
Foram cinco anos desde “Camale�o borboleta”, �ltimo �lbum da banda mineira Graveola, que nesta sexta-feira (28/5) volta a lan�ar um disco. “In silence” chega �s plataformas digitais com sonoridade resultante de um per�odo que pode ter sido silencioso para o grupo em termos de novos lan�amentos, mas n�o de cria��es e redescobertas.
Formada em Belo Horizonte h� 17 anos, a banda passou por mudan�as em sua forma��o, mas manteve a criatividade como forte tra�o. “Foram sete discos diferentes uns dos outros. Essa metamorfose ambulante � uma das nossas marcas registradas. O fato de ser um disco diferente faz com que estejamos, mais uma vez, buscando a nossa refer�ncia identit�ria, que � estar sempre mudando”, explica o vocalista Zelu Braga.
LEVEZA
Lan�ado pela Deck, o novo �lbum preserva a musicalidade leve e apaziguada, dan�ante em alguns momentos, reconfortante em outros, trazendo a mistura de ritmos brasileiros que consagrou a banda. As sete faixas foram produzidas em 2018 e o trabalho finalizado em est�dio no come�o de 2020, antes da pandemia. Curiosamente, as letras trazem pitadas da nostalgia t�pica desses meses em que a vida foi afetada pelo novo coronav�rus.
“Nosso estranho amor”, faixa de abertura, fala sobre estar longe. “T�o t�” traz a musicalidade paraense e ritmos nortistas como lambada e brega para cantar a saudade em tom dan�ante. “Blues da esperan�a” tem versos sobre mudan�as. “Tanto faz” � a mais melanc�lica, fala de rompimentos, sobre algu�m se reencontrar consigo mesmo e se afirmar, mesmo solitariamente. “Tsunami” � cantada em espanhol e “In silence” em ingl�s.
“Coincidentemente, os temas abordados ganharam amplitude maior nesta fase das nossas vidas. A gente sentiu que era um momento interessante para colocar a nossa cara no mundo depois de alguns anos de sil�ncio, conten��o e autorreflex�o sobre a nossa pr�tica. Um per�odo de renova��o, de nos fecharmos para entender melhor quais s�o as nossas ambi��es com este projeto”, comenta Braga. O vocalista v� o trabalho da banda “ressignificado” em tempos de pandemia.
Para ele, o sil�ncio absoluto, na verdade, n�o existe. “Sempre ficam vozes na nossa cabe�a. Cabe a cada um o exerc�cio de refletir sobre seu pr�prio sil�ncio. Queremos ouvir melhor nossas vozes internas, elas elucidam nossa atmosfera e a nossa busca de sentido”, diz. “Todo trabalho art�stico busca n�o dizer de forma clara e �bvia as coisas para oferecer um caminho interpretativo ao p�blico, no qual ele possa captar coisas al�m dos autores. � um disco para oferecer experi�ncia est�tica particular a cada um que ouvi-lo, quantas vezes for”, acrescenta.
Ao comentar o que difere “In silence” de trabalhos anteriores do Graveola, Zelu Braga destaca que, al�m de trazer “dimens�o mais contida e esfor�o de olhar para dentro”, o disco trabalha can��es de amor como a banda ainda n�o havia feito. “Falamos agora das dores do amor, tema que abordamos pouco ao longo de nosso legado e foi importante para colocar um pouco desta cara nova da banda”, afirma o m�sico.
O vocalista ressalta o protagonismo de Luiza Brina, com quem divide os vocais no que chama de “novo Graveola”. “A figura dela ganhou mais for�a no disco. Ela � compositora de quatro das sete m�sicas. Entrou no grupo como percussionista, hoje � guitarrista e uma das principais vozes”, refor�a Zelu, que integra a nova forma��o ao lado de Gabriel Bruce, Bruno de Oliveira, Thiago Corr�a e Di Souza, al�m de Luiza Brina.
LUIZ GABRIEL
O novo disco traz participa��es especiais de Uyara Torrente (A Banda Mais Bonita da Cidade), PC Guimar�es (Semreceita) e Luiz Gabriel Lopes, que deixou o Graveola em 2019 e participa da faixa “Tsumani”.
“Ele foi uma das �ltimas sa�das, uma pessoa superimportante em v�rios aspectos. Conservar essa participa��o dele � um elemento importante daquele Graveola antigo que trazemos neste disco”, diz Zelu.
O m�sico lembra que o per�odo recente de transforma��es para o Graveola coincide com o esvaziamento das pol�ticas culturais no pa�s. “Mais da metade dos discos anteriores da banda foi produzida com leis de incentivo. O desmanche nos �ltimos cinco anos fez com que tiv�ssemos de buscar novas alternativas para nos sustentar”, argumenta. Parte dos recursos para o novo trabalho veio de uma campanha de financiamento coletivo.

“IN SILENCE”
.Graveola
.Sete faixas
.Gravadora Deck
.Dispon�vel nas plataformas digitais