Milton Nascimento e Criolo lan�am projeto solid�rio

"A diferen�a muito clara nisso tudo � que Milton � o mestre e eu sou o aluno, um aluno ainda com muitas dificuldades e muita coisa para melhorar"

Criolo, rapper

A m�sica tem papel de extrema relev�ncia neste momento de pandemia do novo coronav�rus. Seja por ser uma express�o ligada ao bem-estar emocional, seja pelo papel social que assumiu atualmente ao se aliar �s campanhas e �s doa��es. Os cantores Milton Nascimento e Criolo foram atr�s dessa fus�o para criar o projeto Existe amor, que deu origem a um EP com quatro faixas e uma a��o para arrecadar verbas para a popula��o em vulnerabilidade social no pa�s.

“Nossa inten��o � somar ainda mais com cada projeto, que tem como objetivo ajudar as pessoas durante a pandemia. E a m�sica � nossa ferramenta principal para que isso aconte�a. Agora, mais que tudo, � necess�rio que cada um ajude da forma que estiver ao seu alcance. Isso sim � o mais urgente”, afirma Milton Nascimento.

A parceria da dupla era um desejo antigo e tamb�m j� iniciado h� alguns anos. Antes mesmo de se conhecerem oficialmente, cada um acompanhava o trabalho do outro a dist�ncia. Milton ouviu falar do rapper gra�as � vers�o feita para C�lice, m�sica com Chico Buarque. Depois escutou N� da orelha (disco de Criolo de 2011) e se encantou novamente, at� que os artistas se conheceram no Pr�mio da M�sica Brasileira de 2012 por interm�dio de Ney Matogrosso. “Fiquei f� dele na hora, e logo na primeira audi��o j� percebi que ali tinha um cara que tava vindo pra fazer hist�ria. No pr�mio, foi o come�o de tudo, e, a partir de ent�o, nunca mais nos separamos”, revela.

No ano seguinte, Milton convidou Criolo para juntos fazerem a turn� Linha de frente, nome de uma das faixas do disco escutado por Bituca anos antes. Essa amizade cultivada nos �ltimos oito anos deu origem ao projeto Existe amor, j� lan�ado nas plataformas digitais – e que, por enquanto, deve permanecer no �mbito digital, sem previs�o de vers�o f�sica. “Era um desejo antigo ter um registro musical nosso, mas que a gente ficava guardando num lugar de acalanto. Tamb�m nunca ousei falar isso com ele. Mas aconteceu tudo de modo muito natural”, comenta Criolo.

Nossa inten��o � somar ainda mais com cada projeto, que tem como objetivo ajudar as pessoas durante a pandemia. E a m�sica � nossa ferramenta principal para que isso aconte�a%u201D

Milton Nascimento, cantor e compositor

REPERT�RIO
O �lbum � uma conex�o de trabalhos dos dois. Cais, do disco Clube da Esquina, de 1972, d� inicio ao EP. A m�sica ganhou uma abertura com o piano do pernambucano Amaro Freitas, que tamb�m aparece em N�o existe amor em SP, releitura da faixa de Criolo gravada em N� da orelha e primeiro single do EP. Ambas foram produzidas, gravadas e finalizadas neste ano, antes da pandemia do novo coronav�rus.

“Para a voz de Milton, fiz um arranjo de piano que vem do conceito tradicional, pensando nos pianistas franceses, como �ric Satie e Yann Tiersen, nessa linha meio psicod�lica do piano erudito, com poucas notas e com muita inten��o. A voz de Milton te leva para o espiritual. Busquei juntar as melhores frequ�ncias sonoras para combinar com a voz dele”, explica Amaro Freitas.

“Para Criolo, pensei na uni�o do hip-hop com o jazz. Trazer a harmonia do jazz e misturar isso com o suingue da rua. Dois caras que s�o refer�ncias para mim s�o os pianistas americanos Robert Glasper e Herbie Hancock, que tem uma onda black music, com acordes maneiros, ensolarada e cheia de esperan�a. Tento traduzir isso. Trago isso para a parte do Criolo, que tem uma voz mais firme e agressiva, mas, ao mesmo tempo, suave. Foram dois meses de uma experi�ncia muito legal”, completa.

Dez anjos, que Criolo e Milton Nascimento compuseram para Gal Costa e que integrou o �lbum Estratosf�rica (2015), e O tambor, faixa do rapper com o maestro Arthur Verocai para o disco No voo do urubu (2016), haviam sido gravadas em 2018 com arranjos do pr�prio Verocai. O trabalho completo teve dire��o musical de Daniel Ganjaman.

A reuni�o de Milton e Criolo � resultado da amizade e tamb�m das conex�es musicais dos artistas, mesmo que ocupem lugares distintos na m�sica brasileira. “Esse encontro entre a gente � uma coisa que vai al�m da m�sica. � um encontro ancestral, e esse projeto � uma consequ�ncia direta disso. Acho que tudo come�a a partir da nossa amizade. Sem isso, a gente n�o teria criado nada, digo no sentido musical mesmo, pois n�o teria uma verdade. Ent�o, acredito que a nossa hist�ria pessoal (que � muito parecida), a nossa afinidade e, principalmente, a nossa vis�o de mundo, s�o o que nos complementa neste projeto”, avalia Bituca.

“Acredito que a gente se encontra numa s�rie de lugares, acho que as hist�rias e os gostos. Nosso desejo de levar alguma coisa de positivo, de abra�o com a nossa m�sica, dividir isso com tudo mundo j� s�o grandes pontos de encontro”, comenta Criolo. “A diferen�a muito clara nisso tudo � que Milton � o mestre e eu sou o aluno, um aluno ainda com muitas dificuldades e muita coisa para melhorar. Talvez nem merecesse estar nessa sala com esse mestre, mas � mais ou menos por a�”, completa o rapper.

"Foi uma conex�o gigante de tr�s gera��es... Uma rela��o fant�stica que trouxe o mais belo de cada um. Quando voc� faz a fus�o desses sentimentos sonoros, a beleza aflora naturalmente"

Amaro Freitas, pianista

FUS�O
Sobre a parceria com a dupla, o pianista pernambucano Amaro Freitas diz: “Foi uma conex�o gigante de tr�s gera��es num ambiente de troca musical que � um est�dio. Um encontro que emocionou, pelo que cada um representa dentro da sua linha musical. Como Criolo falou, foi vivo e pulsante. Uma rela��o fant�stica que trouxe o mais belo de cada um. Foi uma explos�o de beleza art�stica. Quando voc� faz a fus�o desses sentimentos sonoros, a beleza aflora naturalmente”.

EXISTE AMOR

De Milton Nascimento e Criolo

Oloko Records e Nascimento M�sica

4 faixas

Dispon�vel nas plataformas digitais. 

CAMPANHA SOLID�RIA

As doa��es podem ser feitas no existeamor.com/doe, por meio da plataforma de crowdfunding administrada pela Benfeitoria. O fundo � gerenciado pela Sitawi, que repassar� os recursos �s organiza��es � de Lei, SP Invis�vel e Arsenal da Esperan�a, entre outras.