
Diego Bagagal agora � Diego Br�ga – assim mesmo, com crase. Essa � apenas uma das v�rias mudan�as pelas quais a vida do artista tem passado ao longo dos �ltimos tr�s anos. A mais surpreendente talvez seja a migra��o do teatro, onde ele trilhava carreira de prest�gio, para a m�sica.
Atualmente morando em Lisboa, Diego passa alguns dias em Belo Horizonte para finalizar o disco de estreia na nova seara. Est� previsto ainda para este ano o lan�amento de um EP, com duas m�sicas. Em 2022, ser� a vez do �lbum cheio, a princ�pio com nove temas.
"Na inf�ncia, minhas imagens de sonho consciente eram no palco, cantando. Era assim que me via, mas isso se perdeu"
Diego Br�ga, ator e cantor
AV�
Tanto a mudan�a para Portugal quanto a s�bita chegada da m�sica na vida de Diego se deram a partir da morte de sua av� paterna. Atendendo ao desejo dela, o ent�o ator organizava o esp�lio para a doa��o, quando, muito emocionado, chorando, foi “tomado” por m�sicas que n�o existiam.
“Com a coisa do choro, me vieram 18 m�sicas. Achei aquilo tudo muito louco e decidi que se fosse um sinal, mostraria para o Chico (Neves)”, recorda. “Gravei aquelas m�sicas de maneira bem arcaica, no celular. Mudei-me para Portugal assim que minha av� morreu, e continuei a trabalhar esses temas. Um dia, voltei a Belo Horizonte, vim aqui no Chico e mostrei”, revela, durante entrevista no Est�dio 304 Selos, em Macacos.
O primeiro contato de Diego com Chico Neves ocorreu por volta de 2014, por interm�dio da astr�loga M�rcia Bonomi, mulher do produtor, a quem o novo cantor chama de “mestre-m�dica”.
“Precisava de uma astr�loga, e me indicaram: ‘Olha, tem uma astr�loga incr�vel que acabou de chegar do Rio, se chama M�rcia’. Fui conhec�-la, conheci o Th�o, filho deles, e me apaixonei. Entra o Chico, no final da nossa conversa. Tive a impress�o de conhecer aquela pessoa, mas n�o associei de imediato. De repente, me lembrei. Sete anos atr�s, havia falado: ‘Chico, um dia eu quero trabalhar com voc�’. E eis que em 2018 a gente come�ou o processo do disco”, relata.
O primeiro passo foi registrar, com aux�lio do produtor, dois temas do conjunto que Diego havia criado. O resultado agradou a ambos e ele teve a certeza do novo caminho que come�aria a trilhar. “Meu primeiro espet�culo era um musical. Fiz muitas aulas de voz, no teatro e na dan�a, mas nunca fiz aula de canto. N�o aprofundei o suficiente para dizer que estudei m�sica, mas j� cantei em coral”, conta Diego.
O atual mergulho na m�sica tem menos a ver com t�cnica do que com uma esp�cie de resgate. “Eu tinha voz muito mais aguda. Hoje, ela � um h�brido, porque sofri muito bullying na adolesc�ncia, sempre foi aquela voz muito feminina, de ‘bichinha’. Um dia, pirei e consegui que meu pai pagasse um fonoaudi�logo para engrossar a minha voz”, recorda.
H�brido
Diego define sua voz atual como “o h�brido de uma pessoa que dormia todos os dias com esparadrapo na boca, por recomenda��o do fonoaudi�logo”. A ideia do canto � no sentido de recuperar a voz como ela realmente �. “Talvez no disco tenha essa magia em rela��o �s inf�ncias, � pureza”, considera.
Entre os m�sicos que acompanham o cantor nessa empreitada est�o Rafael Martini, Pedro Fonseca e Vov� Beb�, al�m da dupla portuguesa que cria trilhas para dan�a formada por Rui Lima e S�rgio Martins.
“� um time bem enxuto. Todas as composi��es s�o minhas, com o Chico fazendo os arranjos e a alquimia necess�ria para tudo dar liga”, conclui Diego Br�ga, ex-Bagagal.