
Isso porque as protagonistas, Maya e Anna, de 13 anos, s�o interpretadas pelas atrizes Maya Erskine e Anna Konkle, ambas de 33. Al�m disso, todas as crian�as com as quais elas contracenam – os meninos de quem gostam e as meninas que as rejeitam – s�o vividos por adolescentes de verdade.
Portanto, visualmente falando, a s�rie traz algo de absurdo. A presen�a das duas, caracterizadas como jovens garotas dos anos 2000, com direito a aparelhos nos dentes, � bizarra. Anna, por exemplo, � particularmente inadequada. Alta demais, sobressai-se aos meninos baixinhos pelos quais fica obcecada. Maya, por sua vez, protagoniza uma tentativa de cortar o cabelo sozinha, o que n�o d� certo. A �nica solu��o � apostar no corte “tigelinha”.
Meio epis�dio depois, tudo come�a a parecer natural. Erskine e Konkle, que criaram e coescreveram a s�rie com Sam Zvibleman, s�o �timas atrizes, cuja falta de vaidade permite atua��o totalmente entregue, quase sem limites. Al�m disso, observar a estranheza de seus corpos adultos interpretando crian�as de 13 anos � uma lembran�a intensa da pr�pria incongru�ncia que a adolesc�ncia traz consigo.
No primeiro epis�dio que marca o in�cio do s�timo ano escolar para as personagens, Maya � tachada como a “garota mais feia da escola”. Na tentativa de calar seus detratores, ela pede ajuda ao irm�o, Shuji (Dallas Liu), que a ensina a xingar da forma mais humilhante poss�vel. O problema � que Maya n�o aprende direito e acaba se complicando por enfrentar um dos valent�es.
Anna � a t�pica garota rom�ntica que sonha com a aten��o do menino mais bonito da escola, Alex (Lincoln Jolly). Enquanto ele n�o se declara – algo que ela tem certeza que vai acontecer, apesar dos foras j� tomados –, aceita namorar o estranho Brendan (Brady Allen), em quem d� o primeiro beijo e se arrepende na mesma hora.
A produ��o tamb�m aborda assuntos como masturba��o, ass�dio moral, div�rcio e racismo. Pen15 n�o poupa o espectador quando se trata de desenterrar ang�stias da adolesc�ncia. O bom � que tudo isso � tratado com uma grande dose de humor e afeto. N�o � como em Haters back off, da Netflix, no qual a protagonista Miranda (Colleen Ballinger) � um ser odi�vel. Maya e Anna s�o vulner�veis e isso as torna carism�ticas.
choro
Por viverem uma vers�o de si mesmas, as protagonistas e autoras encaram a s�rie como uma esp�cie de catarse. Em entrevista ao jornal ingl�s The Guardian, Erskine se lembra de “chorar histericamente” enquanto filmava. “Quando voc� est� revivendo, parece tortura. Mas tamb�m � muito calmante. Parece uma resolu��o depois de toda essa dor que empurramos para baixo”, explicou.
Na mesma entrevista, Konkle ponderou: “Pode ser um gatilho. � um experimento social estranho que estamos fazendo com n�s mesmas. Em 30 anos, vou olhar para tr�s e pensar: ‘Bem, isso acabou comigo.’ Ou: ‘Isso foi t�o curativo’. Ou algo no meio disso.”
A s�rie, produ��o da norte-americana Hulu, vem colhendo bons frutos. No ano passado, recebeu uma indica��o ao Emmy, algo que deve se multiplicar no futuro, j� que a segunda temporada acabou de estrear nos Estados Unidos e vem recebendo elogios dos ve�culos de imprensa norte-americanos.
Por conta da pandemia, o lan�amento da segunda leva de epis�dios foi dividido em dois. A primeira parte cont�m sete. Ser�o 14, quatro a mais do que o primeiro ano. No Brasil, os novos epis�dios n�o t�m previs�o de estreia. A primeira temporada est� dispon�vel na Paramount+.
PEN15
. Primeira temporada
.10 epis�dios
. Paramount