o das inten��es de promover um evento com igualdade de g�nero e o mais diverso poss�vel (dos 90 diretores envolvidos na competi��o, 40% s�o mulheres e 40% s�o n�o caucasianos).
A diretora-executiva Keri Putnam falou de maneira cr�tica sobre a forma de os conte�dos hoje em dia serem “fornecidos por algoritmos”, numa refer�ncia indireta �s plataformas. “Quando se trata de m�dias e narrativas, o p�blico aparenta ter uma infinidade de escolhas. Mas, cada vez mais, o conte�do � selecionado por um punhado de entidades globais dominantes e fornecido por algoritmos desenvolvidos para manter o espectador assistindo”, disse.
“Ent�o, conforme as escolhas sobre o que assistir s�o feitas para as pessoas por for�as que nem sempre s�o vis�veis ou podem ser controladas, n�o apenas perdemos a chance de desafiar ideias e a grande arte – � tamb�m perigoso”, acrescentou.
“Este � um momento (pol�tico) que demanda nossa participa��o. � tempo para cada um de n�s questionar por que as coisas s�o do jeito que s�o. Para perguntar que vozes est�o sendo marginalizadas e por qu�. E para reconhecer que as m�dias t�m um valor muito maior que o valor de mercado ou do que alcan�am nas bilheterias.”
Mesmo com a reflex�o incisiva da diretora, Sundance v� as ruas cobertas de neve de Park City, Utah, receberem filmes com mais astros do mainstream (como Will Smith, Ben Affleck e Angelina Jolie), bem como uma presen�a agressiva das grandes plataformas, como Netflix, Disney+ e Hulu.
J� a diretora de programa��o de Sundance pelo segundo ano seguido, Kim Yutani, ressaltou o foco do evento em promover vis�es diversas sobre a ind�stria e sobre a arte, mas tamb�m sobre a vida de maneira geral. “O que impressionou o meu time, quando paramos para ver o programa como um todo, foi o qu�o distinto cada trabalho �, e como suas vozes individuais ressoam e se engajam entre si”, disse Yutani.
“Tematicamente, h� algumas linhas condutoras: fam�lias, o conceito de ‘casa’ e suas limita��es, e o poder de indiv�duos apaixonados para fazer a diferen�a real no mundo. Mas cada trabalho lida com esses conceitos de um jeito extremamente individual, o que � um princ�pio fundador do festival.” (Ag�ncia Estado)