
Sequ�ncia do sucesso lan�ado em 2017, d�cima maior arrecada��o mundial daquele ano, o novo longa tem novamente Patty Jen- kins na dire��o e Gal Gadot no papel principal. Desta vez paramentada de forma mais imponente, com a armadura dourada j� vista em trailers e cartazes.
Se o longa anterior apresentou a origem da personagem ainda como a princesa amazona Diana, mostrando como ela se torna a Mulher-Maravilha numa trama ambientada na Primeira Guerra Mundial, 1984 se passa 70 anos depois. A hero�na tem a mesma apar�ncia, for�a e jovialidade gra�as aos seus superpoderes.
Os inimigos s�o outros. O vil�o da vez � o empres�rio Max Lord (Pedro Pascal), cujos planos maquiav�licos passam pelo museu onde a Mulher-Maravilha tenta levar uma vida comum como a funcion�ria Diana Prince. Lord tem como parceira de maldades uma colega de trabalho de Diana, Barbara Minerva (Kristen Wiig), a supervil� Mulher-Leopardo.
Paralelamente � pirot�cnica luta do bem contra o mal, a Mulher-Maravilha se destaca por enfrentar o machismo. No primeiro filme, a personagem, oriunda de uma sociedade inteiramente dominada pelas mulheres, conhece o mundo opressor dos homens. O novo enredo se conecta ao contexto da luta feminista nos anos 1980, na medida do poss�vel para um filme de super-her�i – ou melhor, super-hero�na.
Para a cr�tica Kate Erbland, do site especializado americano IndieWire, o filme � sobre “brincar com magia e desejos, apenas para v�-los levar a ramifica��es horr�veis, satisfa��o instant�nea e a revela��o de que mentir nunca � sem consequ�ncias. Essas s�o algumas grandes oscila��es. Nem todas funcionam, mas as que acontecem s�o alegres e genuinamente dignas de reflex�o”.
Com or�amento de US$ 200 milh�es, Mulher-Maravilha: 1984 ser� o primeiro filme de super-her�i lan�ado nos cinemas desde Aves de Rapina: Arlequina e sua emancipa��o fantabulosa, de fevereiro, protagonizado pela vil� Arlequina (Margot Robbie) e integrante do universo cinematogr�fico da DC, assim como Mulher-Maravilha, Batman e Superman.
Principal concorrente da DC, os est�dios Marvel preferiram adiar para 2021 o longa Vi�va Negra, dedicado � personagem de Scarlett Johansson, grande aposta para 2020 (o lan�amento seria em abril). Com isso, Mulher-Maravilha se tornou a solit�ria hero�na da pandemia.

Streaming
No Brasil, onde a estreia ocorre uma semana antes da Europa e dos EUA, a exibi��o ser� exclusiva nos cinemas. No exterior, o lan�amento acontecer� nas salas e no servi�o de streaming HBO Max.
Essa decis�o do est�dio Warner gerou pol�mica, com descontentamento de empresas exibidoras e de empres�rios de artistas como Gal Gadot e Patty Jenkins. De acordo com o jornal The New York Times, um acordo teve que ser feito pelo est�dio para que elas recebam o valor adicional de US$ 10 milh�es pela veicula��o de seu trabalho em outras telas.
Entrevista/Patty Jenkins/cineasta
“Estrear em meio a mudan�as � belo e v�lido”Ricardo Daehn
A diretora Patty Jenkins n�o se intimida com a pandemia, que atrasou a estreia de seu filme Mulher-Maravilha 1984, nas salas de cinema. “A Mulher-Maravilha � algo de que o mundo precisa agora. Ela n�o se encerra no conceito de derrubar os malvados. Ela desperta amor, compaix�o, gentileza e o desejo de se aprimorar como ser humano”, afirma.

Como definiria o poder da Mulher-Maravilha de enxergar, sem julgamentos, as fraquezas e de entender gestos inesperados dos inimigos?
