
Os recursos financiar�o o desenvolvimento de 1.315 projetos. Cada um ter� o aporte de R$ 1,9 mil para realiza��o de v�deos das diversas express�es art�sticas, que ser�o transmitidos gratuitamente em ambientes digitais e nas emissoras estatais, como a Rede Minas e a R�dio Inconfid�ncia.
As produ��es devem cumprir crit�rios t�cnicos de resolu��o, propor��o e �udio, com dura��o de 10 a 20 minutos. Segundo o edital, dispon�vel no site da Secult (www.cultura.mg.gov.br), ser�o contempladas as �reas de m�sica, artes c�nicas, artes visuais, audiovisual, patrim�nio, literatura e setores integrados a elas. Um dos requisitos � a promo��o do desenvolvimento cultural regional. As inscri��es se encerram em 15 de junho.
H� preocupa��o com a viabiliza��o dos v�deos neste momento, apesar do al�vio com o lan�amento do Arte Salva, que prev� outro edital para a semana que vem. Ele ser� focado em produtores, gestores e t�cnicos, al�m da rede de apoio solid�rio, com doa��es de alimentos e outras a��es de assist�ncia a profissionais da cultura e do turismo mais atingidos pela pandemia.
“O formato � esse, e as pessoas v�o ter que se virar. Precisamos de apoio para fazer os v�deos com qualidade. Mesmo que alguns tenham celular que produzam boas imagens, eles carecem de uma produ��o que destaque o seu trabalho. Mas esperamos que isso atenda. N�o � uma d�diva, nada vem de m�o beijada, � bom que possamos receber pela realiza��o do nosso trabalho”, afirma Magdalena Rodrigues, presidente do Sindicato dos Artistas e T�cnicos de Espet�culos e Divers�es de Minas Gerais (Sated-MG).
Ela destaca que o Arte Salva pode ser boa oportunidade para o governo ter “uma lista, um cadastro” dos meios art�sticos e culturais e de seus realizadores. De acordo com Magdalena, isso � importante para organizar novas pol�ticas de retomada da atividade cultural, quando for o momento, j� que essa � outra grande preocupa��o do setor. “N�o sabemos como ser� a volta. Ou melhor, ser� um novo come�o”, diz a presidente do Sated.

O que mais incomoda � que os editais t�m valor de R$ 2,5 milh�es e sabemos queh� R$ 19 milh�es no Fundo, dinheiro da cultura gerado pela cultura
Makely Ka, membro do F�rum da M�sica
F�RUM
O cantor e compositor Makely KA integra o F�rum da M�sica, formado por artistas e outros profissionais do setor. Trata-se de uma das dezenas de entidades, grupos e coletivos que assinaram solicita��o conjunta enviada � Secult, em ainda mar�o, reivindicando a��es de amparo � cultura durante a pandemia, como a cria��o de bolsas individuais de pesquisa, no valor de R$ 10 mil, e pr�mios para manuten��o de coletivos culturais, via recursos do Fundo Estadual de Cultura. Valores bem superiores aos oferecidos para realiza��o dos v�deos no edital rec�m-lan�ado.
Ainda assim, Makely v� o projeto Arte Salva como “alento”, apesar de ele n�o satisfazer toda a demanda do setor. “Veio em �tima hora, mas n�o estamos satisfeitos. Minas tem 853 munic�pios. D� pouco mais de um projeto para cada cidade e sabemos que muitas ficam na regi�o de BH. Imagino que haja pelo menos um trabalhador da cultura em cada cidade de Minas”, observa.
De acordo com Makely, o valor proposto pelos trabalhadores da cultura era maior, pois previa a perspectiva de seis meses de atendimento. Ele acredita que R$ 1,9 mil, por esse per�odo, resulta em quantia mensal inferior aos R$ 600 que o governo federal paga como aux�lio emergencial nesta pandemia.
“De qualquer forma, atenderam a nossa solicita��o de que fosse n�o um programa s� para artistas, mas para todos os trabalhadores da cultura”, destaca Makely.
O compositor tamb�m se preocupa com as condi��es para v�rios participantes, tanto artistas quanto t�cnicos e produtores contemplados no pr�ximo edital, gravarem seus v�deos.
“Incomodou a exig�ncia t�cnica, colocada como se fosse uma contrapartida. Tem custo editar v�deo, fazer material de qualidade. Sabemos que esses valores n�o s�o baratos, se voc� quer fazer uma coisa bem feita, isso ficou como contrapartida. Ou seja, o recurso � pouco e isso ainda fica na conta do artista ou de quem for aprovado”, argumenta.
Makely faz um apelo: “O que mais incomoda � que os editais t�m valor de R$ 2,5 milh�es e sabemos que h� R$ 19 milh�es no Fundo, dinheiro da cultura, gerado pela cultura. Esse dinheiro precisa ser descontingenciado”.
GAR�ONS
O cantor lembra que o Arte Salva tamb�m abrange trabalhadores do turismo e gar�ons. “Quantos milhares de gar�ons h� em Minas? Eles precisam de apoio, mas s�o recursos da cultura usados para atender o setor comercial. � uma situa��o delicada atender cultura e turismo dessa forma”, adverte, adverte.
Cultura e turismo foram reunidas em uma �nica secretaria em 2019, quando Romeu Zema (Novo) assumiu o governo do estado. Por�m, o compositor Makely Ka destaca que, no momento, h� bom di�logo do setor com Le�nidas Oliveira, que assumiu a pasta recentemente.
Sula Mavrudis espera novos editais

Sula Mavrudis, presidente da Rede de Apoio ao Circo e diretora dessa �rea no Sindicato dos Artistas e T�cnicos em Espet�culos de Divers�es de Minas Gerais (Sated-MG), entende que o programa Arte Salva “atende a demandas em v�rias frentes”.
Para ela, “o projeto, al�m de editais, tem a campanha de arrecada��o e de entrega de cestas b�sicas pela Cruz Vermelha e Mesa Brasil”. Tamb�m destaca que a proposta prev� “uma engrenagem, muitos parceiros, iniciativa privada, sociedade civil, etc, al�m de assessoria para as cidades e munic�pios do interior. Esperamos que cada circo aprove um projeto”.
O circo � identificado como um dos principais alvos do edital, parte do patrim�nio imaterial do estado, assim as culturas tradicionais, populares, artesanato e a cultura alimentar. Atualmente, h� cerca de 70 circos estacionados no interior de Minas sem condi��es de apresentar espet�culos devido � pandemia do novo coronav�rus.
A gravidade do quadro gera preocupa��o relativa ao mecanismo de sele��o. “O edital � necess�rio, n�o h� outra forma de o governo dar dinheiro para os artistas, mas ele � seletivo. Ser�o 1.315 projetos escolhidos, mas isso n�o abrange a totalidade dos trabalhadores da cultura. � uma primeira iniciativa, mas vamos precisar de outros editais setoriais, espec�ficos para teatro, dan�a, circo. Por�m, para quem n�o tinha nada at� agora, (o Arte Salva) foi importante”, conclui Sula Mavrudis.