O longa estreou no circuito de festivais em junho de 2019, no Festival Internacional de Cinema de Xangai, e participou, no Brasil e em diversos outros pa�ses, de dezenas de eventos do g�nero, nos quais acumulou 28 pr�mios.
Pacarrete chegaria aos cinemas brasileiros em 29 de abril de 2020. Com a pandemia do novo coronav�rus, seu lan�amento s� ocorreu em 26 de novembro, em 28 salas de 16 cidades, um circuito muito menor do que a previs�o original. Em Belo Horizonte, por exemplo, o filme n�o foi exibido. Mas � um campe�o de p�blico em Fortaleza, onde continua em cartaz.
''(A Pacarrete que inspirou o filme) Era uma figura folcl�rica, que todo mundo apontava, pois fazia confus�o. S� depois da morte dela eu soube, de fato, que ela pode ter sido uma mulher incompreendida, muito � frente do seu tempo. Como ela morou na capital, desde crian�a teve acesso �s artes. Teve aula de bal�, piano, foi professora de diversas escolas em Fortaleza. Quando retornou a Russas (no interior cearense), sentia falta daquilo a que tinha acesso na capital. Era uma pessoa muito inteligente e acabou sendo v�tima de preconceito''
Allan Deberton, diretor
FELIZ E TRISTE
No entanto, o p�blico mineiro ter� sua chance de assistir ao longa, que ser� lan�ado nesta quinta (7/1) nas plataformas digitais. “� um momento muito aguardado, j� que a tentativa de levar o filme para a tela grande foi com hor�rios reduzidos. O streaming, com a pandemia, se consolidou e � onde hoje se chega mais longe. Mesmo com as salas operando com 40% a 50% de sua ocupa��o, tivemos sess�es lotadas, o que nos deixou felizes. Por outro lado, tristes por perceber como o filme poderia ter ido em um tempo ideal”, diz Deberton.Pacarrete (margarida em franc�s) era o apelido de Maria Ara�jo Lima, uma senhora exc�ntrica que era considerada louca pela popula��o de Russas. Ela morreu em 2004, aos 92 anos. Natural da mesma cidade, Deberton tinha lembran�as de Pacarrete da �poca de sua inf�ncia, j� que, mais tarde, ele se mudou para Fortaleza.
“Era uma figura folcl�rica, que todo mundo apontava, pois fazia confus�o. S� depois da morte dela eu soube, de fato, que ela pode ter sido uma mulher incompreendida, muito � frente do seu tempo. Como ela morou na capital, desde crian�a teve acesso �s artes. Teve aula de bal�, piano, foi professora de diversas escolas em Fortaleza. Quando retornou a Russas, sentia falta daquilo a que tinha acesso na capital. Era uma pessoa muito inteligente e acabou sendo v�tima de preconceito”, diz ele.
Marc�lia Cartaxo encarna essa mulher na volta � cidadezinha, passando as dificuldades pela falta de empatia com a popula��o local. Bailarina no passado, sonha apresentar-se em um espet�culo solo no anivers�rio de 200 anos de Russas, onde tem uma queda pelo dono da venda (papel de Jo�o Miguel), um dos poucos a compreend�-la. Para interpret�-la, Marc�lia passou por forte prepara��o, pois teve que aprender a tocar piano, falar franc�s e a dan�ar bal�.
A atriz admitiu que, no momento inicial, achava que o papel n�o era para ela, dada a dificuldade que teve para aprender a dan�ar. Seu esfor�o foi recompensado. J� na estreia nacional em festivais, em Gramado, em 2019, Pacarrete levou sete pr�mios, incluindo os de melhor filme, dire��o e atriz.
Ora uma f�bula sobre a velhice, ora um drama pessoal sobre um pessoa bastante singular, Pacarrete chama a aten��o pela delicadeza com que apresenta a trajet�ria da personagem. Foi rodado em Russas, em 2018, com participa��o ativa da popula��o local.
“Vivi na cidade muito tempo, ent�o fizemos um trabalho muito afetivo, de constru��o de cenografia. O trabalho de som foi muito constru�do, pois a cidade tem uma sonoridade espec�fica. Tentamos retratar o m�ximo poss�vel da realidade do interior e trabalhar a personagem atrav�s dos contrastes”, diz Deberton.
PACARRETE
• De: Allan Deberton. Com Marc�lia Cartaxo e Jo�o Miguel. O filme est� dispon�vel a partir desta quinta (7/1) nas plataformas digitais