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Estado de Minas AUDIOVISUAL

'Doutor Castor' mostra como um bicheiro se tornou o 'rei do Rio'

S�rie documental do Globoplay examina a atua��o de Castor de Andrade no futebol, no samba e na pol�tica carioca dos anos 1980


02/03/2021 04:00 - atualizado 02/03/2021 07:29

O banqueiro do jogo do bicho Castor de Andrade, que era dirigente do Bangu Atlético Clube e da Mocidade Independente de Padre Miguel, morreu em 1997, aos 71 anos(foto: O Globo)
O banqueiro do jogo do bicho Castor de Andrade, que era dirigente do Bangu Atl�tico Clube e da Mocidade Independente de Padre Miguel, morreu em 1997, aos 71 anos (foto: O Globo)
Nos anos 1980 e 1990, a popula��o ria de piadas racistas dos Trapalh�es, se divertia com coment�rios homof�bicos no Chacrinha e acompanhava com admira��o a trajet�ria do carism�tico cartola de futebol, dirigente de escola de samba e g�ngster Castor de Andrade

O banqueiro do jogo do bicho (morto em 1997, aos 71 anos) simboliza como poucos a toler�ncia da opini�o p�blica com a moral flex�vel das autoridades, seja no futebol, na pol�tica ou na pol�cia no Rio de Janeiro. Trata-se, afinal, do �nico estado brasileiro que teve seis governadores presos ou afastados nos �ltimos seis anos. 

� nessa faca de dois gumes que se equilibra a s�rie documental 'Doutor Castor', dispon�vel no Globoplay. A narrativa come�a com as credenciais do personagem central. Castor de Andrade foi um homem extremamente violento no controle dos seus territ�rios – o Bangu Atl�tico Clube, a Mocidade Independente de Padre Miguel e os pontos do bicho – e, ao mesmo tempo, um mecenas malandro e boa-pra�a, que era tratado como o rei do Rio.

Andrade foi um bandido-her�i que transitou entre dois mundos. Adorava ser tratado como "capo de tutti capi" e cultivava h�bitos copiados de filmes da M�fia, como o beijo no rosto dos comparsas, mas, ao mesmo tempo, era entrevistado com defer�ncia em programas da TV. O momento mais emblem�tico foi, sem d�vida, uma entrevista para J� Soares, no SBT, em 1990. 

O document�rio da Globo resgatou a conversa na qual o apresentador solta sua risada contagiante ao ouvir o relato do bicheiro de quando foi assaltado. "Dei uma sorte muito grande que o assaltante me reconheceu e pediu desculpas." Infelizmente, J� n�o foi ouvido sobre o epis�dio, o que certamente lhe causaria constrangimento

CONTRAVEN��O

A s�rie dirigida por Marco Ant�nio Ara�jo deixa no ar as perguntas que n�o fo- ram feitas diante daquela figura m�tica e sedutora. “Doutor Castor” n�o poupou a Rede Globo e escalou Jos� Bonif�cio de Oliveira Sobrinho, amigo de Andrade e ex-executivo da emissora, para explicar o tom chapa-branca com o qual o bicheiro era tratado. "Eu n�o sou juiz nem nunca fui delegado. Para mim, o jogo do bicho � apenas uma contraven��o. Criminosos eram as pessoas que estavam no governo."

O document�rio teve como uma de suas bases centrais o livro mais completo j� produzido sobre o tema: “Os por�es da contraven��o”, de Aloy Jupiara e Chico Otavio, que s�o entrevistados. Entre desfiles e enredos que marcaram �poca no auge da Mocidade, o document�rio escancara o uso pol�tico do carnaval e mostra como a Liga das Escolas de Samba nasceu como uma esp�cie de ag�ncia reguladora do crime. 

Pol�ticos eram seduzidos com o luxo nos camarotes da Sapuca� e depois agraciados com malas de dinheiro vivo. Tamb�m os atletas do Bangu e at� ju�zes de futebol eram remunerados dessa maneira. Para al�m dos aspectos criminais, a s�rie da Globo � tamb�m uma deliciosa viagem no t�nel do tempo dos boleiros. 

BANGU

Nos tempos �ureos de Castor de Andrade, quando a compra e venda do passe de atletas se dava muitas vezes em negocia��es de pontos do jogo do bicho, o Bangu foi a sensa��o do futebol fluminense e chegou � Libertadores. Foi favorito na final do Campeonato Brasileiro de 1985, mas deixou escapar o t�tulo nos p�naltis, diante do Coritiba. 

O time tinha um dono, mas era administrado de forma libert�ria. O time de Mo�a Bonita contou com grandes nomes, como Marinho, Ado, Arturzinho, Neto e Mauro Galv�o. Como cartola, Castor era generoso, mas impiedoso. Andava sempre armado e estimulou seus capangas a agredir �rbitros. 

Depois da morte do bicheiro, o imp�rio de Castor de Andrade se tornou palco de uma guerra fratricida sangrenta que ainda hoje frequenta as p�ginas policiais. O Bangu est� na s�rie D do Campeonato Carioca e a Mocidade segue em compasso de espera at� o fim da pandemia.


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