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Estado de Minas S�RIE

'The crown' estreia sua quarta e melhor temporada neste domingo (15)

S�rie sobre a casa real brit�nica mostra a rainha Elizabeth envolvida numa complexa trama familiar e pol�tica com Lady Di e Margareth Tatcher


15/11/2020 04:00 - atualizado 15/11/2020 07:25

A atriz de teatro Emma Corrin interpreta Lady Di, a Princesa do Povo(foto: Fotos: Netflix/Divulgação)
A atriz de teatro Emma Corrin interpreta Lady Di, a Princesa do Povo (foto: Fotos: Netflix/Divulga��o)
Tem como ficar melhor? N�o restam d�vidas. Quanto mais se aproxima do tempo presente, mais The crown se torna instigante para a plebe, que agora pode ouvir o que (supostamente) foi dito entre os muros intang�veis da realeza brit�nica. 

Cobrindo principalmente a d�cada de 1980 – os 10 novos epis�dios, com estreia neste domingo (15), na Netflix, v�o do final dos anos 1970 at� o in�cio dos 1990. Assim, a narrativa criada por Peter Morgan chega � era das celebridades. 

At� ent�o sem rival � altura, a rainha Elizabeth (defendida com uma firmeza cheia de nuances por Olivia Colman) encontra em duas mulheres sem nenhuma afinidade com a fam�lia real duras concorrentes

Quem conseguiu passar batido pela brilhante saga que acompanha os Windsor a partir da metade do s�culo 20 dever� se render a The crown nesta temporada. Seus dois chamarizes s�o diametralmente opostos: a Dama de Ferro e a Princesa do Povo.

Gillian Anderson garante a Margaret Thatcher um registro que n�o tem nada a ver com o que deu a Meryl Streep seu terceiro Oscar, por A dama de ferro (2011). O tom de voz inabal�vel e a postura se mant�m por toda a temporada. Mas a personagem vai se descortinando aos poucos. Como sabemos, trata-se da primeira mulher (e at� agora �nica) a ocupar o cargo de premi� do Reino Unido. Ela foi tamb�m a pessoa que se manteve nele por mais tempo no s�culo passado.
 
� poss�vel sentir at� empatia por ela, em sua ris�vel tentativa de participar de um fim de semana no Castelo de Balmoral, na Esc�cia, em meio � chuva, lama e ca�adas com os membros da fam�lia real. Thatcher, que no primeiro encontro com a rainha afirma que n�o haveria nenhuma mulher entre seus ministros, porque afinal n�o faz sentido haver mulheres no poder, � vista sob um ï¿½ngulo mais favor�vel em outra ocasi�o, quando seu filho Mark desaparece em meio ao Rally Paris-Dakar.

Depois do sucesso de A favorita, Olivia Colman encarna a rainha Elizabeth
Depois do sucesso de A favorita, Olivia Colman encarna a rainha Elizabeth

�RVORE 

Mas os olhares, nesta temporada, estar�o todos voltados para Emma Corrin. A atriz de 24 anos, que vem dos palcos e come�a a dar os primeiros passos no cinema e na televis�o, empresta um ar ao mesmo tempo doce e fr�gil � personagem. Diana era uma crian�a crescida quando conheceu o pr�ncipe Charles (Josh O’Connor, com mais destaque e for�a do que na terceira temporada), vestida de �rvore para uma apresenta��o de Sonho de uma noite de ver�o na escola.

N�o havia como o romance dar certo, j� que fica claro, desde o momento inicial, que nunca houve romance. S� que ningu�m disse isso a ela. Diana foi uma das figuras p�blicas mais amadas do s�culo passado. Foi uma “princesa do Instagram” muito antes de se ouvir falar em redes sociais. 

Emma Corrin tinha pela frente uma personagem complexa: doce, esperta e fr�gil, Diana tamb�m sabia ser calculista, infantil e petulante. E ela alcan�a um resultado ï¿½ altura da complexidade de Diana. A t�mida inclina��o da cabe�a da princesa, uma de suas marcas registradas, est� l�. O famoso constrangimento do an�ncio do noivado de Charles e Diana – “O que o amor significa?”, disse o pr�ncipe – � recriado.

