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Estado de Minas M�SICA

Anast�cia comanda o forr�, apesar do coronav�rus

Aos 80 anos, a cantora lan�a EP com in�dita de Dominguinhos para animar as festas juninas em tempos de pandemia. E avisa: %u201CN�o vamos deixar passar o s�o-jo�o, mesmo em casa%u201D


postado em 15/06/2020 04:00 / atualizado em 15/06/2020 00:39

Anastácia, cantora e compositora:
Anast�cia, cantora e compositora: "Logo estaremos desfrutando de novo da nossa liberdade para poder correr atr�s de um forr�, dan�ar e cantar. Enquanto isso, vamos fazer a nossa fogueira improvisada%u201D %u201CQuando encontro uma letra, a vontade � aproveitar que ainda lembro e gravar logo, porque a melodia ainda est� na cabe�a. Vai que daqui a pouco come�o a chamar Jesus de Gen�sio, n�?%u201D %u201CFalavam que ele era feito s� para homem cantar porque tinha de ter muito f�lego. E eu dizia: Se mulher tem f�lego para parir, n�o vai ter para cantar forr�?%u201D (foto: Manoel Ara�jo/divulga��o )

Em seus rec�m-completados 80 anos, a cantora e compositora Anast�cia jamais testemunhou um m�s de junho sem os “arrai�s” dedicados a Santo Ant�nio, S�o Jo�o e S�o Pedro, como ocorre agora por causa da COVID-19. No entanto, gra�as � Rainha do Forr�, a trilha sonora das festas juninas dom�sticas ter� algumas faixas in�ditas. A artista pernambucana acaba de lan�ar a primeira parte de Anast�cia 80, EP com cinco parcerias gravadas pouco antes de a pandemia chegar.
 
A produ��o � assinada por Zeca Baleiro, parceiro de Anast�cia em Venha logo (com Chico C�sar nos vocais e Joquinha Almeida na sanfona) e O sert�o est� chorando (cantada por Amelinha, com Adriano Magoo na sanfona). O duetos contam tamb�m com Roberta Miranda, Jorge de Altinho e Mariana Aydar.
 
“Tive o privil�gio de ter v�rios sanfoneiros, um em cada m�sica. Tamb�m est�o l� Mestrinho, Cosme Oliveira e Genaro Tocador Cosme. S�o contribui��es que me fortalecem muito, porque a mais fraquinha sou eu”, brinca Anast�cia, autora de cerca de 800 m�sicas ao longo de 60 anos de carreira. Entre elas est� o hit Eu s� quero um xod�, parceria com Dominguinhos e sucesso na voz de Gilberto Gil.

ALCEU Em breve, a segunda parte do projeto ser� lan�ada, tamb�m com convidados ilustres – Alceu Valen�a � um deles. As grava��es ainda n�o ocorreram por causa da pandemia.
 
“Conversei com o Zeca Baleiro, decidimos lan�ar o que j� tinha sido gravado para aproveitar meus 80 anos e mostrar alguma coisa nova para as pessoas. A vida � assim, n�o podemos parar, temos de estar sempre em busca de novos horizontes”, afirma Anast�cia. Ela vem cumprindo o isolamento social em sua casa, em S�o Paulo. Otimista, garante: “Logo tudo vai passar.”
 
Cronista e int�rprete “das coisas bonitas do Nordeste”, como gosta de dizer, as letras de Anast�cia falam de saudade, partidas e chegadas. Boa parte dessa obra foi escrita com o eterno parceiro Dominguinhos, com quem ela foi casada nos anos 1960.
 
“A m�sica � um universo infinito. Nesse novo disco, quis juntar pessoas que t�m a ver com o meu trabalho e a minha regi�o. Todos aceitaram, foi muito bom contar com Chico C�sar, Amelinha – sempre fui apaixonada pela voz dela –, Hermeto Pascoal, Jorge de Altinho – que tem uma voz muito gostosa – e Roberta Miranda, que � paraibana. S� a Mariana Aydar n�o � nordestina”, diz. Essa cantora paulista, de 40 anos, � forrozeira assumida.
 
