
Em 1989, Carlos DeLuna morreu por inje��o letal no Texas. Agora, o diretor Patrick Forbes espera que seu document�rio “The phantom” leve o presidente americano, o democrata Joe Biden, a agir contra a pena de morte gra�as a uma mensagem poderosa: “Um homem inocente foi executado”.
O longa-metragem, que ser� lan�ado em 2 de julho, analisa em detalhes a morte de Wanda L�pez, esfaqueada em uma noite de fevereiro de 1983, enquanto trabalhava como caixa em um posto de gasolina em Corpus Christi, no Texas.
Pouco antes de morrer, a jovem chamou a pol�cia para descrever o assassino. O document�rio, uma reconstru��o meticulosa e arrepiante do crime, come�a com a grava��o das �ltimas palavras de L�pez: “Voc� quer? Eu te dou. Eu te dou. N�o vou fazer nada. Por favor!”
PRIS�O
A pol�cia, que chegou tarde demais para salvar L�pez, saiu em busca de um homem que testemunhas viram fugir a p�. Quarenta minutos depois, DeLuna, de 20 anos, com longo hist�rico criminal, foi preso. Estava escondido embaixo de um carro.Convencidos de que haviam encontrado o assassino, investigadores encerraram a busca, mesmo quando DeLuna alegou inoc�ncia. N�o apresentava nenhum vest�gio de sangue.
Durante o julgamento, DeLuna alegou que fugira por medo de ser acusado. Disse que, de fato, conhecia o culpado: um certo Carlos Hern�ndez, a quem se ligou na pris�o.
No entanto, quando os investigadores mostraram a ele fotos de homens com esse nome, DeLuna n�o conseguiu identificar Hern�ndez. Algumas mentiras dele durante o julgamento minaram ainda mais sua credibilidade.
O promotor insistiu que Carlos Hern�ndez era um “fantasma”, fruto da imagina��o de DeLuna, considerado culpado e posteriormente condenado � morte. A execu��o ocorreu em 17 de dezembro de 1989.
A partir de ent�o, “a verdade foi aparecendo lentamente”, revelou o brit�nico Patrick Forbes, diretor de “True stories: WikiLeaks – Secrets and lies” (2011).
Em 2004, intrigado com o caso, James Liebman, professor de direito da Universidade de Columbia, iniciou sua pr�pria investiga��o com a ajuda de alunos e de um detetive particular.
Eles rapidamente descobriram que Carlos Hern�ndez era uma pessoa real. Ele morreu na pris�o em 1999, enquanto cumpria pena por agredir uma mulher com uma faca. Ali�s, foi preso v�rias vezes portando facas. E tinha semelhan�a f�sica impressionante com DeLuna.
Em 2012, Liebman e seus alunos publicaram artigo muito detalhado em uma respeitada revista de direito, que mais tarde se tornaria a base para o filme da Forbes.
O diretor insistiu, no entanto, que iniciou seu projeto sem qualquer opini�o preconcebida sobre o caso. “Este filme teria falhas fatais se fosse puramente propaganda contra a pena de morte”, declarou.
Metodicamente, o cineasta rastreou figuras-chave do caso, n�o apenas policiais, promotores, advogados e testemunhas, mas algumas das mulheres v�timas da viol�ncia de Hern�ndez, que, anos depois, permanecem traumatizadas.
Uma delas revelou a Forbes que Hern�ndez se gabou de ter matado Wanda L�pez e escapado gra�as a seu “hom�nimo”.
O cineasta est� convicto de que descobriu a verdade: “� horr�vel, mas � muito humano, as pessoas cometem erros”. E, nesse caso, afirma, “todos os erros que poderiam ter sido cometidos foram cometidos”.
POBRES
De acordo com ele, problemas assim s�o parte de um sistema jur�dico que n�o d� oportunidades iguais aos pobres e �s minorias. “O autor do crime era um hisp�nico pobre, o inocente executado era um pobre hisp�nico, nenhum deles seria tratado com justi�a”, afirmou.Forbes espera que seu filme n�o apenas ajude, tardiamente, a limpar o nome de DeLuna, mas motive uma transforma��o. Por isso, concordou que “The phantom” seja usado em apoio a uma peti��o exigindo que Biden comute as senten�as de morte de todos os presos em penitenci�rias federais.
Durante as prim�rias democratas no ano passado, Biden disse que se opunha � pena de morte. Por�m, nada decidiu sobre o assunto desde que tomou posse como presidente dos Estados Unidos, em janeiro.
Forbes espera que os holofotes no caso DeLuna levem Biden a agir. “N�o seria �timo se este filme realmente resultasse em alguma mudan�a concreta?”, pergunta o diretor. (AFP)