
Como o t�tulo sugere, o enredo est� ligado ao universo do tr�fico de drogas. Nesse caso, das gangues do Sul da Fran�a. Por�m, a produ��o criada e dirigida por Ange Basterga e Nicolas Lopez oferece outra alternativa de formato e de perspectivas.
A come�ar pelo protagonismo, que n�o est� nos criminosos, mas no diretor de videoclipes chamado Franck (Sebastien Houbani) e seu parceiro de filmagens Thomas (Julien Meurice). Eles s�o enviados pela gravadora a um gueto no sub�rbio de Marselha para filmar o cotidiano do perigoso traficante Tony (Abdramane Diakite), que come�ou a despontar como rapper.
O roteiro � uma adapta��o do filme hom�nimo lan�ado em 2017, tamb�m fruto da parceria entre Basterga e Lopez. Pouco difundido fora da Fran�a, ele foi premiado em festivais do pa�s, como o Polar de Cognac. Logo nas primeiras cenas, os cinegrafistas, ao chegar ao bairro dominado pela gangue de Tony, se deparam com situa��es de medo, intimida��o e viol�ncia.
O ponto de vista � o dos dois profissionais. A c�mera que filma os acontecimentos da trama � justamente aquela que a dupla usa para registrar imagens que seriam do videoclipe. A ideia � construir uma abordagem hiper-realista, em primeira pessoa, que pare�a document�rio. Formato semelhante �quele popularizado nos filmes “Holocausto canibal”(1980) e “A bruxa de Blair” (1999), por exemplo.
Mesmo assim, a constru��o dram�tica n�o deixa d�vidas de que se trata de fic��o. Um dos motivos disso � a atua��o de Diakite como Tony. Embora truculento, ele acolhe Franck e Thomas, apesar da desconfian�a e hostilidade de seus comparsas da gangue.
Dilema entre m�sica e drogas
O traficante vive o dilema pessoal de querer seguir com a nova carreira musical, abandonando a sofrida vida no crime. Apesar de lhe garantir posi��o de destaque, ela n�o lhe traz muitos luxos. Depois de ser preso uma vez, ele se preocupa com a possibilidade de o irm�o mais novo, de 11 anos, se envolver com o tr�fico.
Por outro lado, Tony se sente ref�m do jogo de poder no qual se envolveu, sobretudo quando o g�ngster rival Steve, personagem de Idir Azougli, surge como amea�a.
N�o demora para que os dois incautos cinegrafistas, mantidos � for�a como h�spedes enquanto durarem as filmagens, se vejam presos a um perigoso fogo cruzado. N�o demora mesmo, pois outro aspecto peculiar de “O traficante” � a curta dura��o de cada um dos 10 epis�dios, que n�o passa de 10 minutos. Subtramas s�o iniciadas e encerradas em cada cap�tulo. O ritmo � intenso, mas com narrativas pouco aprofundadas.
Em entrevista ao site franc�s Premiere, Ange Basterga e Nicolas Lopez disseram que o objetivo � tornar a s�rie menos documental do que o filme, dando a ela mais caracter�sticas de thriller.
“Dividir a hist�ria em epis�dios de 10 minutos ajuda a refor�ar uma certa tens�o. Ter a Netflix ao nosso lado, em termos de recursos, permitiu mais coisas. Pode-se dizer que passamos do futebol amador ao profissional”, afirmou Basterga.
Para Nicolas Lopez, os 10 epis�dios de 10 minutos demandam “escrever um suspense” no final de cada epis�dio. “� muito diferente pensar assim, mas � um exerc�cio muito interessante. Isso torna o projeto mais nervoso, muito mais r�tmico e muito mais din�mico”, garante.
Ao explicar a melhor forma de assistir aos cap�tulos, os dois criadores sugerem: fa�a isso de uma s� vez. Detalhe: “O traficante” n�o deixa de ser alternativa para quem tem poucos minutos por dia para ver algo na TV.
“O TRAFICANTE”
. Primeira temporada
. Dez epis�dios