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Estado de Minas M�SICA

Tia Surica homenageia o bamba Manac�a com o disco 'Conforme eu sou'

Autor de 'Quantas l�grimas' e de sambas-enredo que entraram para a hist�ria da m�sica popular foi quem levou a cantora para a Velha Guarda da Portela


14/06/2021 04:00 - atualizado 14/06/2021 07:00

A cantora Tia Surica é grata a Manacéa por levá-la para a Velha-Guarda da Portela(foto: Thais Monteiro/Evo Midia/divulgação)
A cantora Tia Surica � grata a Manac�a por lev�-la para a Velha-Guarda da Portela (foto: Thais Monteiro/Evo Midia/divulga��o)

S�o 180 anos de samba. Disco rec�m-lan�ado re�ne Manac�a e Tia Surica, duas lendas da Portela. Ele, compositor talentoso que fez hist�ria no carnaval. Ela, cantora e pastora mais antiga da escola de Oswaldo Cruz, em Madureira.

Se fosse vivo, Manac�a Jos� de Andrade (1921-1995) festejaria seu centen�rio de nascimento em agosto. Em novembro de 2020, Tia Surica completou 80 anos. Os dois se encontram no �lbum “Conforme eu sou”, gravado por ela com repert�rio totalmente dedicado ao saudoso amigo que a levou para a Velha-Guarda da Portela.

“Os planos de comemorar o meu anivers�rio em novembro tiveram de ser adiados por causa da pandemia. Tudo o que estava sendo planejado precisou ser readaptado aos novos tempos”, conta Iranette Ferreira Barcellos, a Surica. Foi assim que surgiu “Tia Surica da Portela, 80 anos”, projeto viabilizado pela Lei Aldir Blanc.

MEM�RIA

O novo �lbum faz parte dessa iniciativa. Tem o objetivo de valorizar a mem�ria do samba, ressaltando a voz da veterana pastora da azul e branco. “Conforme eu sou” � tamb�m uma forma de Tia Surica apresentar as can��es do amigo �s novas gera��es.

“S�o 12 composi��es de autoria de Manac�a. Apenas uma, 'Volta, meu amor', foi feita por ele em parceria com a filha, �urea Maria. Mod�stia � parte, o disco vem sendo muito elogiado e ficou muito bom, gra�as a Deus. Tenho a certeza e muita f� em Deus de que ser� um sucesso”, diz ela.

O �lbum est� dispon�vel no canal de Tia Surica no YouTube. No repert�rio, destacam-se cl�ssicos de Manac�a, como “Quantas l�grimas”, que todo mundo conhece das rodas de samba, mas desconhece quem a comp�s. Ali�s, essa can��o tem tudo a ver com estes tempos de pandemia. Diz assim: “Ah! Quantas l�grimas eu tenho derramado/ S� em saber/ Que eu n�o posso mais/ Reviver o meu passado/ Eu vivia cheio de esperan�a e de alegria/ Eu cantava, eu sorria/ Mas hoje em dia eu n�o tenho mais/ A alegria dos tempos atr�s”.

A dire��o musical de “Conforme eu sou” � de outro mestre: Paul�o Sete Cordas. O disco conta tamb�m com Cristina Buarque, irm� de Chico e expert em samba. Ali�s, foi essa cantora, que interpreta a faixa “Inesquec�vel amor”, quem apresentou “Quantas l�grimas” ao Brasil, em disco lan�ado em 1974.

Tia Surica � tamb�m famosa cozinheira – sua feijoada � considerada a melhor do Rio de Janeiro. Pois a “cozinha” do novo �lbum, sob a batuta de Paul�o Sete Cordas, n�o poderia ser menos competente: Rog�rio Caetano (viol�o de seis cordas), M�rcio Vanderley (cavaquinho), Dudu Oliveira (flauta e sax), Luiz Barcelos (bandolim), Rodrigo Reis, Leo Rodrigues e Waltis Zacarias (percuss�o), Lazir Sinval, Deli Monteiro, Iracema Monteiro e S�lvia Nara (vocais). Tamb�m est�o l� Velha- Guarda, �urea Maria, Sergio Proc�pio e Rub�o da Cu�ca.