Esse � um ponto-chave, um fator para as coisas mais interessantes que tocam Diana. Normalmente, h� her�is e vil�es. Na maior parte do tempo, eles ficam tentando destruir uns aos outros. Eles perseguem a tentativa de se livrar uns dos outros, tendo por base o �dio. O diferencial de Diana � que ela nunca deseja machucar ou destruir ningu�m, mesmo quando s�o pessoas m�s. Ela tem o sentimento bondoso da compreens�o. Ela se v� como uma pessoa prestativa, preocupada em melhorar a vida de quem est� � sua volta, cuida do mundo que a envolve. No filme, uma das vil�s � amiga dela. Diana se mostra favor�vel a reeducar, a ajudar a pessoa a sair da trilha errada. Isso � fascinante e conduz a uma esfera de luta diferenciada.
Qual � a import�ncia desta hero�na em tempos de pandemia?
Espero que o filme toque as pessoas de modo extremado e profundo. A Mulher-Maravilha � algo de que o mundo precisa agora. Ela n�o se encerra no conceito de derrubar os malvados. Ela desperta amor, compaix�o, gentileza e desejo de se aprimorar como ser humano. Diana se desafia para se tornar uma pessoa melhor, ainda que esteja na posi��o de hero�na. H� resili�ncia e vontade de transforma��o nela. O roteiro traz uma mensagem de amor e de otimismo, algo positivo, alegre e divertido. No primeiro filme, a vis�o de muitas pessoas foi associar a personagem apenas �s mulheres, como uma esp�cie de s�mbolo. Mas ela representa muito mais do que isso. Ela � um presente real para as mulheres, mas, atualmente, se tornou um s�mbolo para a humanidade.
No atual contexto de ajuste dos valores da humanidade, seria poss�vel inserir N�bia, a g�mea negra da Mulher-Maravilha, nas hist�rias que vir�o no cinema?
Sim. N�s temos um futuro filme em andamento e avan�ando ou n�o no tempo das tramas, N�bia se mostra um dos grandes personagens.
Como v� o lan�amento do filme nos Estados Unidos simultaneamente em streaming e nas salas de cinema?
N�o era o modo ideal pelo qual queria lan��-lo, mas temos que nos ajustar �s circunst�ncias de hoje. Eu n�o poria, normalmente, f� no modo como ser� lan�ado. Realmente acredito em experi�ncias que passam pelo lan�amento nas salas de cinema. Entretanto, os tempos t�m nos obrigado a nos ajustar. Nesse cen�rio, acho que estrear em meio a mudan�as � belo e v�lido. Claro que estou descontente com o fato de o filme n�o ter o lan�amento costumeiro e do tamanho esperado. Mas estou feliz de poder entreg�-lo ao mundo de um modo muito seguro, o que traz um sentido pleno e muito forte.
Voc� conduziu o violento Monster – Desejo assassino (2003), sobre uma serial killer. Como dosa a viol�ncia no novo Mulher-Maravilha?
Acho interessante observar cada caso, e isso inclui o filme Monster. Voc� sabe, h� quest�es de mortes que tocam os dois filmes, particularmente em rela��o ao que acontece com Mulher-Maravilha. Como diretora, voc� est� sempre detectando qual � o foco emocional de algo. Ser� que encaixa, combina? Tamb�m n�o explorei muito grafismo em Monster, mas, emocionalmente, n�o fui indulgente com a plateia. A personagem doentia promove momentos muito desconfort�veis.
H� equil�brio de viol�ncia em Mulher-Maravilha 1984?
Estou, como artista, muito familiarizada com a viol�ncia e a a��o, sinto que estou sempre tentando contar a hist�ria e posicionar o p�blico em um lugar no qual experimente o que, de fato, seja importante no �mbito da a��o e da viol�ncia. No caso de Mulher-Maravilha, adoro o fato de n�o haver a morte de uma pessoa no filme. Mulher-Maravilha desvia de tudo para evitar mortes de pessoas e para anular vil�es de agigantados poderes, sempre sem que algu�m morra. Acho que � um tremendo e divertido desafio.