Burna Boy combina alegria e esperan�a em disco com mensagens sociais

Em abril passado, Burna Boy apareceu para o grande p�blico pela primeira vez durante o One world: Together at Home, festival beneficente e on-line com curadoria de Lady Gaga que reuniu Paul McCartney, The Rolling Stones e Elton John, entre outros astros. Sua performance de African giant, m�sica que d� t�tulo ao �lbum lan�ado em julho do ano passado, chamou a aten��o nos quatro cantos do mundo. De repente, todos se questionavam: quem � Burna Boy?

Nascido Damini Ebunoluwa Ogulu Rex, o cantor e compositor nigeriano, de 29 anos, ganhou fama com o single Like to party, de 2012, seguido do �lbum L.I.F.E – Leaving an impact for eternity (2013). Sua estreia internacional ocorreu mais tarde, em 2017, depois de assinar com grandes gravadoras nos Estados Unidos e lan�ar o disco Outside (2018).

 

A popularidade crescente de estilos como reggae, dancehall e afrobeat torna este momento bastante auspicioso para um artista como Burna Boy. Em seu trabalho, ele combina diferentes estilos contempor�neos com a heran�a nigeriana e cria algo t�o cativante quanto inovador.

Mas o que realmente torna seu sexto �lbum, Twice as tall (Atlantic Records/Warner), uma bem-vinda adi��o a seu cat�logo � a maneira como ele encara temas obscuros em ritmo dan�ante – e at� otimista.

Lan�ado na �ltima sexta-feira (14) e dispon�vel nas principais plataformas digitais, o trabalho abre com uma introdu��o que parece retirada de um filme protagonizado por Fred Astaire (1899-1987). Alguns segundos de estranhamento depois e, pronto, l� est� a inconfund�vel voz de Burna Boy cantando sobre dissabores de ser um artista negro galgando espa�o no mercado internacional.

“Lembro quando eu n�o conseguia subir de n�vel/ Porque o Grammy me fez sentir muito mal/ Fazendo perguntas como: 'Por que n�o fomos n�s?'”, canta ele em Level up, faixa com a participa��o do m�sico senegal�s Youssou N'Dour.

Embora melanc�lica, a can��o se mistura perfeitamente com a faixa seguinte, a dan�ante Alarm clock, que mistura os �timos vocais de Burna com batidas fortes. O ritmo animado se mant�m em Way too big, um dos destaques do disco por conta da sonoridade eletr�nica.

Com 15 faixas e produ��o executiva assinada por Diddy, Bosede Ogulu e pelo pr�prio Burna Boy, Twice as tall tamb�m traz a participa��o do rapper brit�nico Stormzy na faixa Real life.

Gravado quase inteiramente em Lagos, na Nig�ria, devido �s restri��es impostas pela pandemia, o disco apresenta um pouco da cultura nigeriana para o mundo com trechos em iorub� em meio a letras majoritariamente em ingl�s – com sotaque nigeriano, � claro. O single Wonderful, lan�ado no final de junho para anunciar a chegada do �lbum, � um bom exemplo disso.

“� importante mostrar que a m�sica � uma for�a unificadora que transcende as fronteiras. Esta can��o � sobre as 'maravilhas' de ver o impacto da minha m�sica na vida das pessoas enquanto elas compartilham suas alegrias, dores e prazeres comigo quando viajo pelo mundo”, afirmou Burna Boy, em comunicado enviado � imprensa.

“Isso serve como uma nota de que n�o importa o qu�o longe voc� v�, ou o quanto voc� trabalhe, voc� deve sempre estar pronto para voltar para casa. A pandemia for�ou todos n�s a nos refugiarmos em nossas casas. Acima de tudo, a �frica � o lar, � a p�tria m�e de todas as pessoas. Para que realmente importemos, a �frica tem que importar”, declarou o artista.

 

Muito embora o disco seja uma celebra��o, na maioria das faixas, Twice as tall reserva momentos de reflex�o sobre as experi�ncias dos negros. Em tom �pico, Monsters you made fala sobre racismo e escravid�o, dialogando diretamente com as manifesta��es do movimento Black Lives Matter. A faixa conta com a participa��o de Chris Martin, vocalista da banda Coldplay.

S�lido e fiel ao estilo que consagrou Burna Boy como um dos artistas mais intrigantes da �ltima d�cada, Twice as tall reitera a capacidade do nigeriano de misturar sons, estilos e culturas para criar can��es que falam sobre um mundo melhor, sem se descolar das quest�es sociopol�ticas e hist�ricas que definem a sociedade contempor�nea.

 

A parceria mais recente de Burna Boy � com o brit�nico Sam Smith. A can��o foi lan�ada como single em 30 de julho e integra o EP Stripped, liberado na �ltima sexta-feira (14), e composto por vers�es ac�sticas de m�sicas do cantor como Latch, Dancing with a stranger e To die for, al�m de um cover de Fix you, do Coldplay.

Presente no �lbum Heavy is the head (2019), do Stormzy, Own it conta com a participa��o de Burna Boy e Ed Sheeran. Lan�ada em dezembro de 2019, a faixa antecipa a afinidade musical que Stormzy e Burna mostram em Real life. A can��o foi t�o bem-sucedida que ganhou remix assinado pelo rapper e produtor sul-coreano Changmo.

Lan�ada em agosto de 2019, a m�sica Be honest marca o segundo encontro de Burna Boy com a cantora brit�nica Jorja Smith, que participa da faixa Gum body, do �lbum African giant. Dessa vez, os dois se unem num reggaeton, pavimentando o caminho para o segundo disco de Jorja, sucessor do �timo Lost & found (2018).

Al�m de Beyonc�, Burna Boy � o �nico m�sico a ter uma faixa solo no disco The lion king: The gift (2019), que serviu de inspira��o para o rec�m-lan�ado filme Black is king. Em JA ARA E, ele canta em iorub� e em ingl�s sobre como se manter firme e focado na fam�lia.

Comprovando, mais uma vez, sua afinidade com artistas brit�nicos, Burna Boy fez uma participa��o no �ltimo trabalho de est�dio de Lily Allen, No shame (2018), na faixa Your choice. A parceria dos dois tamb�m rendeu outro fruto: Lily aparece em Heaven's gate, m�sica presente no disco Outside, lan�ado por Burna tamb�m em 2018.

Ainda que Mania (2018) seja uma salada eletr�nica de gosto bastante duvidoso, a faixa Sunshine riptide � uma das poucas que se salvam no disco da banda de pop punk estadunidense Fall Out Boy. Al�m disso, a can��o prova que Burna Boy n�o alimenta preconceitos sobre estilo musical ao assinar parcerias.