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Estado de Minas M�SICA

Let�cia Coelho lan�a seu segundo �lbum, 'No passo da rabeca'

Em seu novo trabalho, artista mineira traz a rabeca como protagonista das 14 faixas autorais


08/11/2021 04:00 - atualizado 08/11/2021 07:44

Cantora, compositora, percussionista e professora Letícia Coelho
Novo disco da cantora, compositora e professora surgiu de pesquisa que fez para o seu TCC, em 2018 (foto: Bruna Brunu/Divulga��o)

Com 14 faixas autorais, chega �s plataformas digitais, a partir de quinta-feira (11/11), o �lbum “No passo da rabeca”, segundo disco da cantora, compositora, percussionista, pesquisadora e professora mineira Let�cia Coelho, lan�ado pela YB Music. A artista conta que o novo trabalho surge a partir do seu mergulho no devir da rabeca.

“Isso, porque a rabeca n�o � s� um cordofone de arco, � um conceito de se fazer m�sica e est� diretamente ligado � liberdade que o instrumento prop�e a quem o toca. Esse � um dos raros trabalhos de composi��o autoral dedicados ao instrumento nos �ltimos anos. O disco traz composi��es que evidenciam as m�ltiplas possibilidades da rabeca na m�sica contempor�nea, reverenciando suas ra�zes ancestrais da cultura afro amer�ndia”, afirma Let�cia.

A cantora conta que o �lbum surge a partir de uma pesquisa que fez para o seu TCC, em 2018. “Foi quando resolvi fazer um trabalho que fosse de cria��o, de composi��es para rabeca, porque � um instrumento que �  brasileiro, mas que muita gente n�o o conhece tanto. Ele n�o � t�o popular, quanto o viol�o. Pesquiso m�sica tradicional, de festejo, popular, congada, maracatu e esse g�neros mais populares de rua h� mais de 20 anos e, por isso, resolvi fazer algumas composi��es para rabeca, dentro destes universos.”

Quando abriu o edital da Lei Aldir Blanc, Let�cia decidiu enviar uma proposta de grava��o de quatro composi��es autorais que fez durante o seu TCC de m�sica. “Foi o primeiro em formato de um disco autoral, em um curso de m�sica. Ent�o, resolvi propor um mergulho de minha hist�ria com a rabeca. Esse foi o projeto. Acabei compondo durante a pandemia as outras m�sicas que faltavam para o �lbum.”

Let�cia afirma que comp�s olhando a hist�ria de como caminhou com esse instrumento pelos espa�os que esteve, pelo encontro com as pessoas, com os m�sicos, mestres, projetos que participou de m�sica e performance. “Fui criando m�sica para esses lugares onde estive com a rabeca. � muito isso, esse tr�nsito por esses espa�os.”

DE PERNAMBUCO A AMAZ�NIA 
Ela lembra que come�ou a tocar rabeca em 2013, quando esteve na Zona da Mata Norte pernambucana. “Meu primeiro professor foi o Mestre Luiz Paix�o. Depois disso, estive em v�rios outros lugares, com projetos de forr�, cavalo-marinho, enfim, de m�sicas mais tradicionais de rabeca. Fui tamb�m para a Amaz�nia, onde viaj�vamos de barco e ouv�amos hist�rias. Eu compunha na rabeca e Fabiana Vinagre, colega de projeto, fazia um retrato com as hist�rias. Ent�o, essa experi�ncia na Amaz�nia tamb�m veio para o disco.”

A artista conta que foi trazendo para si todos esses lugares por onde esteve com o instrumento. “Pude experimentar muito, porque a rabeca � um instrumento livre. N�o � finalizado igual a um violino que tem um tamanho certo, uma afina��o definida e uma forma de tocar espec�fica, com mais de 300 anos de tradi��o. A rabeca � bem mais velha que o violino e ainda mais livre. � um instrumento que vem de �frica, dos primeiros cordofones. Ela vem do rebab, que � muito antigo de �frica e ainda � tocado at� hoje.”

