“A preocupa��o n�o � s� com o espa�o que est� fechado e fica em um lugar um pouco abandonado pelo poder p�blico. Mas tamb�m com as pessoas que est�o no entorno. Somos uma comunidade”, afirma Alexandre de Sena, coordenador do Teatro Espanca!, sobre as dificuldades que est�o tendo devido ao per�odo de isolamento social para tentar deter o surto do novo coronav�rus na capital mineira.
Fundado em 2010 e localizado embaixo do tradicional Viaduto Santa Tereza, o Teatro Espanca! est� fechado desde o �ltimo dia 16. “O espa�o sobrevive financeiramente das coisas que acontecem l�. Sem os eventos, n�o temos dinheiro nem para pagar o aluguel”, diz Alexandre.
Ele trabalha no teatro desde 2017, mas faz parte do grupo desde 2010, quando o Espanca! foi criado. Sem patroc�nio p�blico ou privado, o teatro se viabiliza com os recursos gerados pelas atividades que sedia e tamb�m com doa��es.
Assim como alguns outros colaboradores do projeto, Alexandre n�o � remunerado pelos servi�os que presta ao Espanca.! “O que me motiva � acreditar naquele espa�o como um elemento, um espa�o vivo, de extrema import�ncia para a cidade. � um ponto de encontro para o pensamento e a cria��o de projetos art�sticos”, afirma.
Ele comenta que “o Teatro Espanca! recebe projetos e pessoas que n�o conseguiriam ter espa�o em lugares maiores”. Al�m de encena��es teatrais, s�o realizados ali lan�amentos de livros e at� feiras.
''A gente que trabalha com teatro, que � a arte do encontro, precisa ver como vai fazer''
Alexandre de Sena, coordenador do Teatro Espanca!
VAQUINHA
Desde o ano passado, o grupo mant�m uma vaquinha on-line na qual os apoiadores que se cadastram costumam contribuir mensalmente para o aluguel do espa�o e a manuten��o do local. Com a crise provocada pela pandemia do novo coronav�rus, as contribui��es minguaram.“Eu entendo! At� hoje, as pessoas que colaboram s�o aquelas que t�m uma classe social parecida com a nossa”, diz o coordenador. Atualmente, a vaquinha conta com 24 assinantes, que, juntos, contribuem mensalmente com R$ 630, o que representa 12% dos 5 mil que o grupo precisa para arcar com as despesas.
“Est� sendo uma loucura! Acredito que o espa�o tem sobrevivido pela for�a de vontade nossa e das pessoas que o frequentavam”, diz Alexandre, que est� tentando negociar com os propriet�rios do local a suspens�o do aluguel.
O coordenador do teatro Espanca! comenta que “houve um ataque t�o grande � cultura nesses �ltimos anos. E o que estamos vendo neste momento s�o as coisas ligadas � cultura ajudando a manter a sanidade das pessoas”. Ele cita as lives de shows, aulas de dan�a, filosofia, hist�ria da �frica e filmes que est�o sendo compartilhadas via redes sociais.
Acostumado a passar as manh�s trabalhando em casa e as tardes e noites no Teatro Espanca!, Alexandre est� experimentando com a quarentena uma mudan�a significativa em sua rotina. Mas tenta n�o se afastar das pessoas de que gosta, via reuni�es on-line.
“A gente que trabalha com teatro, que � a arte do encontro, precisa ver como vai fazer”, observa. Segundo ele, � praticamente imposs�vel transportar todas as a��es do Espanca! para o ambiente on-line. “Faltaria o olhar no olho do p�blico e sentir essa troca. Al�m de desenvolver o encontro profissional, a gente constr�i la�os de afeto”.
Convencer seus pais, ambos com mais de 70 anos, a fazer o isolamento social n�o foi uma tarefa f�cil para o coordenador. Ele conta que os dois demoraram a entender a gravidade da situa��o. “T� em casa e moro sozinho, numa rua muito deserta. Mas estou tranquilo, converso sempre com os meus pais.”
Nos �ltimos anos, v�rias pessoas que Alexandre conhece tiveram de a abrir m�o da carreira art�stica em favor de um emprego formal em outra �rea. Em outubro, o Espanca! Completa 10 anos de exist�ncia. “Espero que estejamos abertos at� l�.”
* Estagi�ria sob supervis�o da editora Silvana Arantes