Pois � justamente a “forasteira” paulistana que divide com Anast�cia a in�dita Venceu a solid�o. “Ela estava em meu acervo, n�o havia sido gravada, ningu�m conhecia. Nem Dominguinhos a conheceu gravada. Quis cantar num estilo um pouco diferente do meu, esta can��o traz a grandeza excepcional desse m�sico brasileiro de penetra��o mundial que tive o privil�gio de ter como parceiro em mais de 200 composi��es”, afirma ela.
 
Com seus 80 anos, Anast�cia exibe mem�ria invej�vel. “Quando mexo na papelada e encontro uma letra, a vontade � de aproveitar que ainda lembro e gravar logo, porque a melodia ainda est� na cabe�a. Vai que daqui a pouco come�o a chamar Jesus de Gen�sio, n�?”, brinca.
Em seis d�cadas de dedica��o � m�sica, Anast�cia ajudou a escrever a hist�ria do forr�. Hoje, ela se alegra com a popularidade alcan�ada pelo g�nero em todo o pa�s. “Foi uma coisa demorada, uma longa jornada. O Nordeste sempre foi uma regi�o muito esquecida, relegada ao segundo plano em tudo, inclusive na cultura musical”, observa. “Apesar dos 500 anos do descobrimento do pa�s, at� hoje ainda descobrem alguma coisa nova de l�..”
 
Anast�cia cita o legado de Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro, “que deram o pontap� inicial”, e o trabalho do grupo Falamansa, criado nos anos 1990. “Fomos chegando, os jovens foram gostando, e a m�sica nordestina faz parte de um contexto da MPB. N�o � s� uma coisa regional, voc� v� v�rias nuances, n�o � s� aquela coisa do sert�o, gra�as a Deus. J� sofremos muito preconceito, associavam o Nordeste sempre � seca, � mis�ria e � viol�ncia, mas hoje sabe-se que temos muitas coisas bonitas, especialmente o povo, muito amoroso”, celebra.

MULHERES A cantora e compositora se orgulha de ter constru�do o espa�o feminino no forr� ao lado de outras pioneiras. “Viemos a Marin�s (1935-2007), a �nica mulher que cantava forr� nos anos 1950, e eu. Naquela �poca, falavam que ele era feito s� para homem cantar porque tinha de ter muito f�lego. E eu dizia: Se mulher tem f�lego para parir, n�o vai ter para cantar forr�? A� esse mito foi se desfazendo, vieram a Cremilda e muitas outras. Hoje, temos uma infinidade de mulheres cantando”, comemora Anast�cia.
 
O forr� est� “em evolu��o constante”, acredita a veterana. “Antigamente, a rapaziada mais jovem tinha vergonha de aprender a tocar sanfona, era coisa de velho, de matuto. Mas Dominguinhos mostrou aos quatro cantos do mundo a beleza do instrumento, quando bem tocado. Hoje, os jovens querem aprender – n�o aprender de qualquer jeito, mas estudar na faculdade. Mo�as e rapazes est�o enveredando por esse caminho apaixonante, o que me deixa muito feliz, porque contribu� para isso, assim como Marin�s, Gonzaga, Jackson. Tivemos um papel importante”, alegra-se.
 
Conformada com este junho at�pico e confinada dentro de casa, ela diz que � hora de “dan�ar conforme a m�sica”. E faz um apelo: “A regra � para todos, quanto mais a gente colaborar, mais r�pido vai passar. Logo estaremos desfrutando de novo da nossa liberdade para poder correr atr�s de um forr�, dan�ar e cantar. Enquanto isso, vamos fazer a nossa fogueira improvisada, comer bolo de milho, pa�oca, porque n�o vamos deixar passar o s�o-jo�o, mesmo em casa”, conclui.
 
 


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