Elton John repete por v�rias vezes que n�o pensava em gravar durante a pandemia. Nestes tempos de mortes e isolamento, n�o havia clima. Mas, aos poucos, as pessoas come�aram a chegar at� ele, e foi como se um novo �lbum se desenhasse naturalmente.
Primeiro, ele conheceu, em um restaurante de Los Angeles, o jovem cantor e compositor Charlie Puth, de 29 anos. Cheio de charme e carisma, com parte da sobrancelha direita arrancada por uma mordida de cachorro na inf�ncia, Puth ainda n�o parece ter algo que o diferencie do pop mediano. Mas ningu�m se importa com isso. Puth falou de seu est�dio, declamou-se ao �dolo e o convenceu a fazerem algo juntos.
REMIX
Dua Lipa veio em seguida, em outro jantar. Falaram de colabora��es, trocaram elogios e, meses depois, saiu “Cold heart”, remix do trio Pnau (coletivo dos produtores Nick Littlemore, Peter Mayes e Sam Littlemore) para a dupla Dua e Elton.
Sinal dos tempos: mais do que as vozes, o que vale no imp�rio das feats (colabora��es) � a produ��o. Com trechos de “Sacrifice” (1989), “Kiss the bride” (1983) e “Rocket man” (de 1972), o remix deu origem ao clipe que somava, at� a tarde de segunda-feira (18/10), 42 milh�es de visualiza��es.
Outras costuras ocorreram e surgiu o �lbum. “The lockdown sessions” (“Sess�es do confinamento”, em tradu��o livre), gravado por artistas em isolamento, que ser� lan�ado na sexta-feira (22/10) nas plataformas digitais e em CD. S�o 16 faixas, 10 surpreendentemente in�ditas, colabora��es de Elton John com Puth, Dua Lipa, Brandi Carlile, Eddie Vedder, Gorillaz, Lil Nas X, Miley Cyrus, Nicki Minaj, Rina Sawayama, SG Lewis, Stevie Nicks, Stevie Wonder, Surfaces, Years & Years e Young Thug.
Elton John, de 74 anos, falou sobre o projeto em v�deo aberto � imprensa. Aberto, mas controlado. Dentro de um est�dio, respondeu a apenas tr�s das milhares de perguntas enviadas por profissionais de todo o mundo. As novas m�sicas s� puderam ser escutadas pelos jornalistas em partes.
“The lockdown sessions” foi gravado nos �ltimos 18 meses. Elton havia feito uma pausa na turn� “Farewell yellow brick road” e se divertia apresentando o programa de r�dio “Apple music rocket hour”, discutindo m�sica com o marido, David Furnish, ou com Eminem.
“A �ltima coisa que esperava durante o lockdown era fazer um �lbum. Mas � medida que a pandemia avan�ava, projetos pontuais continuaram surgindo. Todas as faixas em que trabalhei eram realmente interessantes e diversas, diferentes de tudo pelo que sou conhecido. Elas me tiraram da zona de conforto para um territ�rio novo”, disse ele.
Havia algo familiar em trabalhar assim. “No in�cio da minha carreira, fui m�sico de est�dio. Trabalhar com diferentes artistas durante o lockdown me fez lembrar disso. Estava fechando um ciclo, voltava a ser m�sico de est�dio. E ainda era o m�ximo”, afirmou ele, em comunicado � imprensa.
Sir Elton comentou a for�a da cena queer, do pop LGBT+. Citou com empolga��o especial o jovem Jake Wesley Rogers: “Procurem saber, ele logo ser� grande.” Gay assumido, tirou onda: “N�s somos muitos, mas n�o vamos machucar voc�s.”
"Aprendi com todos eles. Na minha idade, aprender com outros m�sicos � o maior presente poss�vel"
Elton John, cantor e compositor, sobre os parceiros de seu novo disco
NOVOS
Elton revelou que ouve muita gente nova. Contou que a primeira can��o que o deixou tonto foi “Secret love”, com Doris Day. E n�o para de buscar artistas desconhecidos. “Ainda fa�o minhas listas de CDs e dos vinis que quero comprar, fico atento. O Spotify lan�a 30 mil m�sicas por semana.”
O astro comentou o prazer em gravar com Stevie Nicks, do Fleetwood Mac, lembrando que colabora��es n�o s�o novidade para quem j� trabalhou com Ray Charles, Aretha Franklin e John Lennon. S� n�o fez nada – ainda – com Billie Eilish porque n�o est� na hora. “Ela ainda est� se descobrindo, encontrando seu caminho”, afirmou.