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Estado de Minas LITERATURA

Marina Colasanti n�o se rende � crise e lan�a livro de poesia

A pandemia do novo coronav�rus amea�ou adiar pela segunda vez o lan�amento de um livro de poemas que a autora concluiu em 2016. Ela foi em frente com o plano e colocou o volume � venda via internet


12/04/2020 04:00

Marina Colasanti lança Mais longa vida pela Record, nos formatos impresso e e-book, que podem ser adquiridos on-line(foto: fernando rabelo/divulgação)
Marina Colasanti lan�a Mais longa vida pela Record, nos formatos impresso e e-book, que podem ser adquiridos on-line (foto: fernando rabelo/divulga��o)

 
Marina Colasanti precisou ter paci�ncia – em 2016, quando entregou um livro de poemas in�ditos, Mais longa vida, � editora Record, a crise do mercado editorial enxugou a lista de lan�amentos e a obra, uma poderosa viagem em versos, aguardou outro momento. Que seria justamente agora, novamente sob novo infort�nio – desta vez, a pandemia do coronav�rus. Mas o livro, resistente como sua autora de 82 anos, pode ser encomendado pela internet, tanto em vers�o impressa quanto digital.
 
O esfor�o � v�lido, pois Mais longa vida � um dos mais fascinantes trabalhos de Marina Colasanti, cuja escrita delicada trata de temas como fam�lia, amor, perdas, viagens, saudade. Na verdade, como j� fizera em outras obras (como Minha guerra alheia), a poeta usa lembran�as pessoais para construir uma poesia que tanto enaltece como convida o leitor a pensar.
 
"Esse � exatamente o mesmo livro que finalizei em 2016, quando originalmente seria editado", diz ela, em uma conversa telef�nica, desde sua casa, no Rio, onde passa o momento de reclus�o pelo coronav�rus ao lado do marido, o tamb�m poeta e cr�tico Affonso Romano de Sant’Anna. "N�o mudei nada, pois, quando sai da minha mesa, est� pronto. H� pintores que refazem suas telas, mas eu n�o quero refazer meus passos."
 
O ponto final, no entanto, n�o chega sem que antes se trilhe um longo caminho. "Poesia � um trabalho de decanta��o, necessita de tempo, de material guardado na gaveta", diz. "O que � �timo em um dia, � ruim tr�s dias depois."
 
De fato, em Mais longa vida, Marina aposta no lirismo e nas recorda��es mistas, vis�es distintas que alimentam um ba� j� repleto de imagens m�ltiplas que seria sua obra. E, ainda que seja um livro de poesia, cuja leitura poderia ser aleat�ria, o recomendado � seguir a ordem das p�ginas, pois os versos assim colocados incentivam o leitor a criar imagens, uma sequ�ncia de belas imagens que produz o efeito encantador de mostrar fragmentos de uma vida.

LINHA "Parece que fa�o coisas diferentes, mas, se algu�m comparar, h� uma linha que une todos os meus trabalhos", diz a poeta, que rejeita o saudosismo. "N�o tenho saudades de nada – nunca quis me manter jovem. Olho para o passado com o olhar do presente." Desponta a� mais uma qualidade de Mais longa vida e sua poesia sem lirismo exagerado. "A obra guarda o mist�rio de um livro sem mist�rio. A simplicidade do que � altamente complexo. O mais no menos, a luz nas trevas, o princ�pio no fim", observa, no texto de apresenta��o, o cr�tico e poeta Marco Lucchesi.
 
N�o � indispens�vel, mas ajuda na leitura conhecer um pouco da trajet�ria de Marina Colasanti. Seus primeiros 10 anos come�aram e terminaram envolvidos por climas de guerra – a poeta nasceu em Asmara, na Eti�pia (ent�o Eritreia). Seu pai, que nutria uma simpatia pelo fascismo, ajudava o regime estimulando investimentos italianos na col�nia africana. Foi seguindo tal ideal que a fam�lia viveu ainda em Tr�poli, na L�bia, antes de voltar para a It�lia, quando eclodiu a Segunda Guerra Mundial, em 1939.
A vinda para o Brasil s� ocorreu em 1948, quando uma Europa destro�ada buscava se reerguer. Essa fase da exist�ncia � lembrada em Minha guerra alheia (Record), em que Marina tentou evitar a simples reprodu��o de um clima de guerra – segundo ela, mesmo durante um conflito t�o terr�vel como aquele, o ser humano precisava sobreviver, o que � notado na deliciosa descri��o do cotidiano, mantido � risca ainda que sob chuva de bombas: "A guerra bafejava no nosso cangote. A vida, por�m, teimava em continuar. Entre cuidar das crian�as e cozinhar almo�o e jantar (...), minha m�e, sem nenhum gosto pela culin�ria, ia ao cinema".
 
Al�m do dom da escrita, Marina desenvolveu o gosto pelas artes pl�sticas, aprimorado ao lado de seu marido, um dos grandes cr�ticos de artes visuais do pa�s. "Sempre incluo um poema sobre pintura em meus livros", conta ela. "� uma das minhas paix�es. A pintura � parte integrante do meu olhar."
As artes pict�ricas s�o tradi��o de fam�lia, uma vez que o av� era cr�tico e historiador de arte e um tio trabalhou como cen�grafo. O olhar arguto, ali�s, logo se transformou em a��o e Marina come�ou a pintar – com o tempo, seus quadros come�aram a estampar a capa de seus livros, como acontece em Mais longa vida, ilustrado por um �leo sobre tela que retrata um belo perfil de mulher.
 
"N�o fa�o uma arte moderna, n�o adoto a textura – meu perfil � mais renascentista, gosto de pintar com bico de pena", diz ela, que se tornou uma pintora bissexta depois que um marchand mal-intencionado prometeu vender suas telas e se mandou para a Bahia.
 
M�goa ficou, n�o nega. Mas a poeta n�o se perde em lam�rias. "Depois dos 80 anos, o tempo fica mais curto, h� um limite que condiciona a a��o. Outro dia, achei um caderno em que, d�cadas atr�s, comecei a fazer uma tradu��o de O leopardo, do Lampedusa. Escrevi � m�o. Hoje n�o faria isso." (Ag�ncia Estado)
 
MAIS LONGA VIDA

. Marina Colasanti
. Record
. 160 p�gs.
. R$ 39,90 (livro)
. R$ 29,90 
  (e-book) 


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