Grata a Manac�a, Tia Surica comenta: “Ele foi respons�vel pelo que sou hoje.” Surica conta que seu primeiro contato com a escola se deu aos 4 anos, levada pela m�e, Judith, e o pai, Pio. Fez de tudo na azul e branco: cantou no coro, desfilou nas alas, saiu de baiana. Tamb�m puxou o samba na avenida, em 1966, cumprindo a ordem do lend�rio Natal. Aquele samba-enredo se chamava “Mem�ria de um sargento de mil�cias”, composto por um jovem chamado Paulinho da Viola...

“Se alcancei meus objetivos, foi com muita for�a do Manac�a, que me integrou � Velha-Guarda da Portela, na qual estou desde a d�cada de 1980. Infelizmente, n�o sou compositora, somente int�rprete. Confesso: gostaria muito de compor, por�m acho que n�o tenho inspira��o para tal”, diz ela.

DE COR

Tia Surica conhece como poucos a obra do “padrinho”. “J� sabia de cor todas as can��es dele, por isso foi f�cil fazer o repert�rio do disco. Fizemos uma rela��o e fomos eliminando at� chegar �s 12 faixas. N�o tivemos dificuldade, apenas demos uma peneirada e ficou lindo”, comenta.

“Gravamos no est�dio, sob o comando do Paul�o. Para fazer um CD digno, tem que ser mesmo em est�dio”, afirma, feliz com a participa��o de Cristina Buarque em seu novo trabalho. “� minha amigona. Ela me chama de minha preta e eu a chamo de minha branca.” Surica agradece � irm� de Chico Buarque pelo empenho em divulgar a obra de Manac�a.

Violonista, arranjador e produtor, Paul�o Sete Cordas destaca o papel de Manac�a na m�sica popular brasileira. “Ele foi um dos compositores mais importantes da hist�ria da Portela. Um dos poucos que ganharam samba-enredo na escola, se n�o me engano, tr�s”, observa.

Ali�s, foi Manac�a quem convidou Paul�o para tocar com a Velha- Guarda. “Fiz a dire��o musical daqueles shows nos anos 1980 e 1990. Convivemos muito, � motivo de muita alegria fazer um CD s� com trabalhos dele. Eu e Surica conhecemos tudo dele. S� gravamos uma in�dita, a que a Cristina Buarque canta. Acreditamos que ainda existem coisas que precisam voltar � baila para que as pessoas possam conhec�-las.”

O conceito do disco de Tia Surica remete � roda de samba. “Foi como se estiv�ssemos em casa. Uma coisa bem elegante, n�o muito pesada, sem bateria e contrabaixo. Gravamos com viol�o de seis e sete cordas, bandolim, cavaquinho, flauta, percuss�o e coro. Ficou muito legal”, diz Paul�o, bamba que j� tocou com Nelson Cavaquinho e trabalha com Zeca Pagodinho h� mais de 20 anos.

“Conforme eu sou” � o terceiro disco da sambista carioca. Em 2004, ela lan�ou “Surica” (Fina Flor), tamb�m produzido por Paul�o Sete Cordas, com dire��o de Ruy Quaresma. O repert�rio, claro, re�ne a elite da Portela – Monarco, Aniceto, Jair do Cavaquinho, Mauro Duarte e Candeia, entre outros.

O CD e DVD “Tia Surica – Poderio de Oswaldo Cruz”, de 2013, novamente produzido por Paul�o Sete Cordas, contou com a participa��o da Velha-Guarda da Portela, Diogo Nogueira e Mariene de Castro. O repert�rio reuniu sambas de Monarco, Argemiro, Aniceto e Manac�a, al�m do mineiro Toninho Geraes.

