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Estado de Minas M�SICA

Cantor mineiro convoca fil�sofos para pensar a pandemia em EP

Guto Brant recorre �s ideias do franc�s Jacques Derrida e do brasileiro Vladimir Safatle no rec�m-lan�ado 'Pomb�lia'


21/07/2021 04:00 - atualizado 21/07/2021 01:09


O isolamento imposto pela pandemia do novo coronav�rus, o pensamento dos fil�sofos Jacques Derrida (1930-2004) e Vladimir Safatle, o atual panorama pol�tico do Brasil e o Edif�cio JK, na Regi�o Central de Belo Horizonte, s�o os improv�veis ingredientes que comp�em a receita do EP "Pomb�lia", segundo trabalho do mineiro Guto Brant, lan�ado na �ltima semana e que sucede � sua estreia com o EP "Duplo", de 2018. 

Ele conta que as cinco m�sicas que integram “Pomb�lia” surgiram a partir da chegada da pandemia, s�o fruto de suas reflex�es e foram executadas, gravadas e finalizadas nesse per�odo.

"O que, no fundo, inspirou o 'Pomb�lia' foi estar dentro de casa, sem contato com a vida que eu tinha antes da pandemia, com os amigos, as trocas. Acho que essas can��es surgiram a partir das reflex�es sobre o que estava acontecendo. Vieram desse lugar um pouco mais �ntimo", diz. 

As ideias de Derrida e Safatle se somaram depois, conforme aponta, como forma de balizar o trabalho. De Derrida, "Pomb�lia" pega emprestado o conceito de "hauntologia" – que se refere ao retorno ou persist�ncia de sombras do passado, como fantasmas que voltam a assombrar.

"O Safatle tamb�m diz muito sobre como, por n�o encerrar cap�tulos da nossa hist�ria devidamente – com a anistia, no per�odo posterior � ditadura, por exemplo –, voc� deixa que esses fantasmas fiquem � solta, voltando para assombrar, como est� acontecendo agora", diz o m�sico. 

Ele destaca que essa � a tem�tica que permeia todo o disco, e que esse passado que insiste em estar presente foi o que motivou o uso, ao longo das faixas, de samples de grava��es hist�ricas alinhavando os arranjos. Entre uma passagem musical e outra surgem trechos de entrevista com Jango nos anos 1960, programas da Tupi dos anos 1980 e extratos do “Rep�rter Esso”, tamb�m da TV Tupi.

Com as can��es prontas, registradas no formato voz e viol�o, Guto come�ou a trabalhar, sozinho, nos arranjos e na execu��o, criando v�rias camadas e conferindo uma sonoridade vintage ao material. O resultado � denso e instigante, avesso a lugares-comuns. 

“Fiz quase tudo sozinho, composi��es, execu��o, grava��o. Foi o Lucas Lu�s, um amigo de longa data, quem mixou, e a masteriza��o foi feita no Bunker Analog, do Anderson Guerra, tudo de maneira remota. Mas at� a grava��o eu fiz na minha sala, com poucos elementos, que, no entanto, possibilitaram essa caminhada. O mosaico foi sendo constru�do aos poucos. � dif�cil que o conceito n�o apare�a nos arranjos, nas ideias, porque esse processo mais solit�rio favorece que haja uma certa homogeneidade na condu��o delas”, salienta.

Mas e esse nome, “Pomb�lia”, com que se relaciona? “O nome une duas ideias em uma s�. O pr�dio em que moro, o Edif�cio JK, tem o apelido de Pombal. Peguei essa ideia, juntei o sufixo ‘alia’, que vem do latim e remete ao coletivo, e fiz uma associa��o com os reinos da biologia, a ‘animalia’. Tem essa coletividade de coisas que rondaram a minha casa no per�odo de isolamento junto com um outro sentido, que acho que � at� mais forte, que � essa ideia da g�ria, do pombal como desordem, bagun�a, quer dizer, imagino esse reino da desordem, do caos, que para mim � o Brasil de agora”, explica Guto.

“Pomb�lia”
Guto Brant
Dispon�vel nas plataformas digitais


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