
Filha dos atores Will Smith e Jada Pinkett Smith, uma das maiores “power couple” de Hollywood, Willow Smith nasceu predestinada a seguir uma carreira art�stica. Aos 7 anos, ela contracenou com o pai no filme "Eu sou a lenda" (2007), de Frances Lawrence, em que a brasileira Alice Braga divide a tela com Smith num cen�rio p�s-apocal�ptico.
Aos 10 anos, Willow estreou como cantora com a m�sica "Whip my hair", um dos grandes hits de 2010. Ao longo da �ltima d�cada, ela se dedicou a diferentes estilos musicais, como rap, pop e R&B, mas n�o conseguiu manter o sucesso inicial da carreira.
Agora com 20 anos, Willow voltou a chamar a aten��o do grande p�blico depois que aderiu ao punk pop do in�cio dos anos 2000. Em seu novo disco de est�dio, "Lately I feel everything", que desembarcou nas plataformas digitais na �ltima sexta-feira (16/07), a artista revive a sonoridade que rendeu sucesso a bandas como Green Day, Paramore, Blink-182 e My Chemical Romance.
GUITARRAS
Em meio a guitarras nervosas e baterias ruidosas, Willow canta sobre amores, desamores e traz sua personalidade marcante para um estilo que, por ter ficado engessado, acabou caindo no esquecimento, mas voltou a reinar impulsionado pelas redes sociais."Transparent soul", o primeiro single, lan�ado em abril passado, caiu no gosto dos TikTokers e isso � tudo o que uma m�sica precisa para alcan�ar o sucesso em 2021. Respons�vel por abrir o disco, a faixa remete ao rock adolescente do in�cio do segundo mil�nio: conta com uma progress�o que explode no refr�o e uma letra chiclete. Outro grande atrativo da m�sica � a presen�a de Travis Barker, ex-baterista do Blink-182.
O instrumentista repete a parceria com Willow nas faixas "Gaslight" e "Grow". Essa �ltima ainda conta com a participa��o da cantora Avril Lavigne, respons�vel por popularizar o g�nero a que o �lbum se dedica, o que deu a ela a alcunha de "rainha do pop punk". Tamb�m participam do �lbum a cantora canadense Ayla Tesler-Mabe, a rapper Tierra Whack e a banda Cherry Glazerr.
EXPERIMENTAL
Com 11 faixas distribu�das em pouco mais de 26 minutos, o disco n�o se baseia s� na nostalgia. A m�sica "Don't save me", por exemplo, � carregada de guitarras e linhas de baixo pesadas, mas n�o remete � sonoridade dos anos 2000, e se aproxima do punk experimental de hoje.Em "Come home", Willow desacelera, abusa de bons vocais e flerta com o dream pop. O registro tamb�m acena para a sonoridade densa do p�s-punk nas faixas "4ever" e "Na�ve".
As guitarras de "Xtra" ecoam o primeiro disco de Avril Lavigne, "Let me go" (2002). J� "Lipstick" � um pop punk intenso, bastante parecido com o que se encontra no segundo disco da banda Paramore, "Riot!" (2007), que transformou o grupo num sucesso mundial.
A derradeira, "Breakout", soa deslocada. A m�sica se aproxima do heavy metal e coloca Willow muito perto de um tipo de rock muito mais “tioz�o” do que ela persegue no restante do disco.
O �lbum ainda conta com a breve "FUCK you", em que a cantora exorciza alguns dem�nios, gritando acompanhada de uma bateria crua. O texto de apresenta��o do disco conta que Willow aproveitou a quarentena para compor can��es na guitarra, inspirada por artistas que fizeram parte de sua vida. Ali�s, uma das principais influ�ncias dela foi a m�e, Jada, que fez parte da banda de metal Wicked Wisdom.
RESIST�NCIA
"A banda apresentava poderosos vocais de rock e guitarras esmagadoras que abriram caminho para os gostos musicais de Willow, incluindo My Chemical Romance, Paramore, Fall Out Boy e muito mais", diz um trecho.
Em entrevista � Alternative Press, ela falou sobre o fato de ser uma artista negra fazendo rock. "Quero que as pessoas saibam que podemos ser qualquer coisa que quisermos, nos expressar e ter uma comunidade que nos apoie. Ter pessoas negras do mundo do rock ainda � muito raro. Existe uma resist�ncia que quero vencer. Eu amo rock e sempre amei a vida inteira. Foi por esse motivo que fiz este projeto", disse.
