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Estado de Minas M�SICA

Hyldon relan�a parceria com os rappers Mano Brown e Dexter

'Foi num baile black' integrar� disco comemorativo das parcerias do cantor e compositor previsto para o ano que vem. Single sai nesta sexta-feira (19/11)


18/11/2021 04:00 - atualizado 18/11/2021 07:43

Com camisa com a bandeira do Brasil, Hyldon toca violão e sorri
O cantor e compositor Hyldon gravou tamb�m um clipe da faixa, num baile black no Viaduto de Madureira (foto: Fabiano Veneza / divulga��o )
N�o � em v�o que Hyldon escolheu esta sexta-feira (19/11), v�spera do Dia da Consci�ncia Negra, para lan�ar nas plataformas de streaming mais um single de seu novo projeto, um �lbum em que registra parcerias importantes em sua trajet�ria. 

A m�sica escolhida � “Foi num baile black”, que comp�s juntamente com os rappers Mano Brown e Dexter, no in�cio da d�cada passada. Com uma letra e uma sonoridade que remetem ao ambiente dos anos 1970, que serviu como porta de entrada para a soul music e o funk na cultura brasileira, a faixa �, segundo Hyldon, emblem�tica no sentido de reafirmar a cultura e a autoestima do negro brasileiro.

Ele conta que a m�sica foi composta para o �lbum “Boogie naipe”, que Mano Brown lan�ou em 2016. “Fizemos juntos, com o Dexter participando, e o Brown produziu uma vers�o mais lenta, com a levada de rap no meio, para lan�ar no disco dele. Eu, inclusive, participei da grava��o. S� que esse disco solo dele demorou muito tempo para sair, ent�o, no meio do caminho, eu fiz uma vers�o pr�pria, com banda, uma levada mais r�pida, com naipe de metais, bem dan�ante, e acabei lan�ando primeiro, no meu �lbum ‘Romances urbanos’, que saiu em 2013. S� tr�s anos depois � que o ‘Boogie naipe’ ficou pronto”, explica o m�sico.

Ele observa que a regrava��o que fez agora segue os moldes da que foi registrada em “Romances urbanos”, mais claramente filiada ao que se ouvia nos bailes black, num estilo parecido com o da banda Kool and the Gang, conforme aponta. 

Hyldon se recorda que a vers�o de Brown e a sua acabaram se cruzando em algumas oportunidades, quando um aparecia como convidado no show do outro. “A gente a apresenta  fazendo uma primeira parte mais acelerada e uma segunda com a levada mais lenta, com o Brown mandando um rap em cima”, conta.

AMIZADE 

A partir dessa composi��o, segundo conta, ele e o integrante do grupo Racionais MCs passaram a manter uma amizade e uma proximidade grandes. “A gente tem muita coisa em comum, fomos criados por av�, sem pai, viemos de fam�lias muito humildes, gostamos do mesmo tipo de m�sica, soul, funk. Por conta disso tudo ficamos muito amigos, a gente se fala sempre”, diz, recordando que j� participou de muitos shows de Brown em S�o Paulo e tamb�m na edi��o 2019 do Rock in Rio, quando o norte-americano Bootsy Collins marcou presen�a no palco.

“Foi num baile black” sucede outras quatro regrava��es que Hyldon fez a partir de meados deste ano para seu projeto de parcerias. “Eu e minha banda fizemos uma s�rie de lives e resultou disso o registro de mais de 50 m�sicas. Desse conjunto, estamos extraindo 10 que nasceram de parcerias marcantes”, diz. A primeira lan�ada nas plataformas, ele destaca, foi “M�sica bonita”, que fez com Luiz Ot�vio, parceiro que o acompanha h� muito tempo.

“Quis dar esse espa�o para algu�m que n�o � t�o conhecido do p�blico, mas � um grande parceiro e compositor, um grande amigo. � uma m�sica que se ampara muito nos arranjos vocais, porque a gente tem na banda tr�s m�sicos que cantam muito bem, ent�o a gente explora bastante os vocais nesse projeto”, diz. 

O segundo single do projeto a vir � luz foi “I don’t know what to do with myself”, parceria com Tim Maia. O terceiro foi“Primeira pessoa do singular”, que comp�s com Caetano Veloso. E o quarto single, “Velho camarada”, � uma m�sica feita a quatro m�os com Augusto C�sar e que ganhou registro nas vozes do pr�prio Hyldon e de Tim Maia.

RAP

O autor de “Na rua, na chuva, na fazenda” adianta que em dezembro saem outras duas m�sicas desse projeto. Uma delas � “O caminho de Santiago”, parceria com Paulo Coelho. A outra, que ele sublinha como um caso � parte nesse conjunto, � fruto de seu encontro com o grupo de rap paulistano U-Cl�n. Esse encontro tem rendido frutos, e a m�sica que resultou dele deixa Hyldon particularmente entusiasmado.

Ele diz que gosta de se aproximar de jovens artistas e cita, como exemplo, a banda Trio Frito, que chamou para participar consigo da grava��o de uma faixa registrada em seu mais recente �lbum, “SoulSambaRock”, lan�ado em 2020. “Sempre que posso boto gente nova no trabalho, porque l� atr�s algu�m fez isso comigo, no caso, o Tim Maia, que me chamou para tocar guitarra na banda dele quando eu tinha 18 ou 19 anos. Ele me abriu as portas e eu procuro fazer o mesmo com a mo�ada de hoje”, diz.

Os jovens rappers do U-Cl�n, grupo fundado em Campo Limpo, Zona Sul de S�o Paulo, j� o seguiam pelas redes sociais e eventualmente eles trocavam algumas ideias. “Eles me fizeram um convite para participar de uma m�sica. Tem um ditado futebol�stico que diz: ‘Quem pede recebe e quem se desloca tem prioridade’. Pensando nisso, eu vivo me deslocando. Eu ouvi a m�sica que esses garotos me enviaram e fiquei muito emocionado, � uma m�sica com um tema muito s�rio, que fala sobre o crescente n�mero de jovens suicidas, com depress�o, n�o s� no Brasil, mas no mundo”, conta.

EXCE��O

Tocado pela m�sica, Hyldon fez uma vers�o em que “pegou mais leve”, a fim de que ela n�o ficasse t�o para baixo e pudesse passar algo de otimismo. Em seu projeto, a faixa entra com o nome “Gritos da madrugada”. Ele explica que � a �nica que n�o � uma regrava��o, mas acredita que ela est� dentro do escopo do projeto, j� que, a partir de sua vers�o, tamb�m pode ser considerada uma parceria com o U-Cl�n digna de ser exaltada.

“� a exce��o, a �nica m�sica que n�o vem dessas sess�es que fiz com minha banda. Ela � muito emocionante, ficou um neg�cio lindo. � uma faixa que entrou pela janela. Incluir nesse projeto tamb�m � uma maneira de dar voz a esses jovens e jogar luz sobre essa tem�tica t�o dif�cil. Depress�o n�o tem cor, n�o tem classe social, ela � uma doen�a que pode chegar a qualquer um. Fiquei maluco com a m�sica. Eu nem ia botar no meu disco, era s� para o disco deles, mas ficou t�o bonito que resolvi lan�ar tamb�m.”

Voltando aos bailes black, Hyldon diz que a regrava��o de sua parceria com Mano Brown e Dexter que ser� lan�ada amanh� chega junto com um clipe, que foi gravado no ambiente de uma das festas remanescentes de outrora. “� um baile que continua acontecendo, depois de muitos anos, embaixo do viaduto de Madureira, e que tem o apelido de Dut�o. Vou l� com alguma frequ�ncia. Para fazer o clipe, fomos l� umas tr�s vezes. � um ambiente muito agrad�vel e que tem muito de saudosismo”, diz.

Ele lamenta que esse tipo de manifesta��o tenha perdido espa�o ao longo dos �ltimos anos, e cita algumas das festas das quais sempre foi frequentador, com o baile promovido pelo DJ Corello na sede do Cord�o do Bola Preta. “� um cara das antigas, deve ter a minha idade, e at� uns tr�s ou quatro anos atr�s ele fez essa festa l�, que era muito legal. Todo mundo muito alinhado, de terno, as mulheres muito bem vestidas e o pessoal todo muito aplicado na dan�a, elas de salto alto, eles de sapatos bicolores”, diz, citando outros bailes que ficaram pelo caminho, como o Asa Branca e o Chic Show, onde tocou quando ainda integrava a banda de Tim Maia.

ANIVERS�RIO

Hyldon tem divulgado a conta-gotas os resultados das regrava��es que v�o desaguar no �lbum que pretende lan�ar na data de seu anivers�rio de 71 anos, em abril do pr�ximo ano, por meio de um podcast que criou a partir da chegada da pandemia. Ele conta que tinha acabado de gravar “SoulSambaRock” e se preparava para os shows de lan�amento quando a amea�a do novo coronav�rus se imp�s e todos os compromissos tiveram que ser cancelados.

“Quase entrei em depress�o, porque voc� fica mais de um ano envolvido com um trabalho, lan�a e, quando vai divulgar, tudo para. Fiquei desesperado, mas tive essa ideia de come�ar a fazer o podcast ‘Hyldon em papo de live’, que era a maneira de eu continuar em contato com meu p�blico.”

O podcast tem servido para anunciar as regrava��es que vem paulatinamente apresentando. “Uns 20 dias antes de lan�ar o single, eu come�o a contar a hist�ria da m�sica, a parceria e outras curiosidades. � um espa�o de prepara��o”, aponta.

No podcast em que fala de sua parceria com Mano Brown e Dexter, ele diz que, assim como na festa do DJ Corello, os frequentadores dos antigos bailes black costumavam ir todos muito elegantes, e que isso era uma forma de driblar ou minimizar o preconceito, “porque se a pol�cia passasse e visse aquele tanto de preto junto, j� chegava batendo”. Em sua opini�o, esse cen�rio perdura nos dias de hoje e o atual foco do preconceito racial est� nos bailes funk que ocorrem nas favelas e periferias.

“Em 2019 mesmo teve aquele massacre em Parais�polis. A pol�cia encurralou um monte de gente, v�rios morreram pisoteados. No ‘SoulSambaRock’ tem uma faixa que fala disso, o jovem preto e favelado sempre foi e continua sendo a maior v�tima da viol�ncia policial. Desde os prim�rdios do samba, quando a pol�cia chegava dando borrachada, � assim. Agora � pior, � mais violento, os caras chegam e matam. A coisa continua, � o racismo estrutural que se expressa por meio da viol�ncia, uma viol�ncia que, muitas vezes, parte de policiais negros”, aponta.

Hyldon diz que, de modo geral, essa n�o � a t�nica do seu trabalho, mas sempre que acha necess�rio toca em temas espinhosos. “J� que a gente tem voz – ou lugar de fala, como se diz hoje –, � preciso us�-la. O meu lugar de fala � a minha m�sica, ent�o tenho mais � que tocar em certos assuntos, trazer � luz uns absurdos que a gente segue vendo por a�. Mas, mesmo assim, sou um cara muito otimista, sempre procuro passar o recado de que pode haver uma luz no fim do t�nel”, destaca.


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