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Estado de Minas CINEMA

M�dica de 'The cave' espera que Oscar chame a aten��o para a guerra

Pediatra s�ria � protagonista do document�rio que disputa a estatueta com o brasileiro 'Democracia em vertigem'


postado em 05/02/2020 04:00 / atualizado em 04/02/2020 18:50

A médica Amani Ballour no hospital subterrâneo nos arredores de Damasco(foto: NATIONAL GEOGRAPHIC/DIVULGAÇÃO)
A m�dica Amani Ballour no hospital subterr�neo nos arredores de Damasco (foto: NATIONAL GEOGRAPHIC/DIVULGA��O)
 
Ela tratou milhares de crian�as em meio � escurid�o de um hospital subterr�neo na S�ria. Agora, a doutora Amani Ballour, protagonista do document�rio nomeado ao Oscar The cave, espera que os holofotes de Hollywood sirvam para lembrar ao mundo uma guerra que entra em seu 10º ano.

Para a pediatra, de 32 anos, o hospital clandestino, apelidado de "A cova", situado nas proximidades de Damasco, n�o remete a um cen�rio cinematogr�fico. "Para mim, isso n�o � um filme. � a minha vida, minha realidade", contou Ballour.

O document�rio, de 102 minutos, produzido pela National Geographic e a produtora Danish Documentary Films, tem imagens fortes da pediatra: limpando o sangue do rosto de algumas crian�as na sala de cirurgia, chorando e tamb�m v�tima do sexismo de homens que n�o aceitam que uma mulher seja respons�vel por um hospital, coisa rar�ssima em uma sociedade extremamente patriarcal.

"A princ�pio, ouvia coment�rios como 'n�o vai conseguir'. Tinha que demonstrar que n�s, mulheres, somos capazes de estar em cargos de chefia".

Dirigido pelo s�rio Firas Fayyad, The cave concorre domingo na 92ª edi��o do Oscar junto a outro document�rio sobre conflitos, For Sama, da diretora Waas al-Kateab, premiada em Cannes em 2019 e ganhadora do Bafta de Melhor Document�rio. � concorrente tamb�m do brasileiro Democracia em vertigem, dirigido por Petra Costa.

"A nomea��o ao Oscar trar� mais conhecimento sobre a situa��o na S�ria e far� mais gente nos apoiar", espera a pediatra, que vive na Turquia desde 2018, ap�s a queda do reduto rebelde de Ghuta Oriental, onde estava localizado o hospital. Essa regi�o foi descrita pelo secret�rio-geral da ONU, Antonio Guterres, como um "inferno na Terra".

Uma d�cada depois do seu in�cio, a guerra n�o tem fim. Com uma ofensiva do regime junto aos aliados russos contra os rebeldes e os extremistas, deixando meio milh�o de cidad�os desabrigados nos �ltimos meses no Noroeste do pa�s, causando uma das maiores ondas de migra��o em massa da S�ria.

(foto: Documentário mostra sofrimento de crianças )
(foto: Document�rio mostra sofrimento de crian�as )
Com milh�es de s�rios refugiados ou desabrigados, a doutora Ballour, que esconde por tr�s de uma apar�ncia t�mida uma for�a de ferro, diz n�o conseguir se sentir em paz desde que saiu da regi�o.

Na S�ria, "quando ajudava as pessoas ficava mais tranquila, apesar de todas as dificuldades, os bombardeios, a fome e a tr�gica situa��o da qual �ramos testemunha todos os dias".

TRAUMA

A m�dica continua traumatizada pelo sofrimento de todos os seus milhares de pacientes. "As crian�as n�o entendiam nada. Sempre perguntavam o que estava acontecendo. Por que estavam nos bombardeando, por que passavam fome. Era muito dif�cil explicar-lhes", acrescenta. 
 
Comovida, ela se lembra de forma especial do menino Abdel Rahmane, de 11 anos, que se encontrava em uma sala de aula quando sua escola foi bombardeada, ferindo a maioria dos alunos. "Ele perdeu suas duas pernas. Quando acordou da anestesia, perguntou: 'Onde est�o as minhas pernas? Por que as amputaram?".
  
 "N�o conseguia olhar nos olhos das crian�as enquanto as atendia, ningu�m conseguia." Sua lembran�a mais dolorosa � de um ataque qu�mico com g�s sarin, em agosto de 2013, atribu�do ao regime. Ao menos 1.429 pessoas morreram, entre elas 426 crian�as. "No hospital, j� n�o t�nhamos espa�o para colocar os cad�veres. Ent�o, tivemos que amonto�-los", lembra-se.


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