"Historicamente, os jovens afro-americanos t�m sido constantemente colocados nessas caixas, e eu sinto que at� mesmo em nossa pr�pria comunidade, quando tentamos sair dessas caixas e quando tentamos fazer algo diferente, somos examinados por nossa pr�pria comunidade", acrescentou.
"Lately I feel everything" � o quarto �lbum da cantora. Apesar de ter estreado em 2010, o primeiro disco dela, "Ardipithecus" foi lan�ado somente em 2015. Em 2017, ela lan�ou "The 1st" e, em 2019, o elogiado "WILLOW". Ao longo desses anos, ela tamb�m lan�ou quatro EPs: "3" (2014), "Interdimensional tesseract" (2015), "Mellifluous" (2016) e "Rise" (2020).
De certa maneira, a chegada do disco de Willow Smith confirma a teoria de que n�o s� o pop punk, como tamb�m outros derivados do rock, est�o passando por um revival encabe�ado por artistas jovens e impulsionado pelas redes sociais.
Um dos principais vetores dessa tend�ncia � o sucesso da estrela teen Olivia Rodrigo, de 18 anos. Depois de estourar com a m�sica "Drivers license", ela emplacou "Good 4 u", que pode ser definida como uma mistura entre pop punk e pop rock. A nostalgia ficou ainda mais assinalada com o lan�amento do clipe, que remete a cenas de filmes como "O di�rio da princesa" (2002) e "Garota infernal" (2009).
POP ROCK
Em "Sour" (2021), seu disco de estreia, lan�ado em maio passado, Olivia Rodrigo remete ao pop rock em faixas como "Brutal", "Deja vu", "Jealousy, jealousy" e "Hope ur ok".Outra representante do rock jovem feito em 2021 � a banda de punk The Linda Lindas, formada em Los Angeles (EUA) por Bela Salazar, de 16 anos; Eloise Wong, de 13; Lucia de la Garza, de 14; e Mila de la Garza, de 10. No come�o do ano, elas viralizaram com a m�sica "Racist, sexist boy", que caiu no gosto dos artistas Karen O, do Yeah Yeah Yeahs, e Hayley Williams, do Paramore.
O grupo est� em in�cio de carreira, mas j� mostra vigor e consist�ncia nas poucas can��es dispon�veis no streaming, como � o caso de "Claudia Kishi" e "Vote!". Elas tamb�m gravaram duas m�sicas para a trilha sonora do filme "Moxie", da Netflix, intituladas "Rebel girl" e "Big mouth", e ainda lan�aram o EP "The Linda Lindas", com quatro faixas.
CLIPE
O representante mais recente e improv�vel dessa retomada do rock � a banda italiana Maneskin, vencedora do Festival da Can��o de Sanremo e do Eurovision em 2021. Basta abrir o TikTok para perceber o quanto o grupo est� estourado. O maior hit deles � "Zitti e Buoni", que venceu os dois referidos festivais. Em seguida, est� "I wanna be your slave", que ganhou um clipe sensual na �ltima quinta-feira (15/07).Antes de fazer sucesso com m�sicas originais, a banda era reconhecida na It�lia por fazer covers. Um deles, "Beggin", conquistou o topo do top 20 global do Spotify nos �ltimos dias. A m�sica foi composta por Bob Gaudio e Peggy Farina e popularizada pelo grupo The Four Seasons, em 1967.
Diferentemente de Willow Smith e Olivia Rodrigo, os integrantes do Maneskin t�m uma abordagem mais agressiva e tradicional do g�nero. Essa postura tamb�m est� na atitude e no jeito de vestir do quarteto, formado pelo vocalista Damiano David, de 22, a baixista Victoria De Angelis, de 21, o guitarrista Thomas Raggi, de 20, e o baterista Ethan Torchio, tamb�m de 20. Atualmente, a banda tem tr�s discos lan�ados: "Chosen" (2017), "Il ballo della vita" (2018) e "Teatro d'ira - Vol. I" (2021).
FAIXA A FAIXA
» “t r a n s p a r e n t s o u l” (feat. Travis Barker)
» “FUCK You”
» “Gaslight” (feat. Travis Barker)
» “don’t SAVE ME”
» “na�ve”
» “Lipstick”
» “Come Home” (feat. Ayla Tesler-Mabe)
» “4ever”
» “XTRA” (feat. Tierra Whack)
» “G R O W” (feat. Avril Lavigne e Travis Barker)
» “¡BREAKOUT!” (feat. Cherry Glazerr)

“LATELY I FEEL EVERYTHING”
• De Willow
• 11 faixas
• MSFTS Music/Roc Nation Records
• Dispon�vel nas plataformas digitais