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Estado de Minas

Fen�meno da poesia na internet, Rupi Kaur lan�a "Meu corpo minha casa"

Aos 28 anos, escritora tem mais de 4 milh�es de seguidores no Instagram. Para ela, poema � feito para criar, ser compartilhado e sentido


03/05/2021 04:00 - atualizado 03/05/2021 07:18

Rupi Kaur nasceu na Índia, mas vive no Canadá. Com sua poesia, já conquistou mais de 4 milhões de seguidores no Instagram
Rupi Kaur nasceu na �ndia, mas vive no Canad�. Com sua poesia, j� conquistou mais de 4 milh�es de seguidores no Instagram (foto: Nabil Shash/Planeta/Divulga��o)
Rupi Kaur diz que escreve para entender as complica��es e as belezas da vida. A escritora, de 28 anos, � um fen�meno da poesia com 4 milh�es de seguidores no Instagram e mais de 8 milh�es de livros vendidos e traduzidos para 20 idiomas. Para Rupi, que nasceu na �ndia e vive no Canad� desde pequena, um poema � feito para criar – e para ser compartilhado, sentido, vivido. A escritora teria vindo ao Brasil, onde j� vendeu mais de 500 mil livros, se n�o fosse a pandemia. "N�o vejo a hora de tudo isso acabar e eu poder visitar o pa�s e me apresentar para meus leitores brasileiros. Eles s�o, de verdade, os mais doces, gentis e apaixonados. Fazem com que me sinta parte da fam�lia", disse a escritora.

Revelada com “Outros jeitos de usar a boca”, livro publicado de forma independente e depois por grandes editoras – aqui, ela � editada pela Planeta –, a autora lan�a agora sua terceira colet�nea: “Meu corpo minha casa”. No meio dos dois est� “O que o sol faz com as flores”. Todos com ilustra��es dela. A seguir trechos da entrevista concedida por e-mail.

Escrever nas redes sociais tem a ver com se conectar com as pessoas, tem a ver com compartilhar. Neste contexto, para que serve um poema?

Um poema � feito para criar. Para ser compartilhado. Para ser sentido. Para ser vivido. Digo com frequ�ncia que escrevo para uma vers�o mais jovem de mim mesma. Aquilo que a minha vers�o de 15 anos precisava escutar. Palavras que lhe dissessem ‘oi, querida, sei que a coisa est� dif�cil agora, mas vamos ficar bem’. Escrevo como uma maneira de compartilhar experi�ncias e vida. A poesia toma muitas formas. Cresci em meio � poesia. Venho de uma comunidade sikh, onde a poesia � quase parte da nossa natureza. Nascemos nela. Nossos nomes v�m da poesia. Nossas escrituras s�o versos po�ticos. Quando era pequena, meu pai reunia a fam�lia e convers�vamos longamente sobre ela. Antes de come�ar a postar poemas, eu me apresentava no palco. E, depois, passei finalmente a postar alguns dos meus trabalhos. E, a partir disso, uma comunidade se formou. E, assim como o palco inicia uma conversa e um ritmo, a poesia nas redes sociais me permitiu formar uma comunidade mundial que compartilha e se conecta por meio das experi�ncias que temos.

De onde vem um poema? Para voc�, a escrita po�tica vem de inspira��o ou � algo trabalhado e retrabalhado at� ficar pronto?

Sabe quando voc� fica ansiosa e parece que tem algo borbulhando dentro de voc�? � uma sensa��o pesada, que pressiona um pouco seu est�mago. Por exemplo, se fico tr�s dias sem escrever, esta sensa��o se expande at� o meu pesco�o e parece que est� sendo expelida de mim. Come�o a me sentir fraca e meu corpo tem uma rea��o verdadeiramente f�sica. � a maneira de meu corpo me dizer: ‘voc� precisa escrever, precisa se sentar e tirar isso de dentro, porque se n�o o fizer, isso vai apodrecer dentro de voc�’. Ent�o sento e escrevo. �s vezes com um papel e uma caneta. Mas, quando a sensa��o � mais forte, abro um documento no computador e vou adiante. Alguns poemas s�o apenas uma linha, outros t�m p�ginas e mais p�ginas. N�o se trata de editar; trata-se de botar tudo pra fora. E, quando me sinto vazia outra vez, eu paro. � uma experi�ncia muito emocional.

