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Estado de Minas LUTO NA M�SICA

Lee 'Scratch' Perry, o 'pai do dub', morre aos 85 anos

Embora tenha se destacado como produtor e trabalhado com artistas como Bob Marley, Peter Tosh, Bunny Wailer , o artista tamb�m colecionava desafetos na Jamaica


30/08/2021 04:00 - atualizado 29/08/2021 23:14

Lee 'Scratch' Perry durante show em Budapeste, em 2008. Ele deixou a Jamaica e foi viver na Europa por um tempo, onde se sentia mais compreendido pelo público e por outros artistas(foto: ATTILA KISBENEDEK/ AFP PHOTO)
Lee 'Scratch' Perry durante show em Budapeste, em 2008. Ele deixou a Jamaica e foi viver na Europa por um tempo, onde se sentia mais compreendido pelo p�blico e por outros artistas (foto: ATTILA KISBENEDEK/ AFP PHOTO)


Lee 'Scratch' Perry, um dos pais do g�nero dub e figura hist�rica da m�sica reggae jamaicana, morreu no domingo (29/08), aos 85 anos de idade. Perry trabalhou com nomes importantes ao longo das d�cadas, como Bob Marley, Peter Tosh, Bunny Wailer, The Congos, Max Romeo, Prince Buster, Robbie Shakespeare e Sly Dunbar, al�m de sua banda, The Upsetters.

A morte foi confirmada por Andrew Holness, atual primeiro-ministro da Jamaica. "Sem d�vidas, Lee 'Scratch' Perry ser� sempre lembrado por sua grande contribui��o � fraternidade musical. Que sua alma descanse em paz", escreveu.

Segundo o jornal Jamaica Observer, Perry morreu no Hospital Noel Holmes, em Lucea, ao Noroeste do pa�s.

Nascido em Kendal, regi�o rural e canavieira da Jamaica, em 1936 (o pa�s s� conquistou oficialmente sua independ�ncia do Reino Unido em 1962), abandonou a escola quando tinha por volta de 15 anos e encontrou seu rumo no mundo da m�sica.

EST�DIO 

Nos anos 1960 e 1970, produziu obras de in�meros m�sicos de reggae no Black Ark, seu est�dio em Kingston. L�, tamb�m fazia remixes adicionando efeitos como ecos, recortes e distor��es em materiais j� produzidos, misturando diferentes artistas, se tornando uma das figuras mais importantes do g�nero dub, assim como King Tubby (que morreu em 1989).

Em abril de 2007, Lee 'Scratch' Perry esteve no Brasil para um show em S�o Paulo, assim descrito pelo jornal O Estado de S.Paulo: "Ele em si � um espet�culo, como se misturasse in�meras personas conhecidas: � uma esp�cie de Chacrinha com seus chap�us, an�is, pulseiras, colares e penduricalhos e as palavras de ordem repetidas como mantras na voz ardida. � um Profeta Gentileza rastaf�ri pregando a paz universal, com refer�ncias � �frica-m�e nos s�mbolos da Eti�pia aqui e ali".

Em agosto de 2002, aos 66 anos, se apresentaria pela primeira vez no pa�s, no festival Dub Mamute, em S�o Paulo. De �ltima hora, por�m, n�o embarcou no avi�o e sua participa��o foi cancelada.

Dias antes, por�m, deu uma entrevista � Folha de S.Paulo,' em que revelava um pouco mais sobre sua ex�tica forma de ver o mundo. "O dub � o que eu consigo fazer com tr�s m�sicos no palco. O dub s�o as batidas do meu cora��o. O meu c�rebro � o baixo. Isso � dub. Eu fa�o o original. O que fazem hoje na Jamaica � falso. N�o tenho o mesmo sangue dos jamaicanos, tenho sangue de anjo", afirmou.

VERDADE 

J� em rela��o ao "Scratch" de seu nome, refer�ncia ao efeito sonoro, explicava: "� mais do que um apelido. � parte da minha verdade. Conhe�o o scratch desde o come�o. O scratch � formado por sete letras, que representam os sete dias da semana".

Questionado sobre os coment�rios de que King Tubby, outro pioneiro do dub, seria o criador do g�nero, ficava bravo: "N�o sei quem � esse tal de Tubby. Nunca ouvi falar nesse homem. N�o gosto de ladr�es e nem de mentirosos. Quem � ladr�o ou mentiroso eu digo que n�o conhe�o... Entendeu?"

N�o foi seu �nico desafeto. � revista Rolling Stone, em 2010, Bunny Wailer, �ltimo membro da forma��o original dos Wailers, criticava o produtor: "Lee Perry n�o fez nada pelos Wailers. Ele apenas sentava no est�dio enquanto n�s toc�vamos nossa m�sica, e ent�o ele ferrou com a gente. N�s nunca vimos um centavo daqueles �lbuns que fizemos com ele. Grava��es com que outras pessoas fizeram milh�es. A ignor�ncia de Lee Perry nos custou um monte de dinheiro, e eu nunca o perdoei". Sobre as acusa��es, Lee respondeu apenas: "Eu prefiro n�o falar sobre Bunny Wailer. Ele � uma pessoa miser�vel".

EUROPA 

Fora de seu pa�s natal, chegou a morar na Europa, estabelecendo-se por anos na Su��a. "Estava ficando dependente dos meus amigos jamaicanos. T�o viciado nos produtores e nos DJs de l� que j� n�o sabia mais quem eu era musicalmente. Cansei das mentiras deles. Por que ficar l� se estava morrendo? Sou al�rgico a energia ruim. � porque eles [jamaicanos] roubaram minhas fitas e n�o sabiam apreciar minha m�sica. Quando comecei a fazer punk reggae, ningu�m achou bom na Jamaica. Quando mostrei esse g�nero no Reino Unido, me acharam Deus. Nem existia Bob Marley quando eu apareci", afirmou, tamb�m � Folha de S.Paulo sobre a sa�da da ilha.

Por fim, Lee 'Scratch' Perry confirmava a hist�ria de que ateou fogo ao seu pr�prio est�dio em Kingston – "Sim. E n�o fiz outro porque n�o quero ajudar a Jamaica" – e tamb�m a lenda de que tinha o costume de enterrar suas fitas musicais para supostamente "captar energia positiva" – "Claro que sim. Se voc� d� para a terra o que � bom, ela te devolve o que � bom. Como voc� acha que me tornei produtor? Adoro fazer experimenta��es."

Lee 'Scratch' Perry ultrapassou barreiras musicais ao trabalhar com grandes nomes de outros g�neros, como Keith Richards (guitarrista dos Rolling Stones), Beastie Boys e a banda The Clash.

Em entrevista publicada no jornal O Estado de S.Paulo em 6 de junho de 1998, Adam Yauch, do Beastie Boys, afirmava: "Perry � um m�sico impressionante. Apareceu no est�dio com algumas letras escritas, escutou o que est�vamos fazendo e come�ou a improvisar. A coisa mais impressionante � que tudo que vem de Lee Perry � naturalmente musical, com estrutura pr�pria". (Ag�ncia Estado)



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