
No mundo ideal, “Cruella” � daqueles filmes para serem assistidos com sala cheia e ruidosa, de prefer�ncia acompanhado de um saco de pipoca. No mundo poss�vel, a nova produ��o Disney estreia nesta quinta (27/5), nas cidades onde h� cinemas abertos (ou seja, n�o em Belo Horizonte), e na sexta (28/5) na plataforma Disney+ (para o lan�amento no streaming � cobrado um valor � parte da mensalidade).
Assim como em “Mal�vola” (2014), o filme aborda as origens da personagem. Mas, ao contr�rio do longa estrelado por Angelina Jolie, voltado ao p�blico infantil, “Cruella” tem potencial para atingir um espectador mais adulto, dadas suas refer�ncias pop. O que se v� na tela n�o est� em livro (a personagem “nasceu” em 1956, em “101 d�lmatas”, da escritora inglesa Dodie Smith) nem em filme algum.
E � a� que reside o melhor. Com o poder de criar uma hist�ria quase a partir do zero, o diretor australiano Craig Gillespie (do �timo “Eu, Tonya”, de 2017, que deu um Oscar de atriz coadjuvante a Allison Janney) criou um conto de fadas punk.
A Cruella de Vil que conhecemos � uma mulher madura. “Cruella”, por seu lado, nos apresenta Estella (Tipper Seifert-Cleveland), uma garota que vive com a m�e no interior da Inglaterra, nos anos 1960. Desde que nasceu, com metade dos cabelos negros e a outra metade brancos, ela sabia que era diferente. Quando se enfurecia, Estella se tornava Cruella. Geniosa e genial em igual propor��o quando crian�a, � medida que cresce ela continua fazendo com que seus dois lados vivam em aparente harmonia.
Jovem, agora interpretada por Emma Stone, vivendo �rf� na Londres dos anos 1970, encontra nos amigos Jasper (Joel Fry) e Horace (Paul Walter Hauser) os parceiros perfeitos para pequenos golpes – dois cachorros s�o os companheiros ideais dos roubos que os sustentam. Nesse momento, ela deixa o passado para tr�s, pinta os cabelos e abandona o lado Cruella.
MODA
Tudo muda quando Estella conhece a mulher que sempre admirou, a baronesa Von Hellman (Emma Thompson), uma lenda do mundo fashion, uma pessoa dominadora, m� e ego�sta, mas que logo percebe o talento da jovem.
Adiantar mais da hist�ria n�o � o caso. O importante, mais do que a pr�pria narrativa, s�o os caminhos que ela percorre. No momento inicial, a intera��o entre a baronesa e Estella � muito semelhante � rela��o de Miranda Priestly (Meryl Streep) e Andy Sachs (Anne Hathaway) em “O diabo veste Prada” (2006).
S� que o exagero da interpreta��o de Thompson (mag�rrima, elegant�rrima, terr�vel com seus tr�s guarda-costas, d�lmatas prontos para o ataque) permite mais gra�a � personagem. H� muita refer�ncia da �poca em jogo, de Ziggy Stardust a Vivienne Westwood. Tudo � over, kitsch e chique ao mesmo tempo. As sequ�ncias s�o r�pidas, muitas foram rodadas como uma montanha-russa de imagens.
A trama, que vai num crescendo, consegue unir os n�s na parte final, fazendo com que Estella/Cruella entenda sua origem. Deixa claro que a Disney est� de portas abertas para uma sequ�ncia.
Contornando a trama, h� uma trilha sonora impag�vel. Al�m da can��o feita para o filme, “Call me Cruella”, de Florence The Machine, apresentada no final, como um ep�logo, cada passagem da hist�ria � embalada por hits do per�odo. A sele��o inclui The Doors (“Five to one”), Nina Simone (“Feeling good”), Ike & Tina Turner (“Whole lotta love”), The Stooges (“I wanna be your dog”). � para assistir com a televis�o no volume m�ximo, avise logo aos vizinhos.
CRUELLA
Estreia nesta sexta (28/5), na Disney . O filme ser� vendido por R$ 69,90 para assinantes da plataforma.