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Estado de Minas LAN�AMENTO

Novo filme de George Clooney vira met�fora sobre a pandemia

O c�u da meia-noite revisita a amea�a � vida humana em meio a uma cat�strofe global e a miss�es espaciais em busca de um local seguro para o recome�o


20/12/2020 04:00 - atualizado 20/12/2020 08:13

Além de dirigir, George Clooney está em cena, isolado num observatório no Círculo Polar Ártico, em meio à catástrofe global (foto: fotos: NETFLIX/DIVULGAÇÃO)
Al�m de dirigir, George Clooney est� em cena, isolado num observat�rio no C�rculo Polar �rtico, em meio � cat�strofe global (foto: fotos: NETFLIX/DIVULGA��O)

"Se continuarmos negando a ci�ncia, as mudan�as clim�ticas, n�o � inconceb�vel que algo grande ocorra. Ao terminarmos de filmar, veio a pandemia e a� ficou claro que a hist�ria do filme era sobre nossa desesperada necessidade de estar em casa com aqueles que amamos"

George Clooney, ator


A realidade vem atropelando a fic��o continuamente ao longo de 2020. O c�u da meia-noite, s�timo longa-metragem dirigido por George Clooney (aqui tamb�m protagonista e produtor), seria o mesmo com ou sem COVID-19. Mas sua leitura muda totalmente diante da pandemia em curso.

Produzido pela Netflix, que lan�a o filme na quarta-feira (23/12), � uma adapta��o do romance Good morning, midnight (Bom-dia, meia-noite, em tradu��o livre) da escritora americana Lily Brooks-Dalton – o volume, de 2016, j� traduzido em 17 idiomas, permanece in�dito no Brasil. A exemplo do que ocorreu com outros longas, a plataforma fez um lan�amento reduzido em salas de cinema – em BH, O c�u da meia-noite est� em cartaz �s 18h20 e �s 20h50, no Cine Ponteio.

S�o quase dois filmes em um, cujas narrativas convergem no final. � fevereiro de 2049. No Observat�rio Barbeau, no C�rculo Polar �rtico, o velho astr�nomo Augustine Lofthouse (Clooney) assiste, sozinho, ao embarque de seus antigos companheiros em busca de um lugar seguro. Uma cat�strofe global est� dizimando toda forma de vida na Terra. Augustine decide permanecer no local para monitorar os astronautas que est�o em miss�es.

No espa�o, uma tripula��o comemora sua bem-sucedida incurs�o: o grupo descobriu que � poss�vel habitar um novo planeta. O comandante Gordon Adewole (David Oyelowo) est� � frente da equipe, formada pela especialista em comunica��o Sully (Felicity Jones), pelo piloto Mitchell (Kyle Chandler), pelo engenheiro Sanchez (Demi�n Bichir) e por Maya (Tiffany Boone), jovem astronauta em sua primeira grande miss�o.

Augustine n�o demora a descobrir que tem companhia. Iris (a estreante Caoilinn Springall) � tudo do que ele n�o precisava. A garota n�o embarcou com a fam�lia e ele n�o sabe o que fazer com ela, j� que Iris � uma crian�a que n�o fala. Ao descobrir que a espa�onave de Adewole se aproxima da Terra, mas sem qualquer possibilidade de comunicar-se com a tripula��o, Augustine sai com Iris da seguran�a do observat�rio para tentar, no meio do gelo e da morte, chegar a outro posto, onde poder� avisar ao grupo da cat�strofe.

Um ano atr�s, Clooney terminou de filmar na Isl�ndia a parte do filme ambientada no �rtico. No in�cio de fevereiro, ele e sua equipe foram para a Inglaterra fazer as filmagens dessa sequ�ncia da nave (rodada no Shepperton Studios, em Surrey).

“Quando come�amos a conversar sobre o filme, fal�vamos sobre a raiva e o �dio que chegaram nas nossas vidas. E isso n�o s� nos Estados Unidos, mas em todo o mundo. E que se continuarmos assim por mais 30 anos, negando a ci�ncia, as mudan�as clim�ticas, n�o � inconceb�vel que algo grande ocorra. Ao terminarmos de filmar, veio a pandemia e a� ficou claro que a hist�ria do filme era sobre nossa desesperada necessidade de estar em casa com aqueles que amamos”, afirmou Clooney em entrevista � imprensa, no in�cio deste m�s.

O ator e diretor define O c�u da meia-noite como um misto de O regresso (2015, produ��o que apresentou Leonardo DiCaprio como um homem que luta para sobreviver sob terr�veis condi��es no s�culo 19) e Gravidade (2013, em que o pr�prio Clooney viveu um astronauta, dividindo a cena com a personagem de Sandra Bullock).

