
A segunda temporada da s�rie on-line “Hist�rias de alimentar a alma” vai abordar a tradi��o gastron�mica ligada a manifesta��es e festejos populares de Minas Gerais. Na quarta-feira (11/08) e no dia 18, dois novos epis�dios trar�o receitas relacionadas �s culturas ind�gena e africana.
Amanh�, Or�, que vive na Aldeia Sede Patax�, reserva localizada no munic�pio de Carm�sia, no Vale do Rio Doce, ensina duas formas de preparar o peixe: assado na brasa e na folha de bananeira. No dia 18, Pai Sidney D’Ox�ssi, sacerdote � frente do terreiro Quetu Il� Wopo Ol�j�k�n, em Belo Horizonte, prepara a bebida alu�, oferecida aos orix�s.
''H� muitos preconceitos contra o candombl� vinculados � maldade. Esse projeto mostra que alguns ingredientes inseridos no candombl�, de certa forma, est�o na vida das pessoas''
Pai Sidney D'Ox�ssi, sacerdote do terreiro Quetu Il� Wopo Ol�j�k�n
IDENTIDADES
“Hist�rias de alimentar a alma” faz parte do projeto “Territ�rios culturais”, da Prefeitura de Belo Horizonte, voltado para o mapeamento das v�rias identidades da capital.“No trabalho feito no primeiro ano do Circuito Municipal de Cultura, n�s compreendemos uma caracter�stica muito forte em todas as regionais: a possibilidade de explicitar as singularidades das identidades de cada uma delas atrav�s da cultura alimentar”, explica Aline Vila Real, diretora de Promo��o das Artes da Funda��o Municipal de Cultura.
Em 10 epis�dios, a primeira temporada da s�rie apresentou pratos t�picos de cada regional de Belo Horizonte. Indicados pelas respectivas comunidades, moradores compartilharam hist�rias da cultura local enquanto cozinhavam. Biscoitinho da vov�, quent�o de ervas sem �lcool, doce de p�o, frango caramelizado, bamb� de frango e ora-pro-n�bis e molho de feij�o com bacalhau s�o algumas das receitas da temporada que foi ao ar em 2020. Os epis�dios est�o dispon�veis no YouTube.
Se a primeira leva de epis�dios abordou o territ�rio f�sico, a segunda temporada, com apresenta��o de Stanley Albano e Carol Dini, exibe oito novos cap�tulos sobre a variedade de manifesta��es populares em Minas, como as culturas quilombola, do congado e do arraial.
“� uma forma de abrir espa�o para conhecermos mais sobre culturas que tamb�m nos formam e fazem parte das v�rias identidades brasileiras”, explica Aline Vila Real.
O p�blico vai conhecer as receitas da canjica de S�o Jo�o (da quadrilha Pipoca Doce, campe� do grupo especial do Arraial de Belo Horizonte em 2019), do caruru de Vunji (da Comunidade Religiosa e Quilombola Manzo Ngunzo Kaiango, em celebra��o a S�o Cosme e Dami�o) e do tradicional frango com arroz, feij�o, macarr�o e salada, prato que d� sustan�a aos participantes da Guarda de Congo Feminina de Nossa Senhora do Ros�rio.
“A gente tem retornos muito afetivos (do p�blico), inclusive porque a s�rie tem a ver com nossa cultura mineira. A comida � um motivo para a gente poder falar sobre as manifesta��es culturais de uma forma ais ampla, falar sobre a vida mesmo”, afirma Aline.
Nesta quarta-feira (11/08), Or�, genro do cacique Mesaque, da Aldeia Sede Patax�, reserva localizada na Fazenda Guarani, ensinar� a preparar peixe � moda ind�gena.
ecologia “Falar da import�ncia do peixe na alimenta��o das popula��es ind�genas � discutir a valoriza��o do meio ambiente. A gente passou por v�rios desastres que mataram nossos rios. Resgatar a import�ncia das receitas que v�m do rio, o alimento base dos povos ind�genas, � uma forma de trazer um alerta para al�m da culin�ria”, destaca Aline Vila Real.
No epis�dio da pr�xima quarta-feira (18/08), Pai Sidney D'Oxossi relembra a trajet�ria do primeiro terreiro de candombl� de Belo Horizonte, tombado em 1995 pela prefeitura da capital.
“O candombl� � uma religi�o que sempre oferece alguma oferenda aos orix�s, o que � diferente das outras religi�es. A culin�ria africana � muito vasta, com sabor inigual�vel, bem diferenciado da nossa culin�ria tradicional”, explica Pai Sidney, de 63 anos, autor do livro “Sabores da �frica no Brasil” (2002), que ganha nova edi��o no final deste ano.
O alu� � uma bebida fermentada em pote de barro a partir de milho, gengibre, canela, cravo e rapadura. De acordo com Pai Sidney, ensinar essa receita na s�rie � uma forma de desmistificar o candombl�.

DISCRIMINA��O
“H� muitos preconceitos contra o candombl� vinculados � maldade. Esse projeto mostra que alguns ingredientes inseridos no candombl�, de certa forma, est�o na vida das pessoas”, destaca. Ele cita o exemplo do quiabo, presente no prato dedicado a Xang�, e o acaraj�, na comida de Ians�.Por sua vez, o alu� tem “teor energ�tico”. N�o � utilizado apenas como bebida, mas como banho de limpeza, harmoniza��o e rem�dio, al�m de oferenda. “Toda casa de candombl� precisa ter essa bebida, porque quando o orix� chega, � uma forma de agraci�-lo”, explica.
“HIST�RIAS DE ALIMENTAR A ALMA”
» Epis�dio 4, sobre peixe preparado na reserva Aldeia Sede Patax�, em cartaz nesta quarta-feira (11/08), �s 18h.
» Epis�dio 5, sobre a bebida alu� preparada em terreiros de candombl�, exibido em 18 de agosto, �s 18h.
Transmiss�o no canal da Funda��o Municipal de Cultura no YouTube, al�m do Instagram e do Facebook do Circuito Municipal de Cultura.
* Estagi�rio sob supervis�o da editora-assistente �ngela Faria