O longa argentino O roubo do s�culo chegaria �s salas de cinema no primeiro semestre, mas teve sua estreia adiada em raz�o da pandemia do novo coronav�rus (foto: Warner/Divulga��o)
Passados dois meses e meio desde a abertura do primeiro cinema drive-in da Grande Belo Horizonte, somente a partir desta semana esse formato de exibi��o contar� com filmes in�ditos. At� domingo (30), os dois empreendimentos do g�nero em atividade na regi�o de Nova Lima – Cineart, em Alphaville, e Go Dream, no Vila da Serra – lan�am dois t�tulos nacionais –Tr�s ver�es, de Sandra Kogut, e Breve miragem do sol, de Eryk Rocha, e um argentino, O roubo do s�culo, de Ariel Winograd.
Os tr�s filmes teriam chegado ao circuito de salas no primeiro semestre deste ano, n�o fosse a pandemia do novo coronav�rus. “Agora, quando come�a o movimento de abertura dos cinemas (em outras cidades do pa�s), as distribuidoras est�o liberando os lan�amentos. Manaus j� abriu, e h� a perspectiva de abertura de importantes cidades”, comenta L�cio Otoni, diretor de programa��o da Cineart, a maior exibidora de Minas Gerais (70 salas em 14 complexos).
A despeito da aus�ncia de novidades na tela grande at� ent�o, o p�blico tem aprovado os drive-ins. Seja unicamente para sair de casa em meio ao isolamento social, conhecer uma novidade com cara de nostalgia ou tamb�m para sentir um gostinho da sala escura, j� que os cinemas est�o fechados desde mar�o, as exibi��es ao ar livre, mas dentro do carro, v�m ganhando adeptos.
“Nunca tinha ido e fui duas vezes com a minha m�e. Estou cumprindo as medidas de isolamento de maneira muito certinha, estava com certa inseguran�a de sair de casa. Mas me senti muito segura”, comenta a advogada Gabriela Kayano, que assistiu aos filmes Whiplash e Yesterday no Go Dream.
Para ela, ver um filme em um drive-in � uma terceira experi�ncia, que n�o pode ser comparada � sala do cinema nem tampouco a assistir a um filme em casa. “Embora n�o tenha o calor humano de uma sala, e ele faz um pouco de falta, por outro lado voc� consegue assistir a um filme em paz, sem conversa no meio do filme.”
VOLTA NO TEMPO
A banc�ria Camila Gontijo, que foi com o marido, filhos e nora por duas ocasi�es no Cineart Alphaville, achou que o drive-in d� a sensa��o de uma volta no tempo. “Eu j� tinha ido h� muitos anos, ent�o foi como reviver a experi�ncia. E em fam�lia foi muito bacana, pois no carro voc� fica mais � vontade.”
O mesmo ocorreu com o economista Leandro Dias, que levou os filhos para assistir a produ��es infantojuvenis no drive- in de Alphaville e do Mix Garden (este j� desativado). “Nunca imaginei que isso fosse poss�vel, pois, para mim, drive-in era coisa da d�cada de 1960. Na primeira vez, fui com curiosidade. E como achamos legal, resolvemos voltar.” Ver filme de dentro do carro, de acordo com ele, n�o prejudica a exibi��o. “A disposi��o dos carros j� � feita pensando nisso.”
Leandro, como todo espectador, sente falta de ir ao cinema. “Porque � o contexto de sair de casa, n�o � s� ver um filme. O drive-in vem como um substituto, apesar de n�o haver contato com outras pessoas”, ele diz.
Na sala escura, o economista geralmente se incomoda com as luzes do celular. “No drive-in eu percebi que o inc�modo pode ser similar com o farol dos carros. Mas �s vezes � s� algu�m ligando por causa da bateria. Como o som est� dentro do carro, a sua aten��o acaba indo para ouvir e ver a imagem, o que acaba n�o incomodando tanto.”
O som, por sinal, chamou a aten��o das amigas Let�cia Brant, assistente de produ��o, e Lu�sa Borges, consultora em sustentabilidade, que foram juntas ao Cineart Alphaville assistir a La la land: Cantando esta��es. A c�pia era dublada.