H� algumas quest�es presentes em seus livros, tais como ser mulher, os abusos, autoconhecimento e aceita��o, a experi�ncia de ser estrangeiro, depress�o, ansiedade, corpo, mente, a busca por um lugar no mundo (ou por sentir-se confort�vel na pr�pria pele/no pr�prio corpo). Esses temas s�o quest�es pessoais? Se sim, como a literatura a ajuda a lidar com isso? E como espera que isso ecoe em seus leitores?

S�o hist�rias reais. Minhas ou vindas de conversas que tive com as mulheres � minha volta. As mulheres que encontrei na minha vida. Amigas, irm�s, primas, tias. Isso ocorreu naturalmente. Os t�picos vieram a mim, e era meu dever escrever a respeito deles. Eram essas as quest�es que me emocionavam. Eu precisava trabalhar por meio da complexidade delas e fiz isso com a minha linguagem. Por meio das ilustra��es, tentei suavizar a experi�ncia enquanto inseria o leitor na obra com mais profundidade. Sempre ser� uma responsabilidade minha continuar a falar sobre a mulher, sobre suas hist�rias e suas narrativas por meio do meu trabalho.

Voc� sugere, em um poema, que o leitor/leitora procure as mulheres ao seu redor que t�m menos espa�o, que as ou�a e coloque em pr�tica o que elas dizem. Em outro, escreve que, juntas, as mulheres s�o mais fortes. O que significa ser feminista para voc�?

Ser feminista significa ajudar todos os oprimidos. Estar nas intersec��es. Enaltecer as pessoas n�o brancas, as comunidades marginalizadas. Pessoas que falam l�nguas diferentes, refugiados ou imigrantes. Pessoas que s�o marginalizadas por causa de sua casta ou classe socioecon�mica. Eu poderia continuar infinitamente. Mas ser feminista significa n�o se calar. � dar-se conta de que todas as pessoas merecem a igualdade e reconhecer que a hist�ria do mundo se deu em estruturas patriarcais de poder. � dar voz a comunidades que est�o sendo esmagadas por grandes pot�ncias. Significa escutar. Significa olhar para mim mesma no espelho todos os dias e me perguntar como posso fazer mais, como posso ser melhor. Significa aceitar que n�o sou perfeita, e que n�o � uma quest�o de ser perfeita em nenhum sentido. Trata-se de aprender e crescer todos os dias. E de estar em contato o outro.

O que esta pandemia mostrou a voc�? Ela deixa alguma li��o?

Acho que este ano de pandemia evidenciou as vastas desigualdades que existem no planeta. E o mundo fracassou esplendidamente em conseguir ajudar as pessoas mais vulner�veis. Estamos vendo isso agora. Enquanto pa�ses desenvolvidos est�o vacinando prontamente suas popula��es, vemos uma crise descontrolada em lugares como �ndia e Brasil. Em novembro, agricultores da minha comunidade no Punjab come�aram a protestar contra um plano do governo de, essencialmente, entregar o setor agr�cola do pa�s a capitalistas bilion�rios, seus apadrinhados. Rapidamente os protestos aumentaram de tamanho e milh�es se juntaram para marchar at� a capital, Nova D�lhi. E eles ainda est�o l�, quase seis meses depois! Resistem em oposi��o coletiva contra um regime fascista, que os atacou, torturou e difamou. E, por todo o mundo, as pessoas viram sua bravura e apoiaram sua luta. Vi minha pr�pria comunidade se unir e resistir. Em meio aos horrores dos �ltimos anos, essas lindas demonstra��es de solidariedade me inspiraram.

Voc� imaginou que chegaria a vender 8 milh�es de livros no mundo? Como avalia sua carreira e como � ser porta-voz de uma gera��o? E o que gostaria de dizer aos seus leitores?

Eu diria o seguinte: voc� � mais poderoso do que imagina. Voc� tem o mundo inteiro dentro de voc� esperando para ser explorado, e tem que ser voc� a explor�-lo. Se essa jornada me ensinou uma coisa, foi que com trabalho duro o suficiente e dedica��o voc� consegue, honestamente, honestamente, conquistar qualquer objetivo. Ent�o, o que voc� quer conquistar? 

MEU CORPO MINHA CASA
Rupi KaurTradu��o: Ana Guadalupe
192 p�ginasEditora Planeta
Pre�o sugerido: R$ 39,90 e 
R$ 31,90 (e-book)


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