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Estado de Minas CINEMA

B�rbara Paz: 'Queria retratar o le�o que era Hector Babenco'

Estreia em BH o document�rio brasileiro que vai brigar pelo Oscar 2021. Filme mostra a luta do diretor, que enfrentou o c�ncer por 20 anos, pela vida e seu amor pelo cinema


26/11/2020 04:00 - atualizado 26/11/2020 09:26

Filmado em preto e branco, Babenco - Alguém tem que ouvir o coração e dizer: parou estreia nesta quinta-feira nas salas de cinema de Belo Horizonte(foto: HB/divulgação)
Filmado em preto e branco, Babenco - Algu�m tem que ouvir o cora��o e dizer: parou estreia nesta quinta-feira nas salas de cinema de Belo Horizonte (foto: HB/divulga��o)

Na imagem de arquivo, Hector Babenco aparece no Dorothy Chandler Pavilion, em Los Angeles, durante a cerim�nia do Oscar em 1986. Ele era anunciado como um dos indicados ao pr�mio de Melhor dire��o por O beijo da Mulher Aranha, ao lado de Peter Weir (A testemunha), Akira Kurosawa (Ran), John Huston (A honra do poderoso Prizzi) e do vencedor Sydney Pollackv (Entre dois amores).

Trinta e cinco anos depois, o argentino naturalizado brasileiro pode voltar � celebra��o m�xima do cinema mundial, com seu nome, imagem e obra presentes no document�rio Babenco – Algu�m tem que ouvir o cora��o e dizer: parou. Dirigido por B�rbara Paz, com quem ele foi casado e compartilhou mais do que o matrim�nio, o longa, indicado para representar o Brasil na corrida pelo Oscar 2021, estreia nesta quinta-feira (26) nas salas de BH.

MARCO

A chancela da Academia Brasileira de Cinema (ABC) para disputar a vaga no Oscar de Melhor filme internacional � mais uma conquista de B�rbara Paz, de 46 anos. Em 2019, o longa foi premiado como o Melhor document�rio do Festival de Veneza. A diretora v� nisso tudo “o reconhecimento de um filme pessoal, �ntimo e delicado”.

� a primeira vez que o Brasil escolhe um document�rio para representar o cinema nacional no Oscar. “Um marco, pois temos muitas produ��es maravilhosas. Hector merecia isso de volta. Foi um homem que levou o cinema nacional para o mundo, para o Oscar”, diz a diretora.

A ga�cha B�rbara conheceu Babenco em sua atividade como atriz –  carreira iniciada no teatro, nos anos 1990, que se estendeu � TV e ao cinema. Em 2001, ela se tornou conhecida nacionalmente ao vencer o reality show A casa dos artistas, atra��o do SBT/Alterosa. Os dois se casaram em 2010, ap�s alguns anos de namoro.

A ideia do document�rio sobre Babenco veio diante da piora da sa�de do cineasta, depois de lutar por mais de 20 anos contra o c�ncer. Naquela �poca, foi lan�ado o �ltimo filme dele, Meu amigo hindu (2016), que remete a aspectos autobiogr�ficos sobre a doen�a terminal e ao relacionamento com uma mulher mais jovem. Babenco morreu aos 70 anos, em julho de 2016.

“Primeiro, queria registrar este homem, este pensador. N�o s� a cinebiografia dele, mas o homem que conheci e amei. Era isso o que queria fazer: deixar registrado o amor pelo cinema e pela vida que ele tinha, porque foi o cinema que o manteve vivo. Ele ficou vivo para fazer filmes, e quase todos fez doente. Queria retratar o le�o que era Hector Babenco”, revela B�rbara Paz.

O document�rio � o primeiro longa-metragem dirigido por ela. Totalmente filmado em preto e branco, n�o tem depoimentos. Embora surjam di�logos registrados na conviv�ncia �ntima com Babenco, tanto em momentos de interna��o hospitalar quanto no trabalho (como no making of de Meu amigo hindu), eles s�o fragmentados.

Filmagens originais se intercalam com imagens de arquivo dos bastidores das produ��es de Babenco nos anos 1980 a 2000, construindo uma est�tica mais ensa�stica.

A obra do cineasta � totalmente contemplada, com passagens que remetem a L�cio Fl�vio, o passageiro da agonia, O beijo da Mulher Aranha, Pixote, a lei do mais fraco, Ironweed e Carandiru. Mais do que um registro sobre suas percep��es cinematogr�ficas e sua dedica��o ï¿½ arte, trata-se de um document�rio sobre a finitude.