NARRATIVA LENTA 

Mesclando diferentes g�neros, o filme n�o se define de pronto. A parte inicial da narrativa, seja em qualquer um dos dois cen�rios, � lenta, com uma demorada apresenta��o das personagens. De um lado, temos uma dupla improv�vel que v� a vida desvanecer. Do outro, um grupo de pessoas que parecem paralisadas no tempo/espa�o, pois mesmo com boas perspectivas n�o sabem o que o futuro lhes promete.

Em meio a flashbacks vai se desenhando um drama pessoal. “� um filme sobre grandes quest�es, como o sentido da vida, por que estamos aqui, perguntas que estamos nos fazendo agora. Ao mesmo tempo, � um drama muito �ntimo sobre a tentativa de se conectar com o outro. No in�cio, ele era apenas um filme de entretenimento. Agora se tornou quase que um document�rio”, afirmou  Felicity Jones.]

Felicity Jones é Sully, astronauta em missão dedicada a encontrar um novo local seguro para a humanidade
Felicity Jones � Sully, astronauta em miss�o dedicada a encontrar um novo local seguro para a humanidade

Sob o risco  de finitude, generosidade

Demi�n Bichir relaciona seu personagem com o momento atual. “Hoje, estamos com uma grande chance de nos reconectar com os outros e com o nosso tempo. � como se a m�e natureza estivesse nos dizendo agora: ‘V� para o seu quarto e pense no que est� fazendo’. Foi esse o link que fiz com meu personagem, um homem solit�rio que n�o tem nada a perder.”

Do grupo de astronautas, Sully � personagem crucial. E a participa��o da atriz brit�nica teve de ser modificada. Clooney comentou que quando estava na terceira semana de filmagem na Isl�ndia, recebeu um telefonema de Felicity. “Ela me disse que tinha novidades, que estava gr�vida. Eu disse: ‘Felicidade, como faremos?’.”

No momento inicial, Clooney contou, tentou-se negar a gravidez da coprotagonista. “Fizemos v�rias tentativas, filmamos v�rias vezes de maneiras diferentes. Mas a melhor vers�o das coisas acontece quando voc� as aceita e n�o as v� como problema. Uma vez que decidimos que a Sully estaria gr�vida, foram escritas cenas como a que d� nome ao filho (uma das poucas cenas divertidas da narrativa, ao som de Sweet Caroline, com Neil Diamond), a do ultrassom. A gravidez acabou nos unindo”, ele diz.

Felicity, que deu � luz Wilber em setembro, seu primeiro filho com o diretor Charles Guard, considera “um tanto revolucion�rio” ter uma mulher gr�vida no espa�o. Sentimento semelhante teve David Oyelowo a respeito de seu personagem. “Me senti orgulhoso pelo fato de n�s, astronautas, termos certa diversidade. Nunca vi um astronauta africano como este”, comentou ele, que foi autorizado por Clooney a mudar o nome do comandante. “Adewole, que significa ‘o rei entrou na casa’, � um nome da tribo de onde venho, na Nig�ria. Os africanos ficar�o felizes de ver esse tipo de representatividade no filme.”

Na segunda metade do longa, as coisas finalmente come�am a ocorrer. Uma das melhores sequ�ncias coloca a personagem de Tiffany Boone no centro da a��o. Como as cenas do espa�o foram rodadas em est�dio, boa parte delas foi feita na chamada tela verde (t�cnica de efeitos especiais em que as imagens s�o adicionadas posteriormente).

Kyle Chandler vive Mitchell, piloto de uma das espaçonaves: entre a incerteza e a esperança
Kyle Chandler vive Mitchell, piloto de uma das espa�onaves: entre a incerteza e a esperan�a

EFEITOS 

Em determinado momento, a astronauta Maya (Boone) sofre um ferimento em gravidade zero. A maneira como o sangue � apresentado na sequ�ncia � impactante. “Eu disse para o pessoal dos efeitos especiais que queria que parecesse um bal�”, descreve Clooney. “Como n�o havia sangue, foi s� a imagina��o. Mas foram meses de ensaio at� filmar”, acrescentou a atriz.

Espectadores mais atentos certamente v�o juntar os pontos antes da parte final da narrativa – a �ltima sequ�ncia � bastante intimista. Nesse momento, O c�u da meia-noite torna-se uma f�bula sobre reden��o. “Os �ltimos cinco minutos representam esperan�a, senso de continuidade. (Falando sobre a pandemia) Acredito que sairemos disso, vamos ficar bem”, finaliza Clooney.

O C�U DA MEIA-NOITE
Estreia na quarta (23), na Netflix


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