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Estado de Minas

Ruy Castro: ''O Brasil ser� o que fizermos dele''

Escritor lan�a edi��o ampliada de "Ela � carioca", afirma que Ipanema mudou o pa�s entre 1920 e 1970, mas rejeita a nostalgia: 'Compete a n�s resistir e lutar'


05/08/2021 04:00 - atualizado 04/08/2021 19:36

Mineiro Ruy Castro se dedica a vários projetos durante a pandemia e, além da nova edição de ''Ela é carioca'', trabalha em quatro livros
Mineiro Ruy Castro se dedica a v�rios projetos durante a pandemia e, al�m da nova edi��o de ''Ela � carioca'', trabalha em quatro livros (foto: Canal Brasil/divulga��o)

A reclus�o imposta pelo novo coronav�rus tirou Ruy Castro, de 73 anos, das ruas do Rio de Janeiro. Impedido de circular e integrante do grupo de risco, um dos mais importantes bi�grafos da capital fluminense se dedica a v�rios projetos. “A pandemia me roubou o Rio, mas aproveitei o tempo para trabalhar em cinco livros ao mesmo tempo”, avisa.

O primeiro acaba de ganhar nova edi��o, mas n�o chega a ser novidade para quem acompanha o trabalho do escritor mineiro. “Ela � carioca” nunca saiu de cat�logo desde sua publica��o, em 1999, mas est� de volta com nova roupagem e revis�o que acrescentou 110 p�ginas � enciclop�dia de Ipanema.

O segundo livro sai este ano. Com 500 p�ginas, “As vozes da metr�pole — Uma antologia do Rio dos anos 20” re�ne frases, reportagens, cr�nicas, poemas e pol�micas dos autores e jornalistas personagens de “Metr�pole � beira-mar – O Rio moderno dos anos 20”, publicado no fim de 2019.

“Acho que as pessoas v�o levar um choque com a modernidade daquela turma”, acredita Castro, que tamb�m finaliza a fic��o “Os perigos do Imperador — Um romance do Segundo Reinado” e trabalha em um livro sobre biografias. Ambos est�o programados para 2022. O quinto projeto � segredo.

“Ela � carioca” re�ne, em forma de verbetes, um compilado de personagens, locais e eventos que marcaram Ipanema durante a primeira metade do s�culo 20. Castro parou em 1970. Revisto e ampliado, o livro ganhou outro projeto gr�fico, 32 p�ginas de cadernos de imagens e mais de 200 atualiza��es. Entre elas est�o seis novos verbetes, dedicados ao fot�grafo Alair Gomes, ao chansonnier franc�s Jean Sablon, � cantora e compositora Joyce Moreno, �s musas Lygia Marina e Silvia Sangirardi e � hist�rica Toca do Vinicius.

“A edi��o original nunca saiu de cat�logo. Mas, nesse tempo, muitos personagens morreram, e descobri muita coisa nova sobre quase todos eles. Estava na hora de atualizar”, afirma Ruy Castro. “Ampliei a bibliografia, que ficou, mod�stia � parte, incr�vel, e acrescentei verbetes de pessoas que deveriam ter entrado desde a primeira vez. �, sem d�vida, um novo livro. E muito melhor”, garante.

''Se, ao ler o livro, algu�m olhar para tr�s e sentir saudade, n�o posso fazer nada. Mas, para mim, ele � uma ferramenta da cultura''

Ruy Castro, Escritor e jornalista



Voc� escreveu que “Ipanema mudou o jeito de o brasileiro escrever, falar, vestir-se (ou despir-se) e, talvez, at� de pensar”. Ainda h� vanguarda em Ipanema? Ainda h� vanguarda no Brasil?
Tudo isso que falei continua valendo: Ipanema mudou tudo entre 1920 e 1970. O que aconteceu de l� para c� n�o faz parte do livro. Se os estudiosos se debru�arem sobre ele e compararem tudo aquilo com o panorama atual, v�o ter muita coisa para discutir...

Quando voc� olha para o elenco de “Ela � carioca”, para todos esses personagens que permitiram que o Brasil fosse um lugar t�o luminoso culturalmente entre 1920 e 1970, e quando olha para os dias de hoje, sente nostalgia? O Brasil conservador, negacionista e perverso enterrou aquele esp�rito?
“Ela � carioca” foi escrito para registrar um momento importante e, por incr�vel que pare�a, pouco conhecido da cultura brasileira. Se, ao ler o livro, algu�m olhar para tr�s e sentir saudade, n�o posso fazer nada. Mas, para mim, ele � uma ferramenta da cultura, n�o da nostalgia. Antes dele, ningu�m tinha atentado para o significado de tanta gente criativa, independente, rebelde e at� suicida vivendo e trabalhando junta no mesmo espa�o e por tanto tempo. Acho que essa � a contribui��o – n�o a de provocar suspiros. Eu pr�prio vivi a �ltima fase daquela �poca de Ipanema, a partir de meados dos anos 1960, conheci quase todo mundo, convivi com a maioria e at� namorei algumas das mo�as. E n�o preciso ter saudade. Saudade s� se tem daquilo que n�o se viveu. O dif�cil, realmente, vai ser, no futuro, sentir saudade de hoje.

Uma das marcas dos personagens do livro � a multidisciplinaridade: eles faziam de tudo. Perdemos isso? O Brasil ainda tem espa�o para o surgimento de uma cena t�o f�rtil?
Hoje, sinceramente, n�o sei, estou por fora. Na Ipanema de “Ela � carioca”, muitas pessoas faziam muita coisa ao mesmo tempo porque tinham talento para isso. Mas j� era dif�cil, naquele tempo, fazer tudo que se podia. O mercado no Brasil era muito mais acanhado do que o de hoje.

Que Brasil voc� enxerga para o futuro?
O Brasil ser� o que fizermos dele. Neste momento, compete a n�s resistir e lutar. Um dia, ser� o tempo da reconstru��o.

“ELA � CARIOCA”
• De Ruy Castro
• Edi��o ampliada
• Companhia das Letras
• 556 p�ginas
• R$ 114,90


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