
“Acredito que todos os grupos culturais v�o mostrar a sua arte e, como forma de resist�ncia, falar que, mesmo em tempos de pandemia, n�s combinamos de n�o morrer”, afirma a produtora cultural J�nia Bertolino, de 54 anos, que tamb�m faz parte da Cia. Baob� Minas. Segundo a idealizadora do projeto, a premia��o � um momento de resist�ncia neste ano marcado por epis�dios de racismo latentes no Brasil e no mundo.
Djonga foi escolhido como destaque masculino para chamar a aten��o para o ativismo antirracista, a principal bandeira do rapper belo-horizontino. “Seu papel serve, sobretudo, para refor�ar a import�ncia da identidade negra, para a gente ter orgulho das nossas ra�zes, ancestralidade e da conscientiza��o de que, atrav�s da nossa postura, podemos construir um mundo melhor”, justifica J�nia. A artes� e educadora popular Herc�lia Herculano, membro do Grupo Olubat� de Percuss�o e pesquisadora sobre negros ligados � minera��o em Sabar�, foi eleita como destaque feminino.
O padre Mauro Luiz da Silva – criador do Museu dos Quilombos e Favelas (Muquifu), coordenador do projeto de pesquisa e Centro de Documenta��o NegriCidade e comandante da comunidade cat�lica do Bairro Vista Alegre – ser� homenageado na categoria religiosidade. Segundo ele, a premia��o foi uma surpresa devido ao apoio da Igreja Cat�lica � escravid�o nos s�culos passados. “Traz certa perplexidade justamente pela hist�ria dessa Igreja, mas � poss�vel fazer outras leituras. Me deixa feliz pensar que n�o s�o todos os padres que s�o racistas”, afirma.
Com o objetivo de dar visibilidade a pessoas e a��es protagonistas na cidade em diversas �reas, a premia��o � distribu�da em 14 categorias: teatro, atua��o pol�tica, dan�a, personalidade negra, manifesta��o cultural, m�sica, men��o honrosa, literatura, religiosidade e protagonismo juvenil. Estreando nesta edi��o est�o resist�ncia LGBTQ+, representatividade mirim, artes visuais e destaque homem negro e mulher negra. Os vencedores recebem o pr�mio criado pelo artista pl�stico mineiro Jorge dos Anjos.
Al�m das premia��es, a noite contar� com quatro atra��es. Em sua primeira participa��o, Djonga vai cantar tr�s m�sicas e se apresenta como um parceiro do Pr�mio Zumbi de Cultura. “Foi um presente para a gente. Ele aceitou justamente por acreditar na import�ncia desse evento na cidade”, explica J�nia.
A Cia. Baob� vai trazer algumas linguagens africanas, com ritmos de Guin� Conacri e instrumentos de Senegal. “� um momento tamb�m para trabalhar as leis 10.639 e 10.645, que defendem a obrigatoriedade do ensino da hist�ria da �frica, afrobrasileira e ind�gena nas escolas, centros culturais e teatros”, defende J�nia. A performance tamb�m conta com leitura de poemas, sendo um deles sobre o genoc�dio da juventude negra.
O grupo Negras Autoras vai apresentar m�sicas e poemas autorais, buscando afirmar a import�ncia da mulher em cena. Por fim, Fabinho do Terreiro mant�m a tradi��o do evento de sempre trazer um sambista para animar a noite.
''Acredito que todos os grupos culturais v�o mostrar a sua arte e, como forma de resist�ncia, falar que, mesmo em tempos de pandemia, n�s combinamos de n�o morrer''
J�nia Bertolino, produtora cultural
PARCERIAS
J�nia Bertolino acredita que o pr�mio ter� um valor a mais em 2020. “Promover essa 11ª edi��o � consolidar parcerias e, mesmo em tempos de pandemia, perdas e racismo, ressaltar a nossa cultura e narrativas negras atrav�s de poemas, cantos e vestimentas”. Segundo Padre Mauro, a import�ncia do pr�mio, neste ano, � a den�ncia: “A gente precisa aproveitar todos os espa�os abertos para denunciar a situa��o na qual popula��o negra vem sendo colocada ao longo destes s�culos”.O Pr�mio Zumbi de Cultura teve in�cio em 2010, no Grande Teatro do Pal�cio das Artes, com objetivo de ocupar lugares nobres de Belo Horizonte para reunir grupos de representatividade negra. Durante as sete primeiras edi��es, o evento n�o contou com nenhum tipo de financiamento ou lei de incentivo. Ao longo dos anos, o projeto foi crescendo e, hoje, � financiado pelo Fundo Estadual de Cultura (FEC), contando com apoio do Teatro Sesiminas, MM Gerdau – Museu das Minas e do Metal, Funda��o Municipal de Cultura, Secretaria Municipal de Cultura e Embaixada da Fran�a no Brasil.
* Estagi�rio sob supervis�o da subeditora Tet� Monteiro
11º Pr�mio Zumbi de Cultura 2020
Nesta sexta-feira (27), �s 19h, no Teatro Sesiminas (Rua Padre Marinho, 60, Santa Efig�nia), com ingressos a R$ 10, limitados a 30% da capacidade do local. O evento tamb�m ter� transmiss�o pelo YouTube da Cia Baob� Minas e Instagram do Pr�mio Zumbi de Cultura. Informa��es: (31) 3241-7181