Logo na primeira cena, Babenco devaneia sobre receber a “senten�a de morte”. Em outro momento, o relato � mais objetivo: quando dirigia Brincando nos campos do senhor (1990), na selva, ele era obrigado a pegar um jatinho para S�o Paulo e se tratar para poder continuar trabalhando. O m�dico Drauzio Varella chegou a lhe dizer que teria mais quatro ou seis meses de vida. O c�ncer linf�tico foi tratado com um transplante de medula.

Em uma de suas cenas mais potentes no document�rio, Babenco diz: “Nunca passou pela minha cabe�a que eu pudesse deixar de existir. Sempre tive confian�a ilimitada na minha capacidade de ter sorte e sobreviver.”

Privilegiada pelo contato al�m das c�meras e sets com Babenco, B�rbara tenta imaginar o que ele diria sobre o filme. “Vejo ele s� sorrir e falar: ‘Est� vendo? O que eu disse? Acredite em voc�, acredite no seu olhar. Vai, voa’. Ele torcia muito para isso. Tenho certeza de que ele n�o quer arredar o p� daqui, deve estar vendo tudo, de algum lugar”, afirma a diretora.

B�rbara sugere tr�s longas para quem pretende conhecer melhor a obra de Babenco: Pixote, a lei do mais fraco, O beijo da Mulher Aranha e Ironweed . “S�o filmes de den�ncia, tr�s filmes fortes, que denunciam algo que est� � margem da sociedade. Eles conversam entre si”.

PETRA

B�rbara Paz elogia a produ��o documental brasileira, que disputou o Oscar, em 2020, com Democracia em vertigem, dirigido pela mineira Petra Costa. A estatueta ficou com Ind�stria americana, produ��o norte-americana.

Petra, inclusive, � produtora associada do filme de B�rbara. “Ela � uma documentarista incr�vel, sempre trocamos muitas ideias. Temos muitas diretoras importantes no Brasil que j� passaram, como a Suzana Amaral (1932-2020), e atuais, como a Carolina Jabor. Fico muito honrada em ser mais uma mulher brasileira fazendo document�rios”, diz.

A atriz e diretora comemora a exibi��o de Babenco – Algu�m tem que ouvir o cora��o... nas salas de cinema. “Espero que o p�blico queira ver na tela grande, fiz para a tela grande. � um filme testemunho, acho que as pessoas est�o um pouco cansadas de fic��o, desejando a realidade. Document�rio � um formato muito consumido no streaming. � preciso uma janela bem maior, poucos document�rios ficam em cartaz. Ent�o, � bom que o p�blico saiba que existem document�rios maravilhosas no mundo todo”, conclui.

PARA VER BABENCO

Por B�rbara Paz

(foto: Universo/divulgação)
(foto: Universo/divulga��o)

• Pixote, a lei do mais fraco (1980)
“Um dos filmes mais fortes do cinema nacional, traz um relato quase documental da mis�ria e da viol�ncia �s quais os menores de idade s�o submetidos no Brasil. O protagonista, Pixote, � interpretado por Fernando Ramos da Silva (foto), que tinha 12 anos quando fez o filme. Sem sequ�ncia na carreira de ator, ele foi morto posteriormente, aos 19, por agentes da Pol�cia Militar de S�o Paulo. O longa ainda tem Mar�lia P�ra em papel de destaque, como a prostituta Sueli.”
. Indicado ao Globo de Ouro de Melhor filme estrangeiro, em 1982.

(foto: HB/divulgação)
(foto: HB/divulga��o)

• O beijo da Mulher Aranha (1985) 
“Adaptado do romance hom�nimo de Manuel Puig, o filme � estrelado por William Hurt (foto), Ra�l Julia e S�nia Braga. Trata de temas relacionados � diversidade sexual e � ditadura militar, a partir da hist�ria compartilhada por dois prisioneiros.”
. Selecionado para o Festival de Cannes, em 1985, que deu a William Hurt o pr�mio de Melhor ator. Babenco foi indicado � Palma de Ouro de Melhor diretor. Babenco foi indicado ao Oscar de Melhor dire��o, em 1986. William Hurt ganhou o Oscar de Melhor ator, em 1986.

(foto: Tristar Pictures/divulgação)
(foto: Tristar Pictures/divulga��o)

•Ironweed (1987)
“Nessa produ��o norte-americana, Babenco dirige dois dos maiores nomes de Hollywood: Meryl Streep e Jack Nicholson (foto). A dupla interpreta  Francis Phelan e Helen Archer, dois alco�latras que tentam conviver com lembran�as duras do passado.”
. Jack Nicholson e Meryl Streep foram indicados ao Oscar de Melhor ator e de Melhor atriz, em 1988.


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