
Em fase final de readequa��o do espa�o, com algumas melhorias para o p�blico, o planejamento do exibidor � reabrir as tr�s salas at� o fim deste m�s, dentro dos novos protocolos, se as condi��es sanit�rias na cidade forem favor�veis.
De um lado e do outro das partes que fizeram o acordo houve o interesse m�tuo em educa��o e cinema, avantajado pela proximidade f�sica do c�mpus da UNA, na Rua da Bahia, com o Belas Artes, a poucos metros dali, na Rua Gon�alves Dias.
“� uma coisa que buscamos h� tempos, um apoio que deu estabilidade e que possibilitar� essa troca com o p�blico jovem, estudantil, que � o perfil de forma��o de plateia que buscamos”, afirma Adhemar Oliveira, propriet�rio e diretor de programa��o do agora chamado Cine UNA Belas Artes.

DIVERSIDADE
Rafael Ciccarini, reitor do Centro Universit�rio UNA, afirma que mesmo antes da pandemia via a situa��o dos cinemas alternativos ou de rua “em dificuldades para se manter com suas programa��es plurais, democr�ticas e diferentes, que oferecem diversidade e possibilidade de escolhas al�m daquelas mais evidentes do mercado e da publicidade”. Com a situa��o agravada pela pandemia, o interesse da UNA em colaborar com o Belas Artes veio, segundo ele, incentivado pelo fato de serem entidades vizinhas.
“A UNA est� h� 60 anos naquela regi�o, faz parte dessa cidade. E nossa miss�o educacional est� muito pr�xima da cultura e da arte. N�o d� para separar as duas coisas”, afirma Ciccarini. “Como estamos ali, perto da Pra�a da Liberdade, h� uma sinergia, um desejo cada vez maior de exercer nosso papel de pensar o que queremos sobre Belo Horizonte, que �, no melhor dos sentidos, se misturar na viv�ncia da p�lis.” Ele cita ainda que a UNA oferta cursos na �rea de cinema e economia criativa.
Num primeiro momento, os recursos aportados pelo grupo ao cinema est�o viabilizando uma pequena reforma, j� em fase final. Segundo Adhemar de Oliveira, trata-se de um projeto aprovado ainda em 2020, de adequa��es solicitadas pelo Corpo de Bombeiros, com troca do tecido das poltronas por couro vegetal, melhorias no elevador, nos banheiros e na fachada, sem nenhuma grande transforma��o estrutural.
“Continuamos com tr�s salas, caf� e livraria”, diz ele, que garante: “Vai ficar nos trinques para enfrentar o final da pandemia e se renovar para os pr�ximos anos”.
Sem divulgar valores ou o tempo de dura��o do contrato, eles afirmam que a ideia � uma colabora��o de m�dio a longo prazo. “O que estabelecemos foi um modelo de trabalho que possibilite ao cinema se sustentar. Para continuar, ele precisa de coisas imprescind�veis, como essa troca de poltronas. Eles assumiram a feitura dessas coisas, da renova��o do ambiente, isso nos coloca em dia”, afirma o exibidor.
Segundo ele, os pr�ximos passos s�o investir na programa��o e novos projetos com potenciais parcerias. “O modelo de parceria que adotamos � o modelo que j� praticamos h� bastante tempo, com naming rights (o direito de uso da marca do patrocinador no nome do cinema), publicidade na tela e benef�cios cruzados, como desconto para estudantes e funcion�rios do grupo �nima. Tudo como j� praticamos em outros contratos. N�o tem inven��o da roda”, explica Adhemar Oliveira.
A verba provida pela empresa do ramo de ensino superior se junta ao apoio financeiro popular recebido pelo Cine Belas Artes em campanha de financiamento coletivo emergencial. A iniciativa, lan�ada em setembro passado, arrecadou quase R$ 270 mil com a ajuda de 2,4 mil apoiadores, que j� est�o recebendo suas recompensas, segundo Oliveira.
Al�m de custear as melhorias no espa�o, o patroc�nio tamb�m ajudar� a pagar os demais custos fixos operacionais do cinema. A ideia � seguir com o fil�o cinematogr�fico que o p�blico se acostumou a ver em cartaz por l� nesses 28 anos de atividades.

CONGESTIONAMENTO
“� um cinema que preza pela diferen�a da programa��o e a ideia � continuar com isso”, afirma Adhemar. Ele diz n�o temer uma poss�vel escassez de filmes dispon�veis em raz�o do adiamento dos lan�amentos e filmagens imposto pela pandemia. Sua aposta vai no sentido contr�rio.
“Na nossa �rea, h� muitos filmes que est�o esperando esse espa�o. Ter� at� congestionamento. Quem n�o foi para o streaming e n�o precisou correr est� esperando essa reabertura”, afirma.
O exibidor e programador cita ainda a possibilidade de criar programa��es especiais, em hor�rios espec�ficos, dedicadas � hist�ria do cinema brasileiro, por exemplo. Mas faz a ressalva: “Sem tirar espa�o dos lan�amentos, que muitas vezes s� s�o exibidos em Belo Horizonte em uma de nossas salas. Vamos manter o estilo de filmes independentes, mineiros, brasileiros, experimentais, para todas as idades. Vamos continuar com esse foco”.
Contudo, o gestor diz que a administra��o ainda estuda como equalizar as contas na reabertura para viabilizar as exibi��es em salas com capacidades reduzidas pelos protocolos sanit�rios. “Vamos seguir os protocolos sanit�rios. Talvez tenhamos que buscar novos projetos, novas atividades, usar o on-line para ajudar na manuten��o. Alguns cursos que oferecemos podemos fazer on-line em vez de fazer no cinema. Estamos vendo tudo isso.”
Com os aportes recebidos, ele diz que “o per�odo de ‘zero’ (faturamento) j� passou. Mas o gasto de energia com 10 ou com 100 pessoas na sala � o mesmo. Ent�o, essa equa��o ser� constru�da com corte de gastos. �s vezes, em vez de quatro sess�es com pouca gente, melhor apenas tr�s que deem o mesmo resultado”.
Embora as dificuldades sejam grandes para o setor nesse contexto, Oliveira mant�m o tom otimista. “Fazemos f� que, com os apoios que temos recebido, vamos conseguir voltar com o cinema renovado, poltronas novas e uma �tima programa��o.”
Novos cinemas adiados
A expectativa pela abertura de outros cinemas de rua que venham se juntar ao Cine UNA Belas Artes na capital mineira tem de ser adiada. O Centro Cultural Banco do Brasil ainda n�o tem defini��o de quando ser� executado o projeto de instalar uma sala em sua sede, na Pra�a da Liberdade. J� o Centro Cultural do Minas T�nis Clube reagendou para 2022 o plano de implanta��o de duas salas de cinema.