
Artista que transita por outras linguagens al�m do audiovisual, Julia explica que o document�rio nasceu a partir de sua aproxima��o com o m�sico, e esse � o cerne da narrativa.
BAL�
Desde crian�a, a diretora admira o trabalho de Marco Ant�nio Guimar�es, seja no Uakti ou em trilhas sonoras compostas tanto para filmes (“Lavoura arcaica” e “Ensaio sobre a cegueira”) quanto para o Grupo Corpo.
Certo dia, Julia descobriu que o artista era seu vizinho e aniversaria na mesma data que ela: 10 de outubro. “Fiz uma pintura e dei de presente para ele. T�nhamos um amigo em comum, o Fernando Fi�za (1953-2009), que contou para o Marco que me conhecia. A partir da�, come�amos a nos aproximar”, recorda.
A amizade veio primeiro. A ideia do document�rio surgiu alguns anos depois, em 2012. O est�mulo para realizar o filme veio justamente dessa proximidade, afirma Julia, pois sabidamente Marco Ant�nio Guimar�es � uma pessoa muito reservada, que n�o costuma compartilhar sua intimidade.
“Comecei com a ideia de um document�rio mais tradicional, contando a hist�ria dele, mas depois fui entendendo que seria algo sobre o nosso encontro, nossa aproxima��o”, explica.
O processo de filmagem se deu de maneira n�o convencional. Julia n�o ia ao encontro de Marco para rodar as cenas, mas para visit�-lo, como de costume, e levava consigo a c�mera. “�s vezes, nos encontr�vamos e simplesmente n�o era o caso de filmar; em outras ocasi�es, sim.”
Realizados entre 2012 e 2015, v�rios registros revelam a cumplicidade dos dois amigos. “O lugar em que o filme est� n�o � o da figura ou a hist�ria do Marco, mas da minha rela��o com ele”, destaca Julia.
“Marco gosta de contar hist�rias, a gente conversava muito. A reclus�o dele tem mais a ver com o desejo de n�o exposi��o, � mais na esfera social, ele n�o � muito de sair de casa. Ele � muito tranquilo em casa, n�o � nem um pouco fechado”, revela a diretora.
Marco Ant�nio Guimar�es deixou de fazer parte da forma��o de palco do Uakti em 1992, por se considerar mais inventor e compositor do que instrumentista. E tamb�m porque optou por um modo de vida mais isolado.
Julia destaca o fato de o m�sico ser um artista grandioso em v�rios aspectos – que dividiu projetos com Milton Nascimento e Phillip Glass, entre outros – em contraposi��o � sua personalidade imersiva e ao apre�o pelo prosaico.
“Ele me ensinou muito a olhar para o simples, para o singelo, valorizar uma vida com menos coisas. Neste mundo em que se busca tanto o tempo todo, ele est� sempre para o lado do menos � mais”, afirma.
LIVRO
A amizade seguiu durante e depois do processo de filmagem. Entre 2015 e 2016, Julia organizou cursos de cria��o ministrados por Marco na antiga casa-oficina do Grupo Uakti. Assistente dessas atividades, ela reuniu precioso material de ensino. Atualmente, trabalha no projeto de um livro com m�todos de cria��o sonoro-visual elaborados e ensinados por Marco, como o sistema de composi��o com figuras geom�tricas.
No �ltimo dia 13, “Marco” teve sua primeira sess�o em Belo Horizonte, presencial, no Sesc Palladium, onde volta a ser exibido em 3 de dezembro. A estreia internacional ocorreu em setembro, durante o festival Ficit, no Peru. A produ��o foi selecionada para festivais de cinema na Bahia, Rio de Janeiro e Coimbra (Portugal).
“MARCO”
Document�rio de Julia Baumfeld. Exibi��o on-line at� 12 de dezembro, no canal do Sesc Minas no YouTube. Sess�o presencial em 3 de dezembro, �s 19h, no Sesc Palladium (Av. Augusto de Lima, 420, Centro). Entrada franca, com retirada de ingressos no site Sympla.