
Conhecida pela participa��o na m�sica "AmarElo", que d� nome ao �lbum lan�ado por Emicida em 2019, Majur lan�ou seu �lbum de estreia na semana passada. Intitulado "Ojunif�", o registro � fruto de uma jornada de autoconhecimento que a artista baiana de 25 anos percorreu nos �ltimos dois anos. O resultado traz uma mistura de ritmos e conta com a presen�a das cantoras Luedji Luna e Liniker.
"O t�tulo vem do idioma iorub� e significa 'olhos do amor'", explica Majur. "Esse � o meu nome de ax� e escolhi us�-lo no disco porque esse � um trabalho sobre mim e sobre os processos que me levaram a, finalmente, me olhar com o carinho e o amor que mere�o."
Isso explica por que ela mesma ficou encarregada da dire��o musical do disco. A produ��o � assinada por Ubunto, em parceria com Dadi Carvalho. "Compus todas as melodias e letras, por isso � um trabalho extremamente pessoal", comenta Majur.
Com 10 faixas distribu�das ao longo de pouco mais de 28 minutos, "Ojunif�" � marcado pelo uso de elementos eletr�nicos associados � percuss�o. Por meio de met�foras e s�mbolos da umbanda, Majur versa sobre suas experi�ncias pessoais, sem deixar de lado o olhar po�tico e afetivo para cada uma das situa��es.
COMBATIVA
H� momentos em que ela soa combativa, como em "Flua", faixa que tem os versos "Se deixa viver/ Passarinho voa al�m/ Diversidade n�o tem ref�m/ Eu posso ser quem eu quiser ser". Mas tamb�m h� espa�o para o romance. Prova disso � "Nostalgia do amor", samba rom�ntico com direito a cu�ca e metais.A faixa "Seja o que quiser", embora n�o traga grandes novidades no quesito musical, celebra a liberdade, principalmente de g�nero, bandeira que Majur inevitavelmente representa, apesar de ela n�o gostar de associar diretamente o fato de ser LGBT ao seu trabalho. "Seja o que quiser ser/ O importante � ser voc�", diz o refr�o da m�sica.
Ao anunciar o trabalho, Majur afirmou que se tratava do in�cio da era "afropop". Questionada sobre o que isso significa, ela explica que o conceito tem a ver com as diferentes combina��es musicais que formam "Ojunif�".
"O disco � afropop pelas misturas que faz, sempre envolvendo ritmos pretos. Tem alguns toques alternativos, sons de matrizes africanas e ind�genas, mas em harmonia com o beat no pop, no soul e no R&B", afirma.
Luedji Luna e Lininker s�o descritas por ela como parceiras "inevit�veis". "N�o tinha como eu n�o cham�-las para participar do disco. As duas tiveram um papel important�ssimo na minha constru��o como artista", conta.
Sua conterr�nea, Luedji est� na faixa "Ogunt�", que celebra o feminino em suas mais diversas formas, al�m de ser uma das melhores m�sicas do �lbum. J� Liniker canta em "Rainha de copas", cuja letra fala sobre o amor pr�prio necess�rio para escapar de um relacionamento abusivo.
"Ojunif�" � o primeiro disco cheio da carreira de Majur. Antes disso, ela lan�ou o EP "Colorir" (2018), os singles "20ver" (2019) e "Andarilho", e cantou com Caetano Veloso em uma vers�o da m�sica "Asa branca", de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, registrada ao vivo numa apresenta��o que pedia o fim do desmatamento na Amaz�nia.
Desde ent�o, o interesse pelo trabalho da artista cresceu e ela passou a ser considerada uma das principais apostas da m�sica brasileira. Com "Ojunif�" ela faz jus � aten��o conquistada e aproveita para exorcizar os dem�nios do passado, passando pra frente tudo o que aprendeu nessa jornada.
"Esse disco � uma mensagem de for�a e f� pela Majur de hoje, que teve que passar por processos complexos de aceita��o para chegar at� aqui", afirma. "Essa � uma quest�o recorrente para pessoas pretas, trans e n�o bin�rias. Esse desconforto na pr�pria pele. Ent�o espero que, com minha m�sica, as pessoas se identifiquem e possam se libertar tamb�m."

OJUNIF�
• Majur
• Independente
• Dispon�vel nas plataformas digitais