PANDEMIA

Aos 80 anos, Tia Surica n�o mede esfor�os para divulgar o samba, a Portela e seus compositores queridos. No �ltimo Dia das M�es, lan�ou nas plataformas digitais o single “Conselho da mam�e”, outro cl�ssico de Manac�a. Preocupada com a pandemia e o impacto da COVID-19, ela desabafa: “Est� muito constrangedor, j� n�o falo nem do carnaval, mas das pessoas desabrigadas e passando fome. Tenho muita f� em Deus de que isso vai passar.”

A dama do samba garante que cumpre � risca o isolamento social. “N�o vou para a rua, muito menos at� a Portela. � complicado... Conhe�o muita gente que morreu por causa da COVID-19”, revela Tia Surica. (Com �ngela Faria)

Repert�rio

» “CONSELHO DA MAM�E”
» “SEMPRE TEU AMOR”
» “MANH� BRASILEIRA”
» “VOLTA”
» “QUANTAS L�GRIMAS”
» “INESQUEC�VEL AMOR”
» “VOLTA, MEU AMOR”
» “A NATUREZA”
» “NASCER E FLORESCER”
» “QUANDO QUISERES”
» “FLOR DO INTERIOR”
» “CARRO DE BOI”

(foto: Divulgação)
(foto: Divulga��o)


“CONFORME EU SOU”
• Disco de Tia Surica, com can��es de Manac�a
• 12 faixas
•  Dispon�vel nas plataformas digitais

Monarco diz que compositores desistiram dos próprios sambas ao ouvir a ''melodia forte'' de Manacéa(foto: Wanderlei Pozzembom/CB/D.A Press %u2013 14/9/90)
Monarco diz que compositores desistiram dos pr�prios sambas ao ouvir a ''melodia forte'' de Manac�a (foto: Wanderlei Pozzembom/CB/D.A Press %u2013 14/9/90)
 

Mestre do samba


O legado de Manac�a Jos� de Andrade (1921/1995) � patrim�nio da Portela, do Rio de Janeiro e do Brasil. Irm�o de Aniceto e Mijinha – lendas da azul e branco de Oswaldo Cruz –, ele comp�s sambas para v�rios enredos levados � avenida: “Homenagem � princesa Isabel” (1948), “O despertar do gigante” (1949), “Riquezas do Brasil” (1950) e “Brasil de ontem” (1952), por exemplo.

A paix�o pelo carnaval veio da inf�ncia, informa o “Dicion�rio Cravo Albin de m�sica popular brasileira”. Crian�a, Manac�a j� rodeava os blocos Quem Fala de N�s Come Mosca, Quem nos Faz � o Capricho, e Vai Como Pode, que deram origem � Portela.

De origem humilde, o carioca trabalhou em f�brica de gelo e como serralheiro. Na d�cada de 1940, seu talento j� chamava a aten��o nas escolas de samba e morros do Rio. Aos 18 anos, teve a primeira m�sica gravada, “Minha querida”.

O samba “Quantas l�grimas” estourou em 1974, no disco de Cristina Buarque. Em 1970, a can��o j� havia sido registrada por Paulinho da Viola no LP da Velha-Guarda da Portela.

“A melodia dele era muito forte. Teve ocasi�o em que cheguei a ver portelenses, como o Chico Santana, fazerem samba-enredo, mas, depois de escutar o do Manac�a, botar no ba� e n�o disputar”, contou Monarco, outro patrim�nio da azul e branco.

Foi no quintal de Manac�a e dona Nen�m, em Oswaldo Cruz, que a Velha-Guarda da Portela fez seus primeiros ensaios, � base de partido-alto, samba de roda, galinha com quiabo e churrasco, preparados pela anfitri� e por Aniceto.

As composi��es de Manac�a fazem parte do repert�rio de Beth Carvalho, Zez� Motta, Paulinho da Viola, Cristina Buarque, Teresa Cristina e Marisa Monte, entre outros.


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