Let�cia explica que a rabeca n�o tem uma regra, pode at� ter duas ou tr�s cordas. “Hoje, j� tem gente fazendo com cinco cordas. A madeira dela n�o � definida, dependendo do construtor, vai ser de um jeito. Por exemplo, o Nelson da Rabeca, de Alagoas, faz uma que encaixa a parte da frente na de tr�s. � um jeito completamente diferente de construir um instrumento. Ent�o, a rabeca tem toda essa liberdade, de poder colocar a afina��o do jeito que quiser nas cordas e de toc�-la do jeito que a gente entender. E resolvi trazer isso tamb�m para o meu �lbum.”

Ela ressalta que “No passo da rabeca” � um disco que tem camadas do instrumento. “Por exemplo, tem a rabeca do senhor Nelson, tem a da Zona da Mata Norte e tem afina��es diferentes que foram pensadas para as composi��es. Ent�o, � um processo completamente inventivo e investigativo mesmo, porque afino o instrumento de acordo com a m�sica que vou tocar. N�o � igual a um viol�o que est� ali com tudo pronto ou mesmo um violino todo definido.”

A artista garante que � um disco que abre para uma sonoridade nova. “Tem m�sica que a gente escuta e acha que � um clarone. Parece que � um instrumento de sopro grave, mas � a rabeca do senhor Nelson que afinei supergrave. Cada m�sica tem uma afina��o diferente. A rabeca � um instrumento muito livre e o disco tamb�m entrou nessa onda, de ter uma sonoridade diferente. Ele � totalmente feito com camadas de rabecas, mas elas tamb�m cumprem a fun��o de outros instrumentos.”

Let�cia explica que as tais camadas de sons e timbres s�o todos feitos na rabeca. “Tem somente duas m�sicas com instrumentos de sopros. A maioria das m�sicas � feita com camadas de rabeca e camadas de vozes tamb�m. Acabei usando a voz como instrumento. Gravar um disco de rabeca era algo que devia ao mundo. Tive a sorte e o privil�gio de aprender esse instrumento e ter em meu caminho encontros incr�veis que ampliaram o meu conceito acerca da m�sica brasileira.”

FESTEJOS POPULARES 


Para a artista, o disco d� � rabeca o m�rito que ela merece em toda a sua trajet�ria art�stica, evocando a heran�a dos festejos populares, do bai�o, das congadas, cocos, chegan�as e giras de candombl�. “A rabeca me levou e eu a levei para esses mundos que est�o a�, acontecendo, mas n�o s�o visibilizados. Junto a ela, no disco, est�o os tambores, os cantos e as vocalidades, trajet�rias e teorias da m�sica brasileira afro amer�ndia.”

Let�cia ressalta que o disco soa como um convite a entrar numa caminhada sonora afro centrada. “A rabeca tamb�m � usada como percuss�o e contrabaixo, com notas pedais que lembram timbres de clarones. J� a voz, que geralmente � a protagonista nas can��es, tem presen�a como um instrumento musical, mel�dico e de textura do disco junto com os sopros.”

PARTICIPA��ES 


O �lbum traz as participa��es que incluem rabequeiros da tradi��o popular, como Mestre Luiz Paix�o, refer�ncia na hist�ria do instrumento, e nomes da atualidade, como Luiz Fiammenghi. Os feats incluem tamb�m artistas da voz como Dandara Manoela, Luana Flores e Renna Coxta, e outros como a performer Fabiana Vinagre, o percussionista Leonardo Oliveira e a multi-instrumentista Camila Menezes, que gravou viola caipira em “Chegada”.

Na banda-base, apenas a presen�a de Let�cia (rabeca, vozes e percuss�es) e do multi-instrumentista cabo-verdiano Jeff Nefferkturu, que gravou viol�es, cavaquinho, clarinete, flauta e contrabaixo. “Com a presen�a dele, brincamos tamb�m com esse tr�nsito r�tmico-po�tico diasp�rico entre Brasil e �frica. O disco traz uma ‘alquimiza��o’ de trajetos por meio da rabeca, como se, a cada m�sica, um novo caminho fosse tra�ado, valorizando encontros, trajet�rias e riqueza te�rica e sonora.”

“NO PASSO DA RABECA”
Disco de Let�cia Coelho
YB Music
14 faixas
Dispon�vel nas plataformas digitais a partir de 11 de novembro 


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