
Alencar Perdig�o e Cl�udia Masini, s�cios-fundadores da Quixote Livraria, na Savassi, postaram na manh� dessa ter�a-feira (20/4) um v�deo no Instagram em agradecimento �s pessoas que aderiram � campanha Abrace a Quixote.
Criada na semana passada, a iniciativa � um pedido de ajuda no “momento mais cr�tico” j� enfrentado pela livraria-caf�, que completa 18 anos no pr�ximo m�s de agosto. Foram criados vales-compras de valores diversos (de R$ 80 a R$ 1 mil) para auxiliar nas contas. A ades�o surpreendeu, e a campanha permanece no ar.
Nesta quinta-feira (22/4), com a mais recente autoriza��o da Prefeitura de Belo Horizonte para a reabertura do com�rcio n�o essencial, as tradicionais livrarias da Rua Fernandes Tourinho – al�m da Quixote, a rua abriga tamb�m a Ouvidor e a Scriptum – abrir�o, mais uma vez, suas portas para o p�blico.
Foram tantos abre e fecha desde mar�o de 2020, quando teve in�cio a pandemia da COVID-19, que os propriet�rios j� perderam as contas. Mas o cen�rio atual, admitem, � pior do que o do ano passado.
Foram tantos abre e fecha desde mar�o de 2020, quando teve in�cio a pandemia da COVID-19, que os propriet�rios j� perderam as contas. Mas o cen�rio atual, admitem, � pior do que o do ano passado.

“O fantasma do fechamento existe e foi por isso que a campanha precisou ser feita. � sobreviv�ncia mesmo. A gente fica sempre em d�vida ao lan�ar uma campanha, mas tivemos um retorno surpreendentemente positivo”, afirma Perdig�o.
A partir desta quinta, ele espera que o panorama melhore. “(Quando as portas s�o reabertas) As pessoas voltam, mas devagarzinho, n�o � uma coisa de uma hora para outra. Tudo depende das not�cias da epidemia, de as pessoas se sentirem em seguran�a”, diz ele. Dada a ades�o � campanha, foram disponibilizados mais dois n�meros de WhatsApp para atender o p�blico.
O barco tem que correr, e as tr�s livrarias, vale dizer, n�o pararam de atender em momento algum ao longo de todo o per�odo de isolamento social. De portas fechadas, passaram a vender via rede social e WhatsApp, com delivery ou entrega na porta (quando foi permitido, o que n�o ocorreu no fechamento mais recente do com�rcio em BH).
“No ano passado, com delivery junto ao aux�lio do governo, deu para sobreviver. Mas este ano tivemos uma queda de 70% desde janeiro”, comenta Perdig�o. A situa��o � semelhante para todas. Cada qual ao seu modo, as livrarias buscaram se reinventar.
“No ano passado, eu j� comentava que o que mais me preocupava era este ano”, afirma Welbert Belfort, da Scriptum, que completou neste m�s 24 anos de exist�ncia. Na opini�o dele, em 2020, houve um maior giro da economia.

Da terceira gera��o de administradores da tradicional Ouvidor, que chegou aos 51 anos em fevereiro, Bernardo Ferreira admite que a situa��o est� ruim para todos. “Este ano, por uma s�rie de motivos, foi o per�odo (dentro da pandemia) mais fraco. O que aconteceu em rela��o � �ltima vez (em que houve fechamento do com�rcio n�o essencial) � que havia uma circula��o menor de pessoas.”
A despeito das perdas, as tr�s livrarias estar�o de portas abertas a partir de amanh� normalmente – e com atendimento de acordo com os protocolos sanit�rios, obviamente. “Estamos com todas as novidades e os funcion�rios de volta. S� a Simone (Pessoa, a mais conhecida livreira de BH) retorna semana que vem, pois est� viajando e n�o conseguiu voltar antes”, acrescenta Ferreira.
Todas as tr�s livrarias, cada qual com sua especialidade, investem em lan�amentos – caso os volumes n�o estejam dispon�veis na loja no momento, elas podem providenciar o pedido �s distribuidoras para r�pida entrega.
Tanto Scriptum quanto Quixote s�o tamb�m editoras e, mesmo com a crise, continuaram lan�ando t�tulos. A Quixote publicou 15 novos livros. Na aus�ncia da tradicional manh� (ou tarde) de aut�grafos, foram realizadas lives com os respectivos autores.
Lan�amentos
“O lan�amento presencial � insubstitu�vel. Um livro que poderia ter vendido 100 exemplares (numa tarde de aut�grafos) vende 30 em uma live”, comenta Perdig�o. Neste momento, n�o � poss�vel ainda retornar com as sess�es de aut�grafos, mas, quando elas voltarem a ocorrer, ser�o mais do que bem-vindas.
Com a onda roxa, o com�rcio n�o essencial de Belo Horizonte estava fechado desde 6 de mar�o passado. Sem a possibilidade, existente nos fechamentos anteriores, de retirada das compras pelo cliente na loja (somente o sistema de delivery estava permitido para as livrarias), Belfort comenta que perdeu a venda daquele interessado que ia at� a porta da Scriptum e, numa conversa ou outra com o livreiro, levava um livro a mais.
Nos dias de hoje, ele comenta, o forte de sua venda � via site da Scriptum. “Consegui negociar, mostrei que precisava e hoje vendo livro no site em at� 10 vezes sem juros. N�o posso me comparar em pre�o com a Amazon, mas a todo momento busco novas estrat�gias para venda”, diz Belfort, que contabiliza uma queda de 50% nas vendas no primeiro trimestre de 2021.
A refer�ncia ao gigante do e-commerce � um assunto urgente quando se fala em livrarias de rua, pois n�o h� como os pequenos competirem em pre�o com a Amazon e cong�neres. H� anos discute-se no pa�s a ado��o da pol�tica do pre�o fixo (como existe h� d�cadas na Fran�a).
Com esse mecanismo, em qualquer que seja a loja, grande ou pequena, o valor do t�tulo � o mesmo. “Seria a nossa salva��o, mas a quest�o nunca foi levada a s�rio no Congresso. Hoje est�o querendo taxar o livro, um movimento contr�rio a isso”, observa Perdig�o.
De portas abertas (presencial ou virtualmente)

• Ouvidor – Rua Fernandes Tourinho, 253, Savassi, (31) 3221-7473/98316-5228
• Quixote – Rua Fernandes Tourinho, 274, Savassi, (31) 3227-3077/98676-1007. No Instagram (@quixotelivraria) est�o os links para os vales-compras da campanha Abrace a Quixote.
• Scriptum – Rua Fernandes Tourinho, 99, Savassi, (31) 3223-1789/99951-1789.
