
Celso Furtado (1920-2004), �nico economista brasileiro a ser indicado ao Pr�mio Nobel da Economia (2013), teve uma trajet�ria marcante e original, que sedimentou as bases de novas concep��es sobre desenvolvimento econ�mico e subdesenvolvimento brasileiro e latino-americano. Foi cassado pelo ditadura militar j� na edi��o do Ato Institucional nº- 1, de 9 de abril de 1964, iniciando uma trajet�ria no ex�lio que se estenderia por 21 anos, per�odo em que manteve uma intensa e prof�cua troca de cartas com intelectuais, professores, jornalistas, economistas, soci�logos e pol�ticos.
S�o di�logos que abordam ideias, muitas em seu nascedouro, das teorias elaboradas em trinta volumes de grandes obras de Celso Furtado – entre elas “Forma��o Econ�mica do Brasil” e “Forma��o Econ�mica da Am�rica Latina” - , que marcaram a hist�ria do pensamento econ�mico brasileiro e latino-americano na segunda metade do s�culo 20. Mas tamb�m s�o cartas que carregam o drama do ex�lio de tantos cassados que viram a sua produ��o intelectual no Brasil ser arbitrariamente interrompida.
S�o di�logos que abordam ideias, muitas em seu nascedouro, das teorias elaboradas em trinta volumes de grandes obras de Celso Furtado – entre elas “Forma��o Econ�mica do Brasil” e “Forma��o Econ�mica da Am�rica Latina” - , que marcaram a hist�ria do pensamento econ�mico brasileiro e latino-americano na segunda metade do s�culo 20. Mas tamb�m s�o cartas que carregam o drama do ex�lio de tantos cassados que viram a sua produ��o intelectual no Brasil ser arbitrariamente interrompida.
Rosa Freire D’ Aguiar, segunda esposa de Celso Furtado, mergulhou nesses arquivos in�ditos, que somam 15 mil cartas, dando corpo � “Correspond�ncia Intelectual” . O projeto se iniciou em 2019. Na ocasi�o, foi lan�ado “Di�rios Intermitentes” (Companhia das Letras), obra que re�ne anota��es deixadas por Celso Furtado ao longo de seis dec�nios e meio de sua vida, entre 1937 a 2002. “Quando estava preparando os di�rios, cai nas cartas. Na verdade, nenhum dos dois livros saiu em 2020, ano do centen�rio. O di�rio foi publicado em novembro de 2019 e a obra com as correspond�ncias est� saindo agora, depois do centen�rio”, conta ela.
“Celso mant�m uma atualidade em rela��o a v�rios eixos de sua produ��o. Primeiro, pelo esfor�o que fez de entender o pa�s historicamente, economicamente, que � o grande livro dele, “A forma��o econ�mica do Brasil”, e entender tamb�m, depois quando foi ministro da Cultura, a forma��o cultural do Brasil”, afirma Rosa Freire D’Aguiar.
“Celso tem algo mais, a meu ver, porque ele foi o grande te�rico do desenvolvimento e do subdesenvolvimento. At� preferia dizer que ele se considerava um te�rico mais do subdesenvolvimento do que do desenvolvimento. Infelizmente � um problema que ainda n�o est� resolvido no pa�s, que continua a ter algumas caracter�sticas do pa�s subdesenvolvido. Ent�o acho que ele mant�m uma atualidade, que faz com que deva ser lido por toda pessoa que se interesse pelo pensamento social brasileiro e por outras quest�es, pelo lado da cultura, ci�ncias humanas, sociais em geral”, afirma ela.
Mudan�a da realidade
“Celso tem algo mais, a meu ver, porque ele foi o grande te�rico do desenvolvimento e do subdesenvolvimento. At� preferia dizer que ele se considerava um te�rico mais do subdesenvolvimento do que do desenvolvimento. Infelizmente � um problema que ainda n�o est� resolvido no pa�s, que continua a ter algumas caracter�sticas do pa�s subdesenvolvido. Ent�o acho que ele mant�m uma atualidade, que faz com que deva ser lido por toda pessoa que se interesse pelo pensamento social brasileiro e por outras quest�es, pelo lado da cultura, ci�ncias humanas, sociais em geral”, afirma ela.
Mudan�a da realidade
Para al�m de sua teoria, Celso Furtado buscou tamb�m transformar a realidade: foi respons�vel pela cria��o da Superintend�ncia do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) no governo Kubitschek e como ministro do Planejamento no governo Jo�o Goulart, formulou o Plano Trienal de Desenvolvimento Econ�mico e Social, lan�ado em 1962, com as chamadas reformas de base, agr�ria, tribut�ria e social, que, segundo ele, seriam uma condi��o fundamental para superar o subdesenvolvimento.
Mesmo n�o sendo uma transforma��o do sistema produtivo, o plano foi condenado pelo empresariado brasileiro, pelo empresariado internacional que, articulados com militares e o governo norte-americano, articularam o golpe militar de 64.
Mesmo n�o sendo uma transforma��o do sistema produtivo, o plano foi condenado pelo empresariado brasileiro, pelo empresariado internacional que, articulados com militares e o governo norte-americano, articularam o golpe militar de 64.
“Celso ficou exilado por 21 anos e foi quando ele mais se correspondeu. Para a organiza��o do livro, o que me interessou foram as cartas em que h� di�logo intelectual. � muito dif�cil fazer uma sele��o, pois tinha provavelmente mais de um bom ter�o de volume de cartas que gostaria de ter publicado. Ent�o a minha ideia foi pegar cartas em que realmente houve um vai e vem”, afirma Rosa.
A lista com quem Celso Furtado correspondeu ao longo de sua vida, trocando impress�es sobre a conjuntura, partilhando afinidades e apontando discord�ncias te�ricas sobre o desenvolvimento do Brasil e da Am�rica Latina � ampla e ecl�tica. Passa por Alain Touraine, Albert O. Hirschman, Antonio Callado, Antonio Candido, Bertrand Russell, Caio Prado Jr., Carlos Lacerda, Darcy Ribeiro, Ernesto Sabato, Eugenio Gudin, Fernando Henrique Cardoso, Florestan Fernandes, Francisco de Oliveira, Francisco Weffort, H�lio Jaguaribe e Luciano Martins. E segue, com Lina Bo Bardi, Luiz In�cio Lula da Silva, Maria da Concei��o Tavares, Nicholas Kaldor, Otto Maria Carpeaux, Pl�nio de Arruda Sampaio, Ra�l Prebisch, Roberto Campos, entre outros.
A lista com quem Celso Furtado correspondeu ao longo de sua vida, trocando impress�es sobre a conjuntura, partilhando afinidades e apontando discord�ncias te�ricas sobre o desenvolvimento do Brasil e da Am�rica Latina � ampla e ecl�tica. Passa por Alain Touraine, Albert O. Hirschman, Antonio Callado, Antonio Candido, Bertrand Russell, Caio Prado Jr., Carlos Lacerda, Darcy Ribeiro, Ernesto Sabato, Eugenio Gudin, Fernando Henrique Cardoso, Florestan Fernandes, Francisco de Oliveira, Francisco Weffort, H�lio Jaguaribe e Luciano Martins. E segue, com Lina Bo Bardi, Luiz In�cio Lula da Silva, Maria da Concei��o Tavares, Nicholas Kaldor, Otto Maria Carpeaux, Pl�nio de Arruda Sampaio, Ra�l Prebisch, Roberto Campos, entre outros.