O que a fic��o traz que a vida real nunca mostrou explicitamente s�o os momentos de solid�o. O terceiro epis�dio, ironicamente intitulado Conto de fadas, � aberto com o aviso: “Este epis�dio cont�m cenas de um dist�rbio alimentar que podem ser um gatilho emocional”.

A partir desta mensagem, descobrimos o mundo da t�o falada bulimia da princesa, que se manifestou antes do casamento, quando Diana, sem o menor contato com Charles e a rainha, passava seus dias em Buckingham preparando-se com a av� megera (que era dama de companhia da rainha m�e) e patinando sozinha nas salas vazias do pal�cio. No meio disso,  tinha que lidar com Camila Parker-Bowles (Emerald Fennell), a rival que muito mais tarde finalmente tomou seu lugar. 

The crown n�o � a melhor s�rie hist�rica deste e de outros tempos somente pelo elenco exemplar, pela dire��o de arte e fotografia (assinada pelo paulistano Adriano Goldman) nos quais foram gastos milh�es de libras, al�m de muito talento. Mas tamb�m pelo m�rito de desvendar, com uma lupa, a narrativa que milh�es de pessoas, mundo afora, se acostumaram a acompanhar por meio da imprensa.

Gillian Anderson vive a primeira-ministra Margaret Thatcher, a Dama de Ferro
Gillian Anderson vive a primeira-ministra Margaret Thatcher, a Dama de Ferro

CRISE 

Os 10 novos epis�dios cobrem n�o apenas o noivado, o casamento e a crise conjugal de Charles e Diana. Na esfera pol�tica, a Casa de Windsor teve que lidar com as consequ�ncias mortais do terrorismo do IRA, com uma crise econ�mica que levou a taxa de desemprego ï¿½s alturas, uma avalanche, uma guerra e dois arrombamentos do Pal�cio de Buckingham.

Criador da s�rie, Peter Morgan alinhava a trama de tal maneira que cada epis�dio tem vida pr�pria. Ele dificilmente cai no �bvio, o que poderia deixar morosa uma hist�ria de �poca com tantas d�cadas e personagens. Um bom exemplo da costura engenhosa entre p�blico e privado se d� no quarto epis�dio, Favoritos.

De um lado, temos Thatcher impressionantemente fragilizada com o sumi�o do filho Mark. “E ele � meu favorito”, comenta, casualmente, mas entre l�grimas, com a rainha, em uma das famosas audi�ncias privadas com a soberana. Elizabeth, um tanto chocada com a prefer�ncia confessa por um dos filhos, decide se reunir em separado com cada um de seus quatro herdeiros para tentar estreitar la�os – e descobrir se tamb�m tem uma prefer�ncia (o que o sempre mordaz pr�ncipe Philip de Tobias Menzies j� havia identificado, por sinal).

O encontro com cada filho se revela um fracasso – aten��o para o di�logo que Elizabeth tem com Andrew (Tom Byrne), o terceiro filho, um pren�ncio do esc�ndalo sexual que ganhou vulto recentemente e o fez se afastar da vida p�blica. 

Em meio � pr�pria crise familiar, assistimos a Thatcher primeiramente evitando uma decis�o sobre a invas�o das Falklands pelos argentinos. Posteriormente, com o filho em casa, vemos a primeira-ministra indo com tudo para a Guerra das Malvinas por motiva��es pessoais. E, a partir do triunfo b�lico do Reino Unido, a mandat�ria finalmente alcan�a a popularidade que nunca teve at� ent�o.

Ainda que retrate acontecimentos e pessoas que foram manchete no planeta, a escrita da s�rie o faz sempre por um �ngulo inusitado. Privil�gio, sexismo e preconceito – os Windsor s�o retratados como ensimesmados e avessos ao que surgir de fora e n�o fa�a parte das elites – v�m � tona ao longo da temporada. 

The crown perpassa todo o drama da d�cada de 1980 com suas melhores caracter�sticas. Para o espectador, que at� ent�o havia assistido a tudo de longe, essa proximidade, ainda que ilus�ria, � um presente.

THE CROWN
>>  A quarta temporada, com 10 epis�dios, estreia neste domingo (15) na Netflix


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