
O termo pode parecer assustador. O pr�prio Abujamra, que se dedica h� tr�s anos ao estudo do criptomercado, enfatiza que o momento ainda � de aprendizagem. A compreens�o do NFT passa pelo conceito de propriedade �nica, ou “n�o fung�vel”, como diz a sigla em tradu��o livre. Neste caso, de um produto cultural.
Ingressar nesse universo foi poss�vel para Abujamra gra�as ao artista visual carioca Uno de Oliveira, que vinha produzindo trabalhos gr�ficos para o mercado digital e convidou o paulista para musicar a s�rie “Tropicalfuturism”. Essa cole��o mistura ilustra��o e anima��o, valorizando as culturas dos povos latino-americanos.
“� um caminho para monetizar nossas artes. Em dezembro, fiz minha primeira NFT e a vendi dias depois. Vi que era uma possibilidade interessante. Abu fez um trabalho incr�vel, tive de correr atr�s para criar as imagens”, relata Uno.
A primeira parceria da dupla � “Co�lhek”, ilustra��o animada e musicada que retrata um jovem morador de favela carioca com um grande cora��o pulsante. Colocado � venda no site Markesplace, uma esp�cie de galeria virtual especializada em criptocom�rcio, o trabalho foi adquirido por uma colecionadora canadense, que pagou por ele o equivalente a US$ 3,2 mil em ethereums, a criptomoeda utilizada pelo site. As obras “Lampi�o” e “M�ed�gua” j� recebem lances e podem ser vistas em www.makersplace.com/unodeoliveira/tropicalfuturism.
Abujamra diz formar com o carioca a primeira “dupla dupla” do Brasil. Os dois trabalham tanto com projetos de Uno completados por Andr�, assinando “Unoabu”, como na via contr�ria, “Abuno”.
Empolgado, o paulista resolveu levar sua cria��o musical para o novo sistema. “No caso das artes visuais, o NFT est� muito � frente da m�sica. Trata-se de uma grande inven��o do mundo novo, mas ainda � um processo. Tive muita sorte, aliada ao meu talento, de conhecer o Uno e poder trabalhar com ele. Posso dizer que fui o primeiro m�sico a ganhar algum dinheiro com isso no Brasil. Muita gente tem me procurado querendo informa��es”, revela Andr�.
No projeto “Neuro Abu”, ele pretende explorar o valor de seu pr�prio c�rebro. “Um cara me perguntou quanto eu custava, h� uns 30 anos. Um produtor me falou que valho o que tenho dentro de mim, o que crio. Pesquisei quantos neur�nios o ser humano tem, s�o 86 bilh�es. Custo 86 bilh�es de ‘neuro abus’. Ent�o, estou vendendo peda�os do meu c�rebro, s�o 86 bilh�es de alguma coisa, qualquer coisa que tenha na minha cabe�a”, explica Abujamra, ao detalhar sua complexa proposta direcionada ao mercado de tokens n�o fung�veis.
Para executar o conceito, Abujamra produziu oito melodias instrumentais no estilo cl�ssico, com 1 minuto e 75 mil�simos de segundo, totalizando 8 minutos e 6 segundos de m�sica, criando assim a rela��o com os 86 bilh�es de “neuro abus”. Cada tema sonoro tem imagem criada por Uno transformada em NFT. Eles s�o vendidos com exclusividade, para apenas um comprador.
Os dois acreditam que essa � a solu��o para valorizar e monetizar a arte por meio da vendagem mais personalizada. Andr� cita o exemplo do faturamento de “Emidoin� – Alma de fogo”, seu �lbum lan�ado em dezembro, com colabora��es de BNeg�o, Chico C�sar e Criolo.
“Foi um dos meus discos mais ouvidos, com mais de 100 mil execu��es no Spotify. Pensei que ganharia uma grana, mas recebi centavos. Com a arte feita em parceria com Uno, ganhei mais do que em todos os trabalhos musicais da minha carreira juntos no Spotify”, explica.
“Prefiro ser cabe�a de sardinha a rabo de baleia. No Spotify, sou rabo de baleia. Se 10 grandes f�s meus comprarem uma m�sica NFT por R$ 100, vou ganhar R$ 1 mil. N�o farei R$ 1 mil no Spotify”, diz Abujamra
D�LAR
Uno de Oliveira ressalta que um dos fatores da alta rentabilidade do NFT � o valor atual do d�lar, para o qual s�o convertidas as criptomoedas. Ontem, a moeda norte-americana estava cotada a R$ 5,47. “Vendemos em d�lar. Uma arte barata para os estrangeiros acaba saindo para n�s por um dinheiro muito maior. Por isso � um bom modelo de neg�cios”, afirma.Por�m, ingressar no sistema NFT tem custo elevado. “Pode custar mais de US$ 100 colocar uma arte no mercado, nem sempre � f�cil de vender. A valoriza��o est� atrelada a outros trabalhos do artista, n�o s� � arte em si”, alerta Uno.