SOM
“Foi o �nico contra, pois estou acostumada a ver filme legendado”, diz Lu�sa. “O som � muito bom, pensei que n�o fosse. Parece que voc� est� dentro do filme”, acrescenta Let�cia. Diante disso, a dublagem n�o as incomodou tanto.
Para Let�cia, a pequena op��o de filmes � desanimadora, ainda mais porque “n�o � barato”. O valor do ingresso varia de R$ 50 a R$ 90, por ve�culo. Para o dentista Lucas Mendes, “� um pouco mais salgado” do que o pre�o de uma entrada para o cinema. “Mas valeu pelo meu domingo � noite. Acho que se tivesse filme novo seria mais vi�vel manter”, acrescenta.
O chef Caio Soter j� conhecia o drive-in de Bras�lia, que funciona h� muitos anos naquela cidade. Assistiu a Whiplash em Nova Lima. “No carro, voc� fica fechado no seu mundinho, seja com namorada ou fam�lia, ent�o � bem legal. E tamb�m n�o tem gente do lado conversando. Por outro lado, pode conversar com quem est� com voc� quando quiser, comentando alguma coisa do filme sem incomodar ningu�m.”
Os dois drive-ins de Nova Lima j� t�m data para acabar. O Go Dream funciona at� 13 de setembro. O Cineart Alphaville tamb�m ficar� ativo somente at� meados do pr�ximo m�s. “Esta � a ideia, mas n�o tem rela��o com a abertura dos cinemas, � mais por causa do in�cio do per�odo de chuvas”, diz L�cio Otoni. As salas da Grande BH n�o t�m previs�o de reabertura. “Estamos preparando com os devidos protocolos, mas n�o h� nada definido.”
A atriz mineira B�rbara Colen interpreta a enfermeira Karina em Breve miragem do sol. Fabr�cio Boliveira vive um desempregado que passa a trabalhar como motorista para pagar as contas (foto: Miguel Vassy/Divulga��o)
Longa filmado dentro de um t�xi estreia no drive-in
A atriz belo-horizontina B�rbara Colen nunca esteve em um drive-in. Talvez estreie neste domingo (30) para se ver, ao lado da fam�lia, na tela grande, pois ela integra o elenco de Breve miragem do sol, que ter� sess�o no Go Dream. No mesmo dia, o longa-metragem de Eryk Rocha come�a a ser exibido na plataforma Globoplay.
Lan�ado em outubro de 2019 no BFI Festival de Cinema de Londres e no Brasil no Festival do Rio, onde levou tr�s pr�mios, o filme acompanha a personagem de Fabr�cio Boliveira. Ap�s ficar desempregado no Rio de Janeiro, Paulo come�a a dirigir um t�xi durante a noite, para garantir o seu sustento e do filho Mateus (Cadu N. Jay). A enfermeira Karina (B�rbara Colen) se torna uma de suas passageiras.
“A Karina trabalha em um hospital p�blico da Zona Norte. Os dois t�m um encontro que n�o chega a ser um romance. S�o mais dois seres humanos cansados, precisando de consolo”, comenta a atriz, que fez laborat�rio em prontos-socorros do Rio para se preparar para a personagem. Boa parte da narrativa � ambientada dentro do t�xi, “um microcosmo de tudo”.
“� um filme muito noturno e traz um pouco da claustrofobia de ficar tanto tempo dentro de um carro. Pela maneira como foi filmado, mostra a dimens�o da solid�o dos trabalhadores”, diz B�rbara. Ela conta que nas cenas filmadas no carro s� estavam ela, Fabr�cio, Eryk e Miguel Vassy, o diretor de fotografia.
“Filmamos com a cidade aberta, as pessoas na rua, n�o tinha loca��es pensadas. Tudo podia acontecer, pois lidamos com o risco do real. E houve coisas incorporadas (ao filme), como a pol�cia que parou o t�xi. A gente meio que brincava com a improvisa��o para continuar filmando.”
SEM SAIR DO CARRO
Confira a programa��o
deste fim de semana
GO DREAM
Estacionamento da Faculdade Milton Campos – Rua Senador Milton Campos, 202, Vila da Serra, Nova Lima. Ingresso (por carro): sexta e domingo: R$ 70; s�bado: R$ 90. Vendas: www.godreambrasil.com.br. Capacidade: 100 carros
» Sexta (28)
•23h: Entrando numa fria maior ainda com a fam�lia (2010)