
Compositor, pianista, tecladista, arranjador e produtor, M� Carvalho, fundador e integrante do grupo A Cor do Som, lan�a o disco “Alegrias de quintal” (Ingrooves) nesta sexta-feira (16/07). Al�m da regrava��o de sucessos autorais, como “Sapato velho”, hit do Roupa Nova que ele comp�s em parceria com Claudio Nucci e Paulo Tapaj�s, e “Semente do amor”, feita com Moraes Moreira, o disco conta com duas faixas in�ditas, “Simplesmente pode aparecer” e “A voz de um amigo”.
Ex-colega de col�gio de M�, no Rio de Janeiro, onde se radicou, o capixaba Z� Renato � quem se encarrega de interpretar a nova vers�o de “Sapato velho”. Abre o disco a faixa instrumental que d� nome ao �lbum. M� conta que “Alegrias de quintal” s�o introdu��es de tr�s cl�ssicos do grupo A Cor do Som: “Menino Deus” (Caetano Veloso), “Abri a porta” (Gilberto Gil e Dominguinhos) e “Palco” (Gilberto Gil).
“Elas ficaram ligadas �s respectivas can��es, mas o fato � que esses tr�s motivos mel�dicos s�o de minha autoria. E foi com elas que compus a m�sica instrumental “Alegrias de quintal”, palavras que trouxe da letra da can��o ‘Palco’”, diz.
Al�m de M� (voz e teclados), participam do disco J�lio Raposo (guitarras), Lancaster Lopes (baixo) e Pedro Mamede (bateria). A faixa “Simplesmente pode aparecer” conta com a participa��o de Ana Zingoni; e “A voz de um amigo” traz o cantor, violonista e compositor mineiro Tuca Oliveira, autor de ambas as letras.
Em 2020, “apesar da pandemia”, M� viu serem lan�ados o disco instrumental “�lbum rosa”, d’A Cor do Som, e tamb�m seu songbook com 25 composi��es para piano. E foi a� que o instrumentista passou a observar a situa��o do mercado da m�sica, hoje totalmente digital. “Dando uma olhada no Spotify, pude perceber que meu nome estava 100% ligado � m�sica instrumental. Isso � at� �bvio, pois o meu trabalho � 90% instrumental”, observa.
Algo, por�m, desagradou a M�. “Can��es minhas de sucesso, como ‘Sapato velho’, ‘Semente do amor’, ‘Swingue menina’ e ‘Magia tropical’, n�o estavam tendo meu nome citado nem pelos int�rpretes nem pelas r�dios e outras m�dias.”
Um inc�modo que n�o � novo. “� aquela coisa de o compositor n�o aparecer e ficar blindado. Na verdade, isso � algo que j� vem me incomodando h� alguns anos. Ali�s, isso de n�o dar o cr�dito ao compositor � algo comum no Brasil, infelizmente. Al�m de as r�dios n�o falarem os nomes dos compositores, o que j� se tornou tradi��o no nosso pa�s, por exemplo, uma determinada int�rprete canta uma m�sica de Dorival Caymmi, o apresentador fala ‘Samba da minha terra’ e d� o nome da cantora, omitindo o autor. Assim sendo, as pessoas acabam acreditando que foi a int�rprete quem comp�s aquela m�sica.”
No caso do Spotify, M� esclarece que a plataforma monta seu nome com o que foi lan�ado por ele como artista. “Acontece que meus �lbuns solo s�o 100% instrumentais, fora os discos de novelas que fiz para a Rede Globo, que tamb�m s�o 100% instrumentais.”
Como ele sentia falta de ver suas can��es de sucesso atreladas ao seu nome, decidiu gravar “Alegrias de quintal”. Ele conta que desde o in�cio do A Cor do Som, quando recebiam uma m�sica de presente de Caetano e Gil para gravar, ele sempre criava uma introdu��o para ela. “Era uma esp�cie de assinatura minha. Tenho o maior orgulho de ter feito essas introdu��es, uma coisa minha e que tem a ver com a composi��o, porque o arranjo � ligado � composi��o, � claro. � como se eu colocasse um pedacinho de mim em uma obra do Caetano e do Gil.”
Para abrir seu novo disco, M� fez um pot-pourri das introdu��es que criou para “Palco”, “Menino Deus” e “Abri a porta”. “Quando parece que vai entrar a m�sica, na verdade, entra uma outra introdu��o. A�, de novo, quando parece que vai entrar a segunda m�sica, entra uma terceira introdu��o. Pensei: Como vou dar um nome para essa faixa? Ent�o, ‘roubei’ da letra de ‘Palco’, quando Gil fala ‘trago um cesto de alegrias de quintal’, que acho lindo. � como se fosse uma homenagem, porque o Gil est� ali em duas m�sicas, ‘Abri a porta’ e ‘Palco’.”
''Z� Renato, Claudio Nucci e Cazuza eram meus colegas l� (no Col�gio Rio de Janeiro). Cazuza n�o chegava a ser m�sico, mas j� mostrava a sua veia po�tica. A professora de portugu�s adorava as poesias dele. Tenho at� uma ideia de escrever um livro contando as minhas hist�rias, que s�o muitas. O festival do CRJ era famoso, e era sempre assim: primeiro e segundo lugares ficavam com Z� Renato e Claudio Nucci, mas �s vezes se revezavam. Eram grandes cantores e j� compunham naquela �poca''
M� Carvalho, compositor e instrumentista
COL�GIO
A Cor do Som nasceu em 1977, mas o envolvimento de M� com a m�sica � anterior, conforme ele conta. Vem dos tempos em que ele estudava no Col�gio Rio de Janeiro (CRJ), que promovia anualmente um festival de m�sica.“Z� Renato, Claudio Nucci e Cazuza eram meus colegas l�. Cazuza n�o chegava a ser m�sico, mas j� mostrava a sua veia po�tica. A professora de portugu�s adorava as poesias dele. Tenho at� uma ideia de escrever um livro contando as minhas hist�rias, que s�o muitas. O festival do CRJ era famoso, e era sempre assim: primeiro e segundo lugares ficavam com Z� Renato e Claudio Nucci, mas �s vezes se revezavam. Eram grandes cantores e j� compunham naquela �poca.”
M� conta que, na �poca do col�gio CRJ, Nucci tinha uma banda com Z� Renato que se chamava Grupo Agora. “Ao mesmo tempo, Claudio tinha outra comigo, cujo nome era Semente, com a presen�a de Claudio Infante, que j� era um grande baterista naquela �poca. Infelizmente, n�o chegamos a gravar nada. O grupo ficou muito underground. Isso em 1975, 1976. Tocamos um pouco em alguns bares de Ipanema, mas ficou s� nisso mesmo. Logo depois, eu, meu irm�o Dadi e Gustavo Schroeter fomos para a banda de Jorge Benjor. Ficamos com ele durante um tempo e depois o Moraes Moreira nos chamou, quando foi gravar o seu primeiro disco. Foi a� que nasceu o grupo A Cor do Som.”
O tecladista lembra que seu outro irm�o, S�rgio Carvalho, que � produtor musical, foi assistir a um show de Moraes Moreira e disse a eles: “‘Voc�s t�m um som muito de voc�s, peculiar, vamos gravar uma fita demo l� na Polygram e ver se rola um contrato’. Fomos l� e gravamos tr�s m�sicas instrumentais, mas o pessoal achou que n�o era comercial”.
Outra porta, por�m, logo se abriu. “Andr� Midani estava fundando a gravadora Warner no Brasil e ouviu falar da banda da garotada que havia tentado um contrato com a Polygram e quis ver o nosso trabalho. Ele ouviu a nossa fita demo e nos chamou para assinar um contrato de tr�s anos. Isso foi em 1977; eu estava com 19 anos. E ficamos nove anos na Warner, sendo tr�s contratos de tr�s anos cada um.”
Desde ent�o, diz M�, ele nunca parou de compor “porque isso est� na veia”. Atualmente passando uma temporada em Paris, tem “tocado menos do que gostaria”, mas segue compondo bastante, incluindo a trilha sonora da pr�xima novela das 21h da Globo. “Vou ficar uns tempos fazendo essa ponte entre Brasil e Fran�a, onde tamb�m tenho filhos.”
A Cor do Som continua firme � espera de voltar a fazer shows. “Em outubro do ano passado, em plena pandemia, tocamos no Rio Montreaux Jazz Festival. No momento, estou animado a ficar gravando e alimentando esse mundo digital, porque estou com a faca e o queijo na m�o. � que temos um est�dio e isso facilita bastante.”
FAIXA A FAIXA
1- “Alegrias de quintal” (M� Carvalho)
2- “A voz de um amigo” (M� Carvalho, Jonas Myrin & Tuca Oliveira)
3- “Magia tropical” (M� Carvalho & Evandro Mesquita)
4- “Sapato velho” (M� Carvalho, Claudio Nucci & Paulinho Tapaj�s)
5- “Semente do amor” (M� Carvalho & Moraes Moreira)
6- “Simplesmente pode acontecer” (M� Carvalho & Tuca Oliveira)
7- “Swingue menina” (M� Carvalho & Moraes Moreira)
8- “Sapato velho” -(Em vers�o instrumental)
“ALEGRIAS DE QUINTAL”
• M� Carvalho
• Ingrooves (8 faixas)
• Dispon�vel nas plataformas digitais a partir desta sexta-feira (16/07)