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Estado de Minas MISTURA SONORA

Eletr�nica e pop conversam em novo �lbum da 'Bj�rk venezuelana'

Conhecida por sua parceria com a cantora islandesa e por sua m�sica inclassific�vel, Arca lan�a 'KiCk i', primeiro t�tulo do que ela promete ser uma tetralogia


postado em 08/07/2020 04:00

Arca na imagem de capa do disco KiCk i, no qual exalta sua identidade não binária. Disco traz as participações das cantoras Rosalía e Sophie. Björk divide com ela a faixa Afterwards(foto: Reprodução)
Arca na imagem de capa do disco KiCk i, no qual exalta sua identidade n�o bin�ria. Disco traz as participa��es das cantoras Rosal�a e Sophie. Bj�rk divide com ela a faixa Afterwards (foto: Reprodu��o)
N�o � de hoje que a artista venezuelana Arca, de 30 anos, est� na linha de frente da chamada m�sica experimental. Al�m de ter estabelecido uma parceria criativa frut�fera e duradoura com a islandesa Bj�rk, a compositora e DJ tamb�m � considerada uma das respons�veis por atualizar a m�sica eletr�nica que habita o mainstream: seu trabalho como produtora est� presente na discografia de nomes c�lebres como Kanye West e FKA Twigs.

Quando anunciou a chegada de seu novo �lbum contendo a participa��o da espanhola Rosal�a e da escocesa Sophie – outras duas estrelas em ascens�o –, a impress�o que ela deixou era de que esse trabalho seria seu cart�o de visitas para o grande p�blico da m�sica pop.

Com sonoridade singular e uma imagem de capa imposs�vel de ignorar, KiCk i (XL Recordings), que chegou �s plataformas digitais no �ltimo dia 26 de junho, soa como o produto de um esfor�o consciente da artista para se transformar no centro de sua pr�pria cria��o.

No disco anterior, Arca, de 2017,  a artista j� havia conseguido desviar a aten��o de sua personalidade mutante exibindo uma impressionante capacidade vocal e talento na produ��o, marcada por grande sensibilidade.

voz No trabalho atual – primeiro de uma s�rie de quatro �lbuns –, ela mostra a capacidade de usar a voz como um instrumento vers�til. O resultado � um registro de est�dio fluido, multidimensional e um deleite para ouvidos �vidos por uma sonoridade supostamente inimagin�vel, que parece vir de um lugar depois do futuro.

Essas qualidades v�o ao encontro do que Arca representa hoje, dentro de sua identidade n�o conformista queer e de g�nero. Nascida em Caracas e filha de pais burocratas, Alejandra Ghersi, como consta em sua carteira de identidade, descreve sua inf�ncia como um “tipo de bolha”, e teve dificuldades em aceitar o fato de ser transexual.

Ainda que ela esteja longe de ser a primeira artista a adotar a abordagem hiperpop na m�sica eletr�nica como um meio de desafiar padr�es de g�nero, poucos o fizeram de uma maneira t�o convincente at� aqui.

A faixa de abertura, Nonbirany, funciona, de fato, como uma introdu��o ao conjunto do que o disco representa. “Eu n�o dou a m�nima para o que voc� pensa/ Voc� n�o me conhece”, canta ela. “Que prazer � ser n�o bin�rio, ma ch�rie!”, completa.

Lamentavelmente, no entanto, a batida quebrada e minimalista da m�sica n�o consegue acompanhar a energia que Arca emprega na voz. Em outras faixas, como Watch (parceria com Shygirl) e Rip the slit, esse equil�brio est� alinhado. Ambas s�o inquietantes e cheias de vitalidade.

La ch�qui traz o encontro dos estilos experimentais de Arca e Sophie em uma faixa cheia de momentos explosivos. J� KLK, sua parceria com Rosal�a, � um raeggaton futurista, caracter�stica tamb�m presente em Mequetrefe.

Para um �lbum que pode facilmente ser descrito como o mais acess�vel de Arca at� hoje, KiCk i n�o se enquadra em uma defini��o �nica. Nele, a artista consegue introduzir uma nova atmosfera musical que parece ter como base centenas de refer�ncias e, ainda assim, manter sua vis�o singular e h�brida.

Apesar de seus muitos destaques, o registro traz momentos estranhos como No queda nada, que flerta com o que Arca realizou no disco de 2017, e Afterwards, deslocada parceria com Bj�rk, que provavelmente se destacaria em um ambiente mais adequado.

Apesar desse deslize, a colabora��o entre as duas artistas � cheia de bons momentos. Ap�s lan�ar seu disco de estreia, Xen (2014), Arca foi escalada por Bj�rk para trabalhar no disco Vulnicura (2015), considerado um dos melhores da artista islandesa.

Dois anos depois, as duas se encontraram novamente para a produ��o do d�cimo �lbum de Bj�rk, Utopia (2017). O disco � fruto de um trabalho colaborativo entre as duas artistas – tanto que Arca � creditada em 10 das 14 faixas.

Diferentemente dos moldes da colabora��o em Vulnicura, projeto no qual Arca embarcou depois que todas as m�sicas e arranjos j� estavam prontos, Utopia resulta de uma parceria desde o in�cio, processo que Bj�rk admitiu ser novo para ela. A islandesa declarou sobre Arca: “Vi nela uma grande musicista, com certeza, e senti que ela entrou no meu mundo com muita eleg�ncia e dignidade e interpretou-o”.

Tarefa provavelemente �rdua, vide a complexidade do trabalho da islandesa, Arca demonstra que tem se esfor�ado para interpretar tamb�m o universo que descende de sua imagina��o e criatividade. Com a promessa de pelo menos mais tr�s �lbuns na mesma linha de KiCk i, ainda h� muito para ela nos apresentar.

Imagem de Björk em exposição dedicada à artista islandesa, exibida pelo MoMA em 2015(foto: Timothy A. Clary/AFP )
Imagem de Bj�rk em exposi��o dedicada � artista islandesa, exibida pelo MoMA em 2015 (foto: Timothy A. Clary/AFP )


A NOVIDADE (AINDA) VEM DA ISL�NDIA

Encabe�ada por Bj�rk, que se tornou uma sensa��o mundial ap�s o lan�amento do disco Debut (1997), a cena musical islandesa � um celeiro de artistas �vidos por deixar o pa�s do Oceano Atl�ntico Norte e ganhar o mundo. Para tanto, muitos deles abrem m�o de seu idioma e adotam o “universal” ingl�s para compor. Entretanto, h� aqueles que se mant�m fi�is �s ra�zes e produzem can��es na l�ngua islandesa, o que lhes confere um ar quixotesco.
Esse � o caso de Herra Hnetusmj�r. Sozinho, ele � considerado o maior rapper da Isl�ndia e canta sobre suas experi�ncias de vida a partir de uma abordagem jocosa. Seus quatro trabalhos de est�dio v�o do tradicional hip-hop � m�sica eletr�nica e, muito embora a letra seja incompreens�vel para os n�o fluentes em island�s, a sonoridade muito se assemelha ao que o mundo todo est� acostumado.

CANTORA O mesmo ocorre com Br�et. Representante islandesa da safra de cantoras que aliam uma voz afinada a um instrumental eletr�nico, ela talvez seja o maior nome de uma nova gera��o do pop island�s. Ainda que sua maior refer�ncia, no in�cio da carreira, tenha sido Miley Cyrus, a cantora j� demonstra um caminho pr�prio, nos singles e EPs que lan�ou. Destaque para Heyrou mig, o mais recente e aquele no qual ela introduz a m�sica eletr�nica em seu repert�rio.
Vocalista e l�der da banda de p�s-rock Sigur R�s, J�nsi se prepara para lan�ar seu segundo disco solo,  uma d�cada ap�s a chegada de Go (2010). Programado para o pr�ximo 2 de outubro, Shiver sair� pelo selo Krunk e ter�, ao todo, 11 faixas. Entre elas, uma parceria com a cantora sueca Robyn e Liz Fraser, ex-vocalista do Cocteau Twins. Os singles Exhale e Swill j� est�o dispon�veis nas plataformas digitais. O segundo, inclusive, tem produ��o assinada por A. G. Cook, fundador do selo PC Music.

Bj�rk anuncia show em agosto

Com o pico da Covid-19 deixando de ser uma realidade em determinados pa�ses do Hemisf�rio Norte, a vida tende a se “normalizar”. A Isl�ndia, por exemplo, praticamente venceu a epidemia e registra pouqu�ssimos casos da doen�a desde maio. Nesse contexto, Bj�rk anunciou sua volta aos palcos, com tr�s apresenta��es em Reykjav�k, agendadas para os pr�ximos dias 9, 15 e 23 de agosto, na casa de shows Harpa Hall, cujo audit�rio principal comporta um p�blico de at� 1.800 pessoas. A renda ser� revertida para ONGs que lutam por causas feministas no pa�s. A performance contar� com participa��es da Orquestra Sinf�nica da Isl�ndia e do coral Hamrahl�. Em nota, Bj�rk informou que as performances ser�o ac�sticas e n�o ter�o elementos eletr�nicos. “Sinto que estamos passando por momentos at�picos, horripilantes, mas tamb�m � uma oportunidade de mudarmos de forma verdadeira”